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quarta-feira, 16 de março de 2016

VIRGULINO E O VALENTE CASSIMIRO HONÓRIO:


Estando Virgulino e sua família morando em Poço do Negro, próximo à Nazaré do Pico, no início de dezembro, num dia de feira, numa quarta feira, Virgulino e seu irmão Antonio Ferreira foram avisados que Zé Nogueira estava no povoado com dois cabras. Virgulino e Antonio foram atrás do seu inimigo que ali estava, descumprindo o acordo de não pisar os pés em Nazaré. Teve um rápido tiroteio e Zé Nogueira e os cabras, entraram dentro de uma casa siando pelos fundos. 

Os moradores de Nazaré reprovaram a atitude dos Ferreiras, pois já tinha tido um tiroteio no Poço do Negro com Zé Saturnino e seus cabras. E agora outro em pleno ´povoado. 

Manoel Jurubeba e João Flor foram conversar com José Ferreira, e José garantiu que os filhos não repetiria aquilo. Manoel e João Flor exigiram que os Ferreiras não entravam mais no povoado armados. 

um dia Praxedes Pereira, irmão de Sinhô Pereira esteve no povoado (nessa época, estava no auge a questão Pereira e Carvalho). Na saída de Praxedes, chegou Cindário das Piranhas, com seus homens (Cindário dos carvalhos), à procura de Praxedes. Enfurecido, ameaçou todos de Nazaré, e disse que Nazaré era coito de bandidos. 

Antonio Gomes Jurubeba e João Lopes de Souza Ferraz, irmão do professor Domingos Floriano, foram em Floresta e relataram o acontecido ao poderoso chefe político de Floresta, antônio Serafim de Souza Ferraz (conhecido por Antonio Boiadeiro). Foi enviado para Nazaré quatro soldados comandados pelo civil Américo Leite, cunhado do comandante Theófanes Torres, para manter a ordem no povoado. 

Na quarta-feira seguinte, dia de feira, Virgulino, Levino e seu cunhado Luiz Marinho foram à feira. Levino foi na frente, uns feirantes foram assaltados na estrada, por três irmãos que agiam sozinhos, os irmãos Beneditos, (Olímpio, Manoel e José, eram cabras de Zé Saturnino, se desentenderam e viviam roubando). Já havia saído boatos em Nazaré que eram os Ferreiras por ser três. Quando Virgulino, Antonio e Luiz chegaram em Nazaré, foram recebidos a tiros. 

Américo Leite junto com os soldados juntaram-se aos nazarenos. Levino juntou-se com os nazarenos, pensando ser um ataque do bando do Sinhô Pereira. Quando Levino viu que era os irmãos, foi se juntar a eles. Levino foi baleado no ombro, Virgulino e os demais fugiram. Levino se escondeu na casa de Chico Euzébio. Foi encontrado pelos nazarenos, que quiseram sangrá-lo, mais João Flor não aceitou, mandando lhe darem uma boa pisa de chibata. Depois foi levado para Floresta, preso. 

O pai José Ferreira selou o burro e foi à Floresta, falar com o chefe político Antonio Boiadeiro, e o mesmo disse que mandaria soltar Levino, mas os Ferreiras teriam que ir embora de Nazaré. 

José Ferreira não vendo outro jeito, prometeu que iria embora de Nazaré. (o problema era saber pra onde iria, e com qual recurso, pois tinha recebido uma pequena quantia da venda do sítio Passagem das Pedras, e vendeu boa parte do gado, para compra do Poço do Negro).

E para completar sua esposa estava doente, assustada com o tiroteio que teve no Poço do Negro, quando Zé Saturnino tinha ido cercar a casa e tiroteio na rua de Nazaré, Zé Ferreira mudou-se para alagoas. Tudo estava dando certo. Mas Zé Saturnino mandou cartas para as autoridades de Alagoas, para não aceitar os Ferreiras, pois eram ladrões. 

