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sábado, 23 de agosto de 2014

FILME GANHADOR DO FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO DE 2014 MOSTRA DRAMA DOS PRACINHAS BRASILEIROS NA II GUERRA

Publicado em 20/08/2014 por Rostand Medeiros

Em uma edição do 42º Festival de Cinema de Gramado que dividiu os Kikitos entre diversos concorrentes e o grande vencedor da noite foi A Estrada 47, de Vicente Ferraz, que levou o troféu de melhor longa-metragem brasileiro.


Na Segunda Guerra Mundial, 25 mil soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) foram enviados para combater as forças do Eixo na Itália. Quase todos os homens encaminhados eram de origem pobre e, em sua maioria, despreparados para o combate. Agora uma película de produção brasileira, italiana e português e rodado na Itália, busca trazer ao público um lado mais humano desta história.

A Estrada 47, do diretor e roteirista Vicente Ferraz conta a história de quatro pracinhas que, repentinamente, foram parar no epicentro da guerra, no rigoroso inverno de 1944 e tiveram de se superar em todos os sentidos. Após um ataque de pânico, eles se perdem na neve e acabam encontrando um correspondente de guerra e dois soldados desertores: um italiano que quer se juntar à resistência do seu país contra os exércitos de Hitler e um alemão cansado da guerra.


Assim, passam a formar um estranho grupo de deserdados de várias nacionalidades. Com ajuda dos dois ex-inimigos, os pracinhas tentarão desarmar o campo minado mais temido da Itália: A Estrada 47.

Para viver estes heróis anônimos, foi escalado os atores Daniel de Oliveira é Guima, Julio Andrade é Tenente, Thogun Teixeira é Sargento Laurindo, Francisco Gaspar é Piauí. Na tropa internacional, o filme conta com o italiano Sergio Rubini, o alemão Richard Sammel e o português Ivo Canelas. Para que a guerra cotidiana vivida pelos pracinhas tivesse na tela a veracidade necessária, Ferraz e a equipe de produtores fizeram questão que A Estrada 47 fosse rodado nas mesmas paisagens em que a guerra ocorreu. O projeto tem produção das brasileiras Três Mundos Produções e da Primo Filmes, da italiana Verdeoro e da portuguesa Stopline Films.


A II Guerra não mudou somente o destino da humanidade no século 20, mas transformou para sempre as vidas desses brasileiros. Mais que os conflitos que toda guerra oferece, os protagonistas, assim como as tropas brasileiras, precisaram transpor as barreiras da língua, do preconceito, do despreparo e do medo. São as pequenas-grandes histórias desta guerra e de nossos soldados que revela A Estrada 47. Mais que grandes conquistas e fatos que entraram para os relatos oficiais, Vicente Ferraz revela os bastidores da participação do Brasil no conflito.


Além da versão oficial baseada em uma detalhada pesquisa de época, Ferraz contou com a contribuição valorosa dos depoimentos dos próprios pracinhas e ex-correspondentes de guerra. Sem cair na armadilha do chamado “filme de gênero”, A Estrada 47 não é um Filme de Guerra e vai muito além de um relato histórico. “Mais que os livros de história que li, o que mais me interessou foram os relatos dos próprios pracinhas. Vários escreveram livros de memória. Independentemente do valor literário, foi por meio daqueles relatos que entendi finalmente a dimensão daquela aventura: jovens, humildes, caboclos, mulatos, filhos do Brasil que estavam lá. A emoção, a coragem, o medo, o frio, a saudade humanizaram muito a ideia que eu tinha daquela guerra. Vi o melhor do brasileiro naqueles relatos”, declara o diretor. 


Mas aparentemente a crítica não tratou de forma tão positiva A Estrada 47. Rubens Edwald Filho, o crítico cinematográfico mais conhecido do Brasil sequer tece palavras para o ganhador de Gramado em 2014, em uma entrevista concedida ao jornal gaúcho Zero Hora. Para o jornalista e crítico de cinema Luiz Carlos Merten, em uma análise sobre os filmes exibidos no Festival de Gramado de 2014, comentou após assistir este filme pela segunda; “Continuei não gostando de A Estrada 47, mas tivemos um debate muito interessante sobre a campanha da FEB na Itália, sobre o filme de guerra no cinema brasileiro”. Merten aponta que Vicente Ferraz contou como, a partir das crônicas de Rubem Braga, começou a ter uma outra percepção dessa história. Mais intimista, mais humana. Mas o roteiro do diretor é considerado por este crítico “muito demonstrativo, com cinco ou seis personagens brasileiros e dois desertores estrangeiros, um alemão e um italiano. Cada um parece estar ali como porta-voz de alguma coisa”. 


Já o jornalista Francisco Carbone viu que em Estrada 47 “há uma óbvia intenção de acertar e fazer bem feito”. Ele considera o filme realizado tecnicamente com cuidado e até um certo requinte, de direção de arte principalmente. Mas Carbone aponta que o problema é o roteiro que em certos momentos possuí limitações e em outros tenta alçar voos muito maiores que as suas asas suportam. Mas completa comentando que “se a intenção era entreter e fazer um passatempo palatável para o grande público, o filme acerta e ganha pontos”.

Apesar das críticas e opiniões divergentes, eu concordo com Francisco Carbone quando ele aponta que é tão difícil vermos produções assim que vale dar uma chance a essa estrada e ver onde ela termina.

Fontes – 

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2014/08/20/filme-ganhador-do-festival-de-cinema-de-gramado-de-2014-mostra-os-dramas-dos-pracinhas-brasileiros-na-ii-guerra/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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