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sábado, 27 de fevereiro de 2016

MARIA... DE JURITI!


Falaremos hoje de uma personagem que o que se tem gravado, registrado e escrito sobre ela é pouquíssimo.

Essa pessoa fez sua ‘viagem’, transpondo a última barreira terrestre, sem conceder uma única entrevista. Nenhum dos pesquisadores/historiadores sobre o tema estudado, pelo menos que se saiba até o momento, teve o prazer de entrevistá-la. 

Maria de Juriti

Trancou-se em seu passado... Seu silêncio gritava por demais em seu íntimo, para que permitisse que perambulasse pela mente alheia. Não queria falar, talvez com medo de suas lembranças fugirem por sua boca e perderem-se no vazio do tempo...

O cangaceiro Juriti

Seria o medo de perder, mais uma vez, aquele, ou as lembranças daquele, que fora seu grande amor?

O cangaceiro Juriti, Manoel Pereira de Azevedo, da ribeira do Salgado do Melão, entra para o bando do “Rei do Cangaço” e logo de cara mostra quanto era forte sua personalidade deixando seu chefe satisfeito.

Lampião e Juriti

Lampião dar a alcunha de Maçarico ao novo integrante do bando, porém, ele acha que não é adequado para si, e diz ao mesmo que seu nome, a partir daquele momento será “Juriti”.

“(...) Ele é um moço de aparência física impressionante: corpo atlético, esguio, branco-aloirado, cabelos finos e escorridos; olhos alaranjados, gestos elegantes, boas maneiras (...)”. ( Lampião Além da Versão – Mistérios e Mentiras de Angico”- COSTA, Alcino Alves. 3ª edição)


A sua aparência, seu porte atlético, causa ‘suspiros’ e abismava as sertanejas. Elas, além da ilusão da liberdade no cangaço, passavam a sonharem acordadas com ele. Derramavam-se, derretiam-se, nas colocações sinceras dos adjetivos, por aquele ‘cabra’, em desejos para receberem seus carinhos e amor.

Só que ele, apesar de ser um perverso e possuir dons de ser sádico, também apaixonasse. Cai de quatro por uma cabocla sertaneja que era de Pedra D”água. “Uma menina-moça, chamada Maria, filha de Manoel Jerônimo e Áurea, irmã de Delfina da Pedra D`água, deixou-o alucinado. Aquela ardente paixão foi recíproca. E o jamais imaginado pelos seus pais aconteceu. A menina de Mané de Aura deixou seu lar, seus pais e se jogou no mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão falado e comentado cabra de Lampião.” (Alcino Alves Costa)

E assim aconteceu. Nas entranhas da caatinga viviam seu enlouquecido amor. Não pensavam no amanhã. Apenas viverem os momentos, os instantes, que lhes foram ‘cedidos’ pelo destino naquela desmantelada vida.

Quando do ataque aos cangaceiros acoitados na grota do riacho Angico, na fazenda Forquilha, Poço Redondo – SE, em 28 de julho de 1938, o casal estava lá. Juriti e Maria conseguem sair com vida daquele fogo intenso.

Juriti, refeito do susto da morte, envia Maria para a casa de seus pais. Seu pai, junto com um amigo, Rosalvo Marinho , levam a cabocla para cidade de Jeremoabo, na Bahia, a entregando ao capitão Aníbal Ferreira.

O que acontece em seguida deixa os dois homens boquiabertos. O capitão, após recebê-los muito bem, libera Maria para que volte e vá viver no seio da família, sem antes não fazer um ‘pedido’ para ambos, inclusive a Maria, “Solicitou a ajuda de Maria, do pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizessem com que Juriti e seus companheiros também viessem se entregar”. 

João de Sousa Lima e Maria de Juriti

O pesquisador/historiador João De Sousa Lima, juntamente com o cineasta Wolney Oliveira foram a residência onde morava Maria. Porém, por mais que insistissem, Maria não abre a boca para lhes dar quaisquer informação sobre sua passagem pelas trilhas do cangaço. 

“(...) Maria de Juriti foi uma das cangaceiras que escaparam do combate na Grota do Angico, porém decidiu levar sua vida sem falar nada com ninguém, morreu sem dar entrevistas (...) Poucos meses antes de sua morte estive em sua residência, acompanhado pelo cineasta Wolney Oliveira e por mais que maior que fosse nossa insistência para colher alguma informação, mais o silêncio dominava o ambiente e por último ela reclamou dizendo que poderia ter uma "parada do coração" e aí tivemos que nos contentar com apenas algumas fotografias(...) Recentemente recebi em minha casa a visita de um dos filhos da cangaceira, trazendo um caderno com riquíssimos depoimentos da mãe, colhidos por ele. O caderno me foi presenteado e sobre a vida dela será lançado um capítulo interessante, em um futuro bem próximo(...)”. (João de Sousa Lima)

João De Sousa Lima hoje é considerado um dos maiores ‘vaqueiros’ da história do cangaço. Sem ele, nós teríamos ficado sem tantas importantes informações sobre este tema tão complexo e apaixonante... Sobre os fatos nas quebradas do Sertão.

Fonte Ob. Ct.
Cariri cangaço
Joãodesousalima
Foto João de Sousa Lima
Benjamin Abrahão

Segunda fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS

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