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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

INFORMAÇÕES PARA A HISTÓRIA DO COMÉRCIO DE MOSSORÓ - 15 DE NOVEMBRO DE 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 16 de novembro de 1868 era instalada em Mossoró a casa Graff, uma firma exportadora que exercia o comércio de compra de material nativo, mantendo intercâmbio com firmas das praças de Liverpool e Londres, na Inglaterra.


Johan Ulrich Graff, cidadão suíço, industrial e presbiteriano, chegou ao Rio Grande do Norte para se estabelecer comercialmente. Fundou em Natal a “Casa Graff”, especializada na compra e venda de produtos regionais, tais como algodão, açúcar, pau-brasil, cera-de-carnaúba, etc., tornando-se, em pouco tempo, uma das maiores e mais bem conceituadas empresa do Estado, sendo a única firma capaz de realizar importações diretas de 140.000$ (Cento e quarenta contos de Réis), o que representava uma verdadeira fortuna para a época. 

Convencido a se instalar em Mossoró pelo padre Antônio Joaquim, fundador do Partido Conservador do qual foi seu chefe por toda a vida e grande incentivador do crescimento econômico da cidade, veio a estabelecer aqui a sua matriz, deixando em Natal apenas uma filial que foi fechada em 1873. 
               
A situação privilegiada da cidade, equidistante de duas capitais, Natal e Fortaleza, ao mesmo tempo que dividia o litoral do sertão, fazia de Mossoró uma praça comercial perfeita. Na segunda metade do Século XIX, Mossoró aparecia como o “lugar privilegiado”, sentado na área de transição entre a economia do litoral representada principalmente pelo sal e o peixe, e a economia do Sertão representada pela pecuária, o algodão e principalmente as peles de animais. Mossoró tornava-se assim o lugar de troca, recebendo mercadorias de outras praças do país e do exterior e embarcando pelo seu porto, o porto de Areia Branca que na época pertencia a Mossoró, a produção regional que se destinava aos mercados nacionais e internacionais. Esse crescimento comercial serviu de chamariz para os grandes comerciantes, que viam em Mossoró o lugar ideal para desenvolverem os seus negócios. 
                
Ulrich Graff, para instalar o seu comércio em Mossoró, adquiriu um grande terreno de Souza Nogueira, pela elevada quantia de 500$000 (quinhentos mil réis). Para se avaliar o que significava esse valor para a época, basta dizer que o orçamento votado pela Câmara Municipal para o ano de 1867, não passava de 251$000 (duzentos e cinquenta e um mil réis). 
               
Era um grande empreendedor. Entendia Graff que o progresso de Mossoró dependia da velocidade com que conseguisse importar e exportar os seus produtos. A tropa de burros, que até então transportava as mercadorias, já não era suficiente para atender a um mercado crescente como o de Mossoró, que naquela época era tida como empório comercial. Fazia-se mister a construção de uma ferrovia, que entre outros benefícios, baratearia os fretes e diminuiria o tempo de transporte. E passou a lutar por essa ferrovia, encabeçando ele mesmo a empreitada. 
               
Em 26 de agosto de 1875 era dada uma concessão, através da Lei nº 742, da Presidência da Província do Rio Grande do Norte, ao comerciante suiço Jonh Ulrich Graff, para a construção de uma estrada de ferro ligando Mossoró a Petrolina, na Bahia. Mas por falta de recursos, o projeto caducou. Graff chegou a criar uma empresa e oferecer cotas às pessoas de recursos, como se dizia naquela época, aqui residentes. Mas não conseguiu o suficiente para viabilizar o projeto. 
               
E ainda mais: foi ideia sua a criação de um núcleo agrícola para preparar mão de obra especializada. Esse projeto foi implantado em Mossoró, mais de um século depois, com a instalação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, hoje Universidade Federal Agrícola do Semiárido – UFERSA. 
               
Com a liquidação das Casas Graff de Mossoró, que passou para Conrado Mayer, Ulrich Graff viajou para o extremo norte, onde tinha ramos de negócios, e teria morrido, conforme Romão Filgueira, em plena região amazônica, vítima de febre intermitente. Acrescentava o informante que, ao que se sabia, o corpo do grande idealista Ulrich Graff teria ficado insepulto. 

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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

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