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sábado, 15 de agosto de 2015

A REVOLTA DOS NAZARENOS

Por Sálvio Siqueira
Cidade de Nazaré

Após a 'Revolução' de 1930, com a vitória dos revolucionários, as coisas começaram a andar, de um modo geral, para trás em relação aos bravos nazarenos que tantos serviços prestaram ao Estado pernambucano.

O governador Estácio Coimbra é deposto e se exila no exterior, juntamente com seu chefe de gabinete Gilberto Freyre. O tenente, na ocasião, Manoel de Souza Neto, os acompanha ao Rio de Janeiro, Capital do País, e não seguindo seu superior, é preso, nas imediações da Praça da República, pelos revolucionários e quase é enforcado pelos mesmos.

Foto de Manoel Neto - lampiãoaceso.blogspot.com

O novo Governador de Pernambuco era Carlos de Lima Cavalcanti, o qual nomeou Muniz Farias o novo Comandante da Polícia Militar, com isso, o quadro político do Estado, teve uma mudança radical. Os nazarenos tinham o novo comandante como "um homem rancoroso e desumano".

Os nazarenos que se encontravam na Bahia, na ocasião, em plena campanha contra Lampião, recebem ordens para pararem com tudo, são excluídos das tropas e são ordenados para deixarem o Estado baiano o mais rápido possível.

Manoel Neto, já excluído da Briosa pernambucana, sentiu-se punido muito severamente por ter sido um militar tão servidor ao Estado. Chega a sentir-se humilhado pois tinha sido Ajudante de Ordem, no Palácio das Princesas, no governo anterior. Decidido, retorna ao sertão, trazendo a ideia de organizar um grupo sertanejo e partir para o enfrentamento do novo Governo.

Foto de Manoel Neto - lampiãoaceso.blogspot.com

Nazaré torna-se uma fortaleza. Seus 'filhos' em xeque, estão dispostos a defenderem e resistirem até o fim contra as novas autoridades, pois, nos meses que se seguiram, foram com a intervenção, perseguidos, presos e humilhados, tendo os mesmos que agirem rápido, para não serem dizimados político e militarmente.

Força volante comandada por Manoel Flor - Cariricangaço.blogspot.com

Com a atitude do novo governo de Pernambuco, leva a massa dos nazarenos a tomarem esse tipo de ação, cogitando um movimento até chegarem a passarem para ilegalidade e usarem as táticas que os cangaceiros usavam nas brenhas das caatingas dos estados vizinhos ao de Pernambuco. O símbolo maior, na ocasião, foi o Mané Fumaça. Manoel Neto diz em alto e bom som que "Nazaré não se dobraria jamais", escutando esse juramento, os nazarenos passam a tê-lo como líder. Com o passar do tempo, o novo Governo pernambucano, aperta mais a rosca, e os nazarenos decidem em dividirem a população apta à batalha em grupos de cem pessoas e adentram nos rincões dos tabuleiros da Paraíba, Alagoas, Ceará, Bahia e Sergipe. Isso tudo por que em princípios do ano de 1931, o novo governo manda que se desarme toda a população. O líder, Manoel Neto, sendo porta voz do povo de Nazaré, diz que jamais os nazarenos entregariam suas armas, "deveriam mesmo enfrentar o governo até o último homem, deixando na história o nome de Nazaré com seus filhos que tantos serviços haviam prestado na campanha contra o banditismo"(LIRA, João Gomes de. Memórias de um soldado de volante, 1ª edição, pág. 478).
Foto com quatro nazarenos - cariricangaço.blogspot.com

Os conselheiros do novo Governo, vendo a coisa engrossar, orienta o Governador a repensar o caso. Não seria nada proveitoso ter centenas de nazarenos, armados e em um habitat que conheciam como ninguém, como adversários. Contemporizando o Governo, as negociações são iniciadas. Os de Nazaré impuseram suas condições. Tinham que reincorporar Manoel Neto na Força Pública, assim como toda sua família também seria reincorporada e quem mais desejasse servir. Proposta feita e, como não poderia ser diferente, aceita.

Depois de amargarem as perseguições, ameaças e ostracismo, voltam os nazarenos a serem os fiéis guardiões, com a vantagem de serem, dessa vez, a partir de então, funcionários públicos estaduais.

OFÍCIO DAS ESPINGARDAS MEMORIAL CANGAÇO

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