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terça-feira, 25 de novembro de 2014

PUNHAIS CANGACEIROS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2014 - Crônica Nº 1.310

Agora na fase final, escrevendo o livro Maria Bonita, chamou-me a atenção as imagens dos punhais cangaceiros.


Os punhais, existentes há muito séculos, adquiriu uma forma especial no Brasil, principalmente na indumentária cangaceira do bando lampiônico, muito parecido com o punhal utilizado na época no Rio Grande do Sul.

Em diferentes tamanhos essa arma branca foi bastante usada nas cintas dos cangaceiros, como forma de ostentação, vaidade e poder.

Observe que cada cangaceiro tem um punhal na cintura

Os fornecedores desse tipo de arma, não só para o bando de Virgolino, mas para qualquer cidadão que quisesse adquiri-la, seriam os próprios fabricantes que trabalhavam caprichosamente em suas rudes tendas em várias partes do Nordeste, principalmente no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

O cangaceiro usava facas, facões e punhais. As facas eram utilizadas para o cotidiano como de qualquer família, no lar. Os facões, principalmente para abrir passagem nas veredas e em tarefas que precisassem de uma arma mais rude e robusta. O punhal, unicamente para sangrar a sua vítima.

A vaidade fazia encomendar punhais de ótima lâmina e caprichado trabalho no cabo, que podia se de ou conter, níquel, ouro, chifre, osso, marfim, prata, conforme o poder aquisitivo de quem os encomendasse.

Na rudeza daquele mundo semiárido, fora e dentro do cangaço, famílias que se matavam entre si, aceitavam a morte como coisa do mundo masculino. Tanto se matava como se morria, tudo era coisa natural da ignorância da época. O que não se admitia era que a vítima fosse sangrada, pois um homem não se sangra como um porco ou outro animal. Era uma ofensa grave esse procedimento. O ato de sangrar pessoa era, então, considerado desmoralizante, daí ter havido muitas vinganças no semiárido, em pagamento com a mesma moeda.

Mesmo, já nos anos 60, belíssimos punhais de cabo trabalhado, eram ainda exibidos e vendidos, livremente, nas bancas das feiras nordestinas. Respondendo à pergunta: “De onde vêm esses punhais?” A resposta quase sempre era a mesma: “Do Juazeiro do Norte”.



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