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quarta-feira, 24 de maio de 2017

DILEMA DE MARTHA CRISTINA ELEUTÉRIO MAIA: LITORÂNEA OU SERTANEJA?

Por José Romero Araújo Cardoso

O litoral e o sertão exercem fascínios imensos sobre o gênero humano nordestino, pois cada um possui características que atraem as pessoas para seus domínios, marcando de forma irresoluta a formação cultural dos habitantes dessas áreas.
          
A costa branca, região que se espraia pelos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, notabiliza-se pela interação do litoral com o sertão, tendo em vista que constitui parcela da única faixa litorânea semiárida brasileira, influenciando a cultura da população, a qual se notabiliza pela existência de traços identificadores de cada lugar elencado.

Pedro Manuel e Martha Cristina Maia no Teatro Dix-huit Rosado, esperando pelo início do show de Zeca Baleiro. Dia: 06/05/2017. Crédito da imagem: Selfie/Martha Cristina Maia Cristina 
          
Exemplo de dilema referente a pertencimento ao litoral ou ao sertão encontra-se nas preferências e vínculo cultural da poetisa, escritora e pedagoga Martha Cristina Eleutério Maia, pois, ao mesmo tempo em que cultiva suas origens ligadas ao mar, em Icapuí (CE), também não dispensa a culinária típica do sertão, cujos pratos regionais exercem atração incontida sobre ela.
          
O som inconfundível produzido por uma sanfona serve também para ativar o sertanejismo na poetisa que vem defendendo com notável louvor a ênfase à acessibilidade imediata para portadores de deficiência física, bem como outras defesas para melhor qualidade de vida nossos irmãos que tantos infortúnios padecem no dia-a-dia.

Martha Cristina Maia. Paixão pelo mar
          
A vantagem de viver próximo ao litoral semiárido está justamente na viabilidade da junção de culturas opostas que denotam distanciamento entre o litoral oriental e o sertão adusto, cujas formações sócio-econômico-espaciais perfazem existência de verdadeiras nações com tímidas aproximações, com destaque ao advento da pretérita e fragmentada atividade cotonicultora que outrora teve grande importância para a economia sertaneja. Tanto a cana-de-açúcar como o algodão primaram pela monocultura, embora o último tenha vislumbrado consórcios que não houve com a primeira.   
          
O litoral nos permite desfrutar de paisagens paradisíacas, bem como verificadas também no sertão, mas a constatação de que foi possível a junção de características das duas regiões nas práticas cotidianas torna a porção semiárida litorânea brasileira sui generis em termos de relevância em sua geografia