Foto do acervo do Governador
Do Sertão Virgulino
Este é o João
Ferreira da Silva, irmão de Virgolino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião.
Dos cinco filhos homens de José Ferreira da Silva apenas o João não quis entrar
para o cangaço. Mas mesmo não tendo participado dele, chegou a ser preso,
judiado, humilhado, maltratado, e mesmo assim, não quis usar vingança, como
alguns cangaceiros que entraram para o cangaço, devido judiações que os
policiais faziam com os seus pais, parentes e aderentes.
João não quis
ser chamado de gatuno, ladrão, salteador larápio, ou outra coisa parecida, e
por isso, decidiu seguir o mundo desejado pelos bons, ser um homem do bem,
honesto, apesar de que na época do cangaço era favorável aos malfeitores. Livrando-se
de balas enviadas pelas volantes, ou sendo capturados, não respondiam pelos
seus atos, tudo era "mar de rosas".
Também àquela vida
embrenhada às maltas não era o seu desejo, correndo a todo o momento, castigado
pelo o sol, poeiras, dormindo sem nenhum conforto, fome e mais fome. Sob um
teto já não levava uma vida boa, vivendo num mundo de sofrimentos, sem nenhuma
ajuda de governo, só problemas e mais problemas. E no cangaço? O melhor seria mesmo seguir o
que muitos sertanejos querem paz e mais nada.
Este era o desejo do irmão dos
cangaceiros, construir uma família, ensiná-la a viver com dignidade, amiga de
todos e do mundo. O mundo dos horrores não era a sua praia e nem uma boa opção.
João ainda não
perdera nenhum irmão na guerra cangaceira, mas sabia que quem entra para o
crime, um dia chegará a sua hora, de ser assassinado, preso pelas as forças do
governo, ou até mesmo ser morto pelos seus próprios companheiros, causado por
fuxicos rixas, mentiras, invejas, intrigas etc.
E o João bateu
o martelo. Não iria ser cangaceiro. Os seus irmãos que não souberam suportar as
críticas e as pressões dos seus perseguidores, agora eram alvos da desgraça, da
infelicidade, da intranquilidade. Ele sentia na pele tudo o quanto o Zé
Saturnino fazia, mas maiores eram os poderes de Deus. Mesmo constrangido
interiormente com os desafetos do seu vizinho, não iria perder o rumo da vida.
Uma das coisas
que muito lhe incomodava era a maneira que os seus irmãos tentavam calar a boca
dos perseguidores, usando a desonestidade, E ele não nascera para esta prática.
Não iria manchar o seu nome, fazendo roubos, assaltos e mortes, que muitas
vezes eram desnecessárias.
Finalmente o
João escolheu o que era bom para ele dizendo:
“- Viver com dignidade é o meu lema. E não
envergonharei os meus pais José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação,
a Maria Lopes, os quais sofreram muito para me criarem, e tenho que retribui-los fazendo o bem, e não o mal. Mesmo sendo pobre, eu tenho que ser um homem da paz. Os horrores não me satisfazem".
Nota: O que escrevi não tem nenhum valor histórico para a literatura cangaceira. É apenas na minha imaginação.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Fiquei sabendo agora caro Mendes, que João Ferreira chegou a ser preso. É mais uma novidade para mim. Muito grato por nova informação.
ResponderExcluirAntonio Oliveira
Verdade, Antonio Oliveira.
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