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quarta-feira, 12 de abril de 2017

"A METAMORFOSE", DE KAFKA, É O SÉTIMO FOLHETO DA COLEÇÃO OBRAS PRIMAS EM CORDEL, ADAPTADO PELO POETA STÉLIO TORQUATO LIMA E COM ILUSTRAÇÃO DO ARTISTA CAYMAN MOREIRA


 Por Stélio Torquato Lima
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Franz Kafka nasceu em Praga, República Tcheca, em 1883, e faleceu em Klosterneuburg, Áustria, em 1924. Tinha uma relação complicada e turbulenta com seu pai, o que teve uma grande influência sobre sua escrita. Também sofreu por ser judeu, condição que, segundo os críticos (e contrariando o próprio autor), teria influenciado sua escrita. Seus trabalhos inacabados, como os romances O Processo, O Castelo e O Desparecido, foram publicados postumamente pelo seu amigo Max Brod, que ignorou o desejo de Kafka de ter seus manuscritos destruídos. Albert Camus, Gabriel García Márquez e Jean-Paul Sartre estão entre os escritores influenciados pela obra de Kafka. 

O termo "kafkiano" popularizou-se em português como algo complicado, labiríntico e surreal, como as situações encontradas em suas narrativas. Principais obras (a maioria publicada em data diferente do ano em que a obra foi escrita): a) Romances: O Processo (1925); O Castelo (1926) e O Desaparecido (1927); b) Contos: Um Médico Rural (1919); Um Artista da Fome (1922) e A Grande Muralha da China (1931); c) Novela: A Metamorfose (1915).
 
Leia os versos iniciais do Cordel "A Metamorfose" e, para ler a obra completa faça seu pedido pelo WattshApp (085) 9 99569091, pela caixa de mensagem da página ou ainda pelo E-mail cordelariaflordaserra@gmail.com
 
A obra A Metamorfose,
Produção kafkiana,
É uma grande alegoria
Da alienação humana.
Apresento ao meu leitor,
Essa obra de valor,
Que é eterna e soberana.

De manhã, ao despertar 
De um sonho muito agitado, 
Gregor Samsa deu por si 
Em sua cama transformado
Num enorme e feio inseto,
Um ser horrendo, abjeto,
Que o deixou baratinado.

Deitara-se sobre o dorso 
Tão duro quanto metal, 
E, ao levantar a cabeça,
Divisou, para seu mal,
O seu ventre acastanhado,
Redondo, segmentado,
Com articulação total.

Então viu se agitarem
Perante as suas retinas
Suas numerosas pernas, 
Que eram sobremodo finas 
Comparadas com o resto 
Do seu corpanzil funesto
Dado por mãos não divinas.

Pensou: “Que me aconteceu?”
E viu que um sonho não era. 
O quarto, um tanto vulgar, 
De constituição austera,
Era o espaço de costume, 
Sem menor ou maior lume
Que alterasse a atmosfera.

E Gregor Samsa, que era
Um caixeiro-viajante,
Viu as amostras de roupas
Sobre a mesa nesse instante.
Junto a elas se exibia
Uma bela fotografia
Com sua moldura elegante.

Mostrava a foto, cortada
De reles publicação, 
Uma senhora de chapéu
E com uma estola na mão.
Rigidamente sentada, 
Mostrava a estola citada
A um simplório cidadão.

Achando que era um delírio,
Ele procurou dormir.
Tentou virar várias vezes,
Sem, no entanto, conseguir:
Com força, ele se inclinava,
Mas de costas continuava,
E pensou logo a seguir:

“Que trabalho cansativo 
Acabei por abraçar,
Pois dia sim, dia não,
Eu preciso viajar.
É um serviço mais inglório
Que o trabalho do escritório.
Não sei se vou aguentar!”

Ele sentiu na barriga
Uma pequena comichão.
Mexendo a cabeça, ele
Descobriu a região
Que a comichão afetava.
Com uma das pernas coçava,
E veio um arrepio então.

Culpou a falta de sono
Como causa do delírio:
“Carece o homem dormir
Como o olho de colírio.
Só não durmo um pouco mais
Porque o patrão é capaz
De demitir-me. Oh! Martírio!”


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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