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segunda-feira, 6 de junho de 2016

PEDIDO DE SINHÔ PEREIRA A LAMPIÃO


A partir de 1917/18 os irmãos Antônio, Livino e Virgolino Ferreira, segundo relatos de pesquisadores, já mostram do que são capazes de fazer com as armas nas mãos.

Uma das primeiras imagens de Lampião e seu grupo- 1922

Andam com o grupo dos Porcinos e, depois se juntam de vez ao bando comandado por Sinhô Pereira.

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira, entra no cangaço para vingar a morte de um parente. Dentre os grandes chefes cangaceiros que ‘juraram’ vingança, como Antônio Silvino e Lampião, Sinhô foi o único que concluiu a promessa.

Antiga Rua do Comércio. No primeiro plano a famosa loja "A Rosa do Monte" do Coronel Gonzaga Ferraz e mais adiante a sua famosa residência, adquirida tempos mais tarde pelo Sr. João de Pádua. Fonte - Arquivo de Valdir Nogueira, Belmonte-PE, através do pesquisador Artur Carvalho.

Naquele tempo ter um parente fazendo parte de bando de cangaceiros, não importando a causa, razão ou circunstância que o levou a entrar para horda, era motivo de ser castigado pelas volantes. Quantos e quantos sertanejos, com suas famílias, foram surrados... Suas mulheres e filhas vítimas de estupros por soldados de volantes inescrupulosos? Muitas família foi desonrada dentro da sua própria casa.

Havia dois cidadãos que residiam, na cidade e município, de Belmonte, PE. Em certas obras literárias, trazem os dois até como compadres, e, para alguns, naquele tempo, ser compadre, era fazer parte da família.

Coronel Luiz Gonzaga - Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz

Pois bem, um desses cidadãos era o comerciante Luiz Lopes Gonzaga Gomes Ferraz, mais conhecido como coronel Luiz Gonzaga. Era constantemente ‘inquirido’ pelos cangaceiros para fornecer-lhes mercadoria.

Ioiô Maroto à esquerda

O outro era o cidadão Crispim Pereira de Araújo, conhecido como "Ioiô Maroto". Como notamos, em seu sobrenome tem “Pereira”, um clã que há muito vinha em luta com outro, ou outros clãs. E consequentemente, parente do, naquela atualidade, chefe cangaceiro Sinhô Pereira.

Família do Coronel Luiz Gonzaga. Foto tirada no Porto da Madeira, Recife, onde passaram a residir logo depois do ocorrido em Belmonte. Sua esposa é a senhora vestida do preto, de luto pelo falecimento de Gonzaga. Fonte - Arquivo de Valdir Nogueira, Belmonte-PE, através do pesquisador Artur Carvalho.

Naqueles dias, antes do meado de 1922, na cidade de Belmonte, PE, serviu de base para tropa do tenente Cardim. Essa volante vinha no ‘rastro’ do bando de Sinhô Pereira. Há, ali próximo, um local, que era ou ainda é, chamado Olho D’água. Esse lugar destaca-se por ser quase que nas divisas dos Estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba. O citado comandante recebe a informação de que o chefe cangaceiro, e seu bando, estavam naquela região. Coloca a tropa em forma e dirigem-se para lá. 

Sabedor da quantidade dos ‘cabras’ do bando de Pereira, e quão eram aqueles cangaceiros destemidos e valentes, o tenente pede auxílio ao tenente Peregrino de Albuquerque Montenegro, que fora cangaceiro, comandante de uma volante cearense. Essa volante, segundo relatos, era composta por mais ou menos 60 Praças. Aumentando assim o contingente para o previsto encontro com os cangaceiros.

Só que o comandante cearense desvia sua rota e vai ‘vasculhando’ as modestas moradias dos sertanejos, passando a maltratar, descendo o cacete nos moradores daquela redondeza. Tiros, gritos e palavrões chegam aos ouvidos dos cangaceiros acoitados e esses dão no pé, embrenhando-se na caatinga, apagam seus rastros.

O tenente Montenegro segue para a cidade de Belmonte, lá chegando, entra em contato do o coronel Luiz Gonzaga. O coronel ver aí uma chance de vingar-se daquilo que os cangaceiros sempre faziam com ele.
Sabedor do que era capaz de fazer aquele comandante sem escrúpulos, Gonzaga dedura seu compadre, dizendo que ele era parente de Sinhô Pereira. O comandante da volante segue em direção à residência de Ioiô Maroto.

