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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

COLEÇÃO COM 100 IMAGENS DE LAMPIÃO FOI LANÇADA NO DIA 22 DE JANEIRO DE 2015


Além das imagens, acompanha a caixa um audiovisual de 14 minutos, Lampião, filmado pelo próprio Benjamin Abrahão, que será exibido na ocasião.

As histórias do cangaço e dos cangaceiros povoam a memória dos brasileiros. Narrados em lendas, canções populares e cordéis, seus feitos passaram a fazer parte de nossa cultura. O fenômeno, que remonta ao século 18, se tornou mais conhecido e comentado no momento em que os meios de comunicação passaram a divulgar os feitos de Lampião, Maria Bonita, Corisco e tantos outros. Mais do que todos, Virgolino Ferreira, o Lampião (1898-1938), fez uso desses meios, em especial da fotografia, para popularizar o movimento, levando-o para as páginas dos jornais, e também apresentar os seus seguidores.

Na maioria das vezes, as imagens foram realizadas por anônimos, que se encontravam com o bando no meio do sertão, ou por fotógrafos como Pedro Maia e Lauro Cabral de Oliveira, que registraram uma viagem de Lampião a Juazeiro do Norte, em 1927. Mas quem se consagraria como o “fotógrafo oficial” de Lampião seria o Mascate libanês Benjamin Abrahão (1890-19380, que acompanhou a saga do rei do cangaço, fotografando e filmando seus feitos. Parte desse acervo, já reunido no livro Iconografia do Cangaço (Editora Terceiro Nome/2012), pertencente ao pesquisador Ricardo Albuquerque, diretor do Instituto Cultural Chico Albuquerque, em Fortaleza.

Agora, Ricardo Albuquerque selecionou 100 entre as melhores imagens, feitas por vários profissionais, para lançar a Coleção Cangaceiros, um registro sistematizado sobre o movimento no Brasil que não deixou de fora as volantes, que eram grupos de policiais disfarçados contratados pelo governo para perseguir os cangaceiros.

Com texto de apresentação de Rubens Fernandes Jr., no total, foram criados 40 caixas destinadas a um público colecionador: “Muitas das imagens não têm grande qualidade técnica, mas possuem um incrível valor histórico. É um álbum fotográfico. São imagens soltas, sem texto ou legenda”, comenta ainda Albuquerque.

A coleção foi lançada na quinta-feira do dia 22 de Janeiro, na Mira Galeria de Arte. Além das imagens, acompanha a caixa um audiovisual de 14 minutos, Lampião, filmado pelo próprio Benjamin Abrahão, que será exibido na ocasião.

A relação de Ricardo Albuquerque com o acervo não é gratuita, visto que ele pertence a uma família que, desde sempre, esteve ligado à fotografia e ao cinema. Seu pai, Chico Albuquerque, foi um dos pioneiros da foto publicitária no Brasil, e seu avô, Adhemar Albuquerque, foi quem ensinou o mascate libanês Benjamim Abrahão a fotografar, na década de 1930: “Meu avô gostava muito de fotografar e fazer documentários”, explica Ricardo. “Em 1934, ele foi filmar o funeral do Padre Cícero e ali conheceu Benjamin Abrahão, que na época, era secretário do Padre Cícero”. 
            
Abrahão já conhecia Lampião desde 1926, quando Virgolino foi até Juazeiro do Norte pedir proteção para ele e seu bando. Após a morte do padre, o libanês solicitou permissão ao rei do cangaço para acompanhar suas andanças e registrar seus feitos. Foi aí que ele foi em busca de Adhemar Albuquerque, que, além de lhe ensinar a utilizar a câmera fotográfica e a filmadora, ainda lhe emprestou o equipamento.

A maior parte das imagens é de fotografias pesadas, retratos e, muitas vezes, até encenações de batalhas. Um material historicamente importante, um inventário que desvenda o cotidiano desse movimento tão perseguido pelo governo de Getúlio Vargas. A maioria dos registros foi feita entre 1936 e 1937, captando os últimos dois anos do bando. Cenas do dia a dia que nos apresentam seus costumes, como viviam suas mulheres, a alimentação, as danças, os esconderijos, até a clássica imagem das cabeças cortadas dos sete líderes do cangaço, após a dissolução do movimento pelas forças governamentais.

Um registro histórico que foi sendo enriquecido com o tempo e acabou por tornar visível e perpétuo e que a clandestinidade deveria esconder.

Fonte: Jornal De fato
Quarta-feira – 21 de Janeiro de 2015
Página 5 – Cotidiano
Nº 16.853

Digitado por José Mendes Pereira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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