O coronel chefe político que os recebeu em Alagoas, disse que não aceitavam eles lá. O coronel Ulisses Luna, não deu muita atenção a carta, mas a baronesa de Água Branca-AL, protestou e pediu providências. Quando os Ferreiras souberam que as autoridades de Água Branca, estavam de olhos neles, como ladrões, ficaram enfurecidos, e só falavam em uma coisa, "vingar-se de Zé Saturnino". Juntaram-se com Antonio Matilde, e com uns cabras, rumaram para Pernambuco, chegando na Vila de São Francisco, distrito de Vila Bela (hoje Serra Talhada-PE). 

Sinhô Pereira

Lá, procuraram Sinhô Pereira, líder nas questões Pereira e Carvalho. Sinhô Pereira arrumou uns homens, no total de 11 homens.

Naquele dia 15 de setembro de 1920, Virgulino e os irmãos partiram para sua vingança, indo para Serra Vermelha, mataram gado, botaram fogo em várias casas de fazendas e derrubaram cercas. Foram arrasadas as fazendas Serra Vermelha de João Nogueira, Fazenda Mutuca de Venâncio Nogueira e a pedreira de Zé Saturnino. 

João Nogueira escondido no mato via sua fazenda se acabando no fogo, chorava que só criança. Zé Saturnino valente e destemido, conseguiu tirar umas 200 cabeças de gados, e as levou para região de Custódia-PE, andou toda noite. Seguiu para a região de Betânia-PE, para a Fazenda Riacho do Meio na Baixa do Juá, pedir ajuda ao seu temido tio Cassimiro Honorino. 


Chegando na hora do almoço, seu tio sentado à mesa, ouviu toda história do sobrinho, levantou-se sem almoçar, reuniu seus homens, num total de 18 cabras e disse: 

- Vou até o Pajeú, quero ensinar a meu sobrinho brigar e matar gente. 

Cassimiro só lamentava brigar com seu parente e tão leal amigo de velhos tempos, Antonio Matilde. 

Quando chegaram na fazenda Lagoa da Laje, ouviram os tiros, eram os Ferreiras, Antonio Matilde e os cabras, matando o gado. 

Cassimiro preparou uma tocaia, pois os cabras passariam por ali. Vinha logo em seguida dois cabras, Higino, sobrinho de Antonio Matilde que tombou morto e José Benedito que saiu baleado. 

Antonio Matilde viu os tiros e percebeu que não era os tiros matando o gado. Correu para lá com os cabras, travaram um tremendo tiroteio. 

Antonio Matilde que vinha na frente, levou um tiro no quadril direito. Virgulino assumiu o comando. Antonio Matilde perdendo muito sangue, foi levado para a fazenda Poço de Dentro, do fazendeiro Manoel Ferreira filho. Um curandeiro extraiu a bala. De lá, foi transferido para a Fazenda Carnaúba do poderoso, Né Pereira, o famoso Né da Carnaúba. 

Os cabras de Sinhô Pereira voltaram para São Francisco. Os outros para Alagoas. Virgulino e Baliza ficaram cuidando de Antonio Matilde. 

Cassimiro ficou muito abatido, quando soube do ferimento do primo, fez o que era preciso, não conseguia afastar o remorso de ter ferido um cabra que foi um dos melhores e leal amigo. 

Uma semana depois do tiroteio da Fazenda Lagoa da Laje, Cassimiro, na sua fazenda, levantou-se cedinho, tomou um café puro, selou seu cavalo, como de costume, e fio dar umas voltas na sua propriedade. Ao chegar no Riacho do Navio, sentiu-se mal, nem teve tempo de desmontar, um ataque cardíaco o derrubou do cavalo. Encontraram-no ainda vivo. levaram para casa grande da fazenda, e lá morreu. foi enterrado na fazenda Poço Cercado. Hoje o local está coberto pelo açude Barra do Juá.

Fonte: facebook
Página:  Rei Dos Cangaceiros
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