“(...)Consta que o militar recebeu uma informação sobre um possível coiteiro e parente de Sinhô Pereira e, para não “perder a viagem” no caminho de volta para casa, fez uma “visitinha” a esta pessoa e sua família. A propriedade era conhecida como Cristóvão, pertencia a Crispim Pereira de Araújo, conhecido como Ioiô Maroto, um homem pacato e que vivia longe de complicações, apesar de ser membro da família de Sinhô Pereira(...)”. (tokdehistoria.com)

Ao chegar lá, manda descer a ‘lenha’ no chefe da família, que sem nada ter feito, há não ser, ser parente de um cangaceiro. Pense numa sova demasiada de grande.

Além da surra que manda dar em Ioiô, o comandante, segundo relatos de um periódico, rir muito com o que faz um de seus comandados. “(...) à visita da volante cearense ao pobre do Ioiô Maroto foi que “o cacete comeu” e sobrou para sua já vetusta mulher e suas filhas. Consta que um policial negro, conhecido como “Uberaba”, teria praticado contra as mulheres “toda sorte de misérias e imoralidades, entre a risadaria de todos, inclusive do tenente que achava em tudo muito espirito”(...)”. (blog Ct.)

Sinhô Pereira passa o comando do bando para Virgolino, que a essa altura já era Lampião, devido a problemas de saúde, e some no ôco do mundo para arranchar-se em terras distantes. Antes, porém, faz um pedido ao seu sucessor, que ele lave a honra de seu parente, Ioiô Maroto. O “Rei dos Cangaceiros” promete resolver essa ‘questão’. Que seu amigo e antigo chefe ficasse tranquilo.

Numa quinta-feira, 19 de outubro de 1922, a noite, choveu torrencialmente. Na manhã da sexta-feira, no quebra da barra, pois ainda eram umas quatro horas da manhã, 20 de outubro, estoura um forte barulho de disparos de armas de fogo na cidade de Belmonte.

“No livro “Serrote Preto”, de Rodrigues de Carvalho (1961. Págs, 157 a 161), o autor comenta que certa noite, provavelmente um ou dois dias antes da manhã de 20 de outubro, Lampião e seu bando chegou a propriedade de Ioiô Maroto pronto para resolver a questão. Rodrigues de Carvalho afirma que o parente de Sinhô Pereira não queria mais a vingança e que seguiu com Lampião praticamente obrigado”. (blog Ct.)

Belmonte, na época era guarnecida por dez soldados comandados pelo sargento José Alencar de Carvalho. Havia uma ordem, ou um pacto, entre os militares de que se algum tiroteio começa-se, todos deveriam procurar, imediatamente, o “QG”.

“(...)o sargento Alencar se achava adoentado na casa do seu sogro, o coronel João Lopes, irmão de Gonzaga. Mesmo assim Alencar saiu a rua e disparou contra os cangaceiros “cerca de 40 tiros” e foi para o pequeno quartel para dar ordens ao seu pessoal. Mas no lugar, ao invés dos 10 militares só estavam os praças Manoel Rodrigues de Carvalho, José Francisco e José Oliveira(...)”. (blog Ct.)

Com o tiroteamento, a pequena população procura refugiar-se como pode. Embaixo de móveis, em esconderijos feitos anteriormente, danam-se nas brenhas e etc.. O fogo continua e mais dois militares, Severino Eleutério da Silva e Heleno Tavares de Freitas, vem auxiliar aqueles que já estavam no confronto. Este último é de cara atingido e tomba sem vida.

O coronel Gonzaga, começa a tirotear com o bando de cangaceiros. A família fica enlouquecida, uns choram, outros gritas e outros rezam... Gonzaga vai para a parte traseira da casa e vendo uma barreira de balas a sua frente, sobe de três em três degraus a escada que leva para o sótão. Na pressa e agonia, o coronel tenta alcançar uma janela e escorrega. Com o peso de seu corpo, ele, por falta de sorte, cai numa parte em que o forro é apenas de lambri. Este cede e ele despenca e vai cair no meio da turba sedenta de sangue...

O Governador de Pernambuco, Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, é responsabilizado pela falta de segurança no interior pela imprensa escrita, além do “Jornal do Commercio” trazer impressa uma carta da viúva do coronel Gonzaga, fazendo Ioiô Maroto responsável pela morte de seu marido... Nas quebradas do sertão.

Fonte/foto tokdehistoria.com

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/permalink/643080259189427/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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