Seguidores

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Mané Garrincha: Trinta anos sem a alegria do povo

Por: José Romero Araújo Cardoso

“Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado,
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado,
No campeonato da recordação faz distintivo do seu coração,
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho.
Que o craque do tempo chutou.” (Balada Número 7 – Alberto Luiz)

Mané Garrincha

Manuel Francisco dos Santos nasceu no dia vinte e oito de outubro de 1933 na pequena localidade de Pau Grande (RJ) e faleceu no dia vinte de janeiro de 1983, data dedicada a São Sebastião.

Foi ele quem se tornou responsável pela volta do sorriso no Maracanã, depois da trágica partida entre Brasil e Uruguai na final da copa de 1950, quando acreditando que o jogo estava ganho, os brasileiros perderam inacreditavelmente o que seria a primeira conquista da taça Jules Rimet.

As pernas tortas e os dribles desconcertantes tornaram-se marcas registradas do habilidoso ponta direita do Botafogo. A torcida da estrela solitária do futebol carioca enriqueceu-se consideravelmente depois da contratação do homem que entrou para a história como Mané Garrincha.
          
Convocado para a seleção brasileira, em parceira com Pelé responsabilizaram-se pelo desequilíbrio nos esquemas táticos das poderosas seleções européias quando da copa de 1958. O Brasil sagrou-se campeão mundial pela primeira vez. Garrincha e Pelé tornaram-se heróis nacionais.
          
Na copa de 1962, em gramados chilenos, Garrincha deu verdadeiros shows de bola, levando ao delírio torcidas inteiras, independentes de nacionalidade, com magnífico futebol-arte que encantou o planeta.
          
A habilidade de Garrincha com a bola levou certo jornalista inglês a indagar a Aymoré Moreira, técnico da seleção brasileira, se aquele atleta realmente era desse planeta. A final da copa de 1962 contra a Tchecoslováquia foi marcada pelos estonteantes dribles e passes do humilde jogador com nome de passarinho.
          
A copa de 1966 marcou o ocaso da estrela do futebol brasileiro, pois em razão da opção nefanda pelo consumo desenfreado de bebidas alcoólicas, aliada às muitas contusões sofridas, fizeram com que Garrincha não rendesse nada. O Brasil foi desclassificado na primeira fase.
          
Garrincha, então, intensificou sua destruição dia após dia, despedindo-se do futebol no ano de 1973. Dez anos depois falecia vítima de cirrose hepática aguda. Morreu pobre e esquecido de muitos daqueles que em épocas pretéritas fez a felicidade em dias de glórias marcadas pelo sucesso de suas jogadas sensacionais.
          
Garrincha marcou época, tornou-se ícone do esporte nacional, foi a alegria do povo, responsável por momentos gloriosos do Botafogo carioca, fez vibrar estádios com seus dribles mágicos que pareciam ter saídos de contos mirabolantes envoltos na mais pura ficção, mas eram reais, notáveis, verdadeiras pinturas do talento que ele não soube aproveitar.
          
A opção pelo álcool destruiu um mito brasileiro, homem simples que levou multidões à euforia em razão da forma caprichosa como sabia lidar com a bola. Garrincha realmente foi a alegria do povo, pois fez brotar sorrisos em rostos sofridos que enxergavam no anjo das pernas tortas alento para aflições de vidas marcadas pelas desditas alimentadas pela ausência de esperança.
          
Há trinta anos falecia um dos maiores jogadores do planeta, cujas jogadas inacreditáveis imortalizaram-no por séculos infinitos, enquanto houver espaço para o futebol enquanto esporte.

 Enviado pelo autor

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto da UERN.

Nenhum comentário:

Postar um comentário