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quinta-feira, 30 de maio de 2013

O PRIMEIRO CANGACEIRO, SEGUNDO O ESCRITOR FRANKLIN TÁVORA, SURGIU NO RECIFE EM 1776 “O CABELEIRA"


Embora tido como um dos primeiros cangaceiros, José Gomes, o Cabeleira, era apenas um bandido cruel e sanguinário, que entrou na vida do crime influenciado pelo seu pai, o não menos perverso Joaquim Gomes, um homem mal e cruel que cedo ensinou o filho a arte violenta de matar e sangrar as pessoas indefesas, apenas por puro prazer. Juntamente com seu pai e um negro de nome Teodósio, Cabeleira aterrorizou toda a zona da mata pernambucana desde Vitória de Santo Antão até o centro do Recife, em meados de 1775.

Cabeleira foi um herói do mal. À revelia de sua mãe, a Joana, conheceu a trilha do crime através do pai, que cedo o ensinou a usar o clavinote, deixando um rastro de morte e destruição por onde passava.

Cabeleira não escolhia suas vítimas. Era um herói sem causa social, e não tinha para si um código de ética e de conduta. Matava por matar e roubava por roubar. José Gomes foi aprisionado num canavial em Paudalho, zona da mata de Recife, e levado à forca no Forte das Cinco Pontas em 1776. Das estórias de Cabeleira, só contadas pelo romancista Franklin Távora, ficam os versos que imortalizou a figura desse cangaceiro na alma do nordestino:

“Fecha a porta, gente Cabeleira aí vem, Matando mulheres, Meninos também....” “Minha mãe me deu Contas pra rezar Meu pai me deu faca Para eu matar” “Meu pai me pediu Por sua benção Que eu não fosse mole Fosse valentão.”

Fonte: facebook, página do pesquisador Guilherme Machado

O TEMIDO CABELEIRA
Publicado em 2006

Ele era tão temido em Pernambuco no século XVIII que costumavam assustar as crianças daquela época dizendo: se não obedecer, Cabeleira vem te pegar!

José Gomes, o Cabeleira, pode ser menos famoso que Lampião, mas viveu antes que o amante de Maria Bonita e é considerado um dos primeiros cangaceiros de que se tem notícia. Filho de mameluco, ele matava e roubava de todos, não perdoava nem a igreja, forte e temido na época. Sua história foi contada em livro por Franklin Távora, um escritor regionalista, crítico ferrenho de José de Alencar, autor de "Iracema", "O guarani" e "Senhora".

Inspirados pelo livro "O Cabeleira", de Távora, Hiroshi e Leandro Assis, dois novatos no gênero dos quadrinhos, decidiram escrever um roteiro inspirado no personagem. A HQ contará com a arte de um veterano que andava sumido da área, Allan Alex, e será publicada no início do ano que vem pela nova editora Desiderata. Ex-MOSH! e atual responsável pela publicação de quadrinhos da editora, Lobo diz que o álbum terá 96 páginas no formato de 21 x 28 e adianta outros projetos:

- O lançamento de nossa série de quadrinhos deve acontecer no início do ano que vem. "O Cabeleira", que o Allan Alex está desenhando a partir de um roteiro de Leandro Assis e Hiroshi, é uma puta história de aventura de época, tá ficando linda. Outros lançamentos são "Copacabana", um roteiro meu desenhado pelo Odyr, que conta a história de uma puta que trabalha na Av. Atlântica e uma coleção de quadrinhos sobre escritores, possivelmente Julio Cortázar e Vinicius de Moraes.

Formado em engenharia, Hiroshi conta como entrou no projeto de "O Cabeleira" com o parceiro, o publicitário Leandro Assis:

- Soube da história através do Leandro, que me mostrou o livro do Franklin Távora. Embarquei imediatamente na idéia de escrever um roteiro. O livro é baseado num cordel sobre o Cabeleira (imagem à direita), um personagem real que aterrorizou Pernambuco no final do séc XVIII. Ele foi um precursor do cangaço. A palavra “cangaceiro”, aliás, nem aparece no livro. Enquanto todo mundo dá destaque para Lampião e Maria Bonita, vimos no Cabeleira uma história original, pois ele foi o primeiro.

Já Assis diz que descobriu o cangaceiro em outro livro:

- Descobri sobre o Cabeleira no livro “Guerreiros do Sol”, do historiador Frederico Pernambucano de Mello. O Cabeleira foi uma espécie de predecessor dos cangaceiros, um bandoleiro que aterrorizou Pernambuco no século XVIII e teve seus feitos imortalizados em cordel. Em 1876 Franklin Távora contou a história do bandido no romance "O Cabeleira", no qual nosso roteiro é baseado.

Hiroshi parece ter gostado da ideia de fazer HQs, pois tem planos para novos quadrinhos com Leandro Assis:

- Nossa idéia é continuar nessa linha de personagens que não são muito conhecidos, mas que marcaram a história do Brasil.

O outro roteirista, Assis, concorda:

- Temos algumas idéias e estamos decidindo qual vamos desenvolver primeiro. Mas certamente será alguma história de época, baseada em fatos reais, com muita ação e alguma violência.


Conhecido pelas HQs do personagem Nonô Jacaré (imagem acima) que desenhava nos anos 90 para a extinta revista Porrada ao lado do roteirista Patati, o bom ilustrador Allan Alex andava sumido do ramo já há algum tempo até que o editor Lobo, da Desiderata, o encontrou e o trouxe de volta às HQs. "O segredo da Jurema", "Sangue bom", "Zumbi dos Palmares", "Brasileiros", gibis de terror e até parcerias com Solano Lopes estão no currículo de Alex, que desde a morte da esposa, há dez anos, vive na região da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, uma área, segundo ele, rica em tipos humanos:

- Vejo muita coisa na Central do Brasil, percebo certas nuances. Foi aqui onde comecei a notar com mais atenção o ser humano, pois aqui tem de tudo. Daí procuro compreender o Cabeleira. Ninguém nasce mau. É preciso entender a complexidade e esquecer o conceito absolutista de bom e mau, existem meios-termos. O ser humano é muito mais rico do que isso. O Cabeleira não respeitava nem o medo que tinham da religião, roubava tudo. Nem o exército português roubava da igreja. Queríamos mostrar, com esta HQ, a complexidade do ser humano - explica Allan Alex, um ilustrador articulado que em matéria de religião diz já ter experimentado de tudo: catolicismo, candomblé, umbanda, seitas evangélicas etc.

http://oglobo.globo.com/blogs/gibizada/posts/2006/11/06/o-temido-cabeleira-14639.asp

http:blogdomendesemendes.blogspot.com

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