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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Táticas de lutas do Rei do Cangaço


Lampião foi considerado, até por seus inimigos, o “General do Sertão”. Era grande estrategista, sempre inovando e surpreendendo seus inimigos. Um dos exemplos foi o combate de Serra Grande, no ano de 1926, quando enfrentou enorme força militar equipada com armamento modernos tais como duas metralhadoras e, ainda assim, obteve memorável vitória. 

Já no ano seguinte, em ato de enorme ousadia, atacou a cidade de Mossoró. Apesar de ter vários combatentes em  seu encalço, conseguiu romper o cerco e salvar seus companheiros. Os cangaceiros, sempre que possível, evitavam combater. Mas quando o confronto era inevitável, tinham como objetivo fazer com que a luta fosse breve. Normalmente Lampião ia ordenando que os companheiros fossem se retirando, deixando alguns para fazer a cobertura. Combinava antecipadamente o local de encontro, e ao chegar ao ponto de reunião, dava uma descarga com seu revolver, avisando aos que ainda estavam dispersos. Ou estão se utilizava de um apito que viçava amarrado a uma fina tira de couro e preso na cintura que sustentava o cantil. O trilar desse apito tanto significava o chamado para se agruparem como o aviso de debandada. 

São famosas as determinações para as retaguardas, utilizadas em muitos casos. Por exemplo, um grupo de cangaceiros deixava o local da luta e contornava os inimigos, atacando-os pelas costas. Essas táticas jamais falhou. Foi o que fizeram no episódio da morte do “Bigode de Ouro”.

O melhor comandante de retaguarda que Lampião teve foi Antônio Ferreira, seu irmão. Algumas vezes, cansados de serem perseguidos e atacados, os cangaceiros invertiam os papéis. Rasteavam e atacavam as volantes que os perseguiam. Como exemplo temos a emboscada preparada por Lampião na fazenda Mandacaru, município de Tucano, em 1930, vitimando a volante comandada pelo tenente Geminiano José dos Santos, da Bahia, e pelo sargento José de Miranda Matos, ocasião em que morreram estes dois oficiais e mais sete soldados. 

Eram astutos, como quando Lampião no Tanque do Touro, utilizou chocalhos para que os soldados comandados pelo tenente Arsênio pensassem tratar-se de animais que se aproximavam do bebedouro. Ou, para evitar perseguições, cuidavam de esconder os rastros, fazendo-o com tanta maestria que nem o mais atilado dos rastejadores conseguia encontrar qualquer vestígio. Para isso tomavam diversos cuidados.

Andavam em fila indiana, com todos pisando na mesma pegada, o que dava a impressão de que havia uma só pessoa. Ou andavam em fila e o último cangaceiro ia apagando os rastros, utilizando galhos folhados. Sempre que possível andavam sobre as pedras ou dentro de riachos, saindo todos num mesmo local. 

Ou, então quando caminhavam em trilhas, pulavam um a um dos lados do caminho, voltando para um ponto pré- determinado, escondendo-se e atacando quem os perseguia. Um assunto bastante polêmico é o tão comentado uso de alpercatas com o calcanhar para a frente. A verdade é que Lampião mandou confeccionar algumas alpercatas assim, com o calcanhar colocado na parte de frente do calçado, para utilização eventual. Não eram calçados de uso diário. Isso fazia com que os soldados pensassem que estavam indo em direção contrária ao rumo tomado. Não abandonavam mortos ou feridos, deixando-os para trás em raríssimos casos, mesmo assim só se fosse de extrema necessidade. Faziam o possível e o impossível para que tal nunca acontecesse. 

Só atiravam quando tinham certeza de que poderiam atingir o inimigo, já que era muito difícil conseguir munição. Dizem que a certeza era tanta que em muitos casos, ao atirar, alguns cangaceiros diziam: “-Deus te chama”. Lutavam cantando, pulando e insultando os inimigos, procurando abalar psicologicamente seus adversários. Também tinham o hábito de imitar animais e pássaros. Eram seres humanos aguerridos e valentes, mas também astutos e ardilosos e sempre hábeis em aprender novos truques.

http://lampiaoreidocangaco.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo20:47:00

    Na verdade Mendes, Virgolino Ferreira da Silva, era mesmo um guerrilheiro possuidor de inúmeras estratégias. Morreu porque, como afirmou Aldo Vasconcelos em outro momento, "o bom nadador se afoga e o bom cavaleiro cai". E, segundo a ex-cangaceira Dadá: "Lampião morreu porque seu dia foi chegado!"
    Abraços,
    Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha-Bahia.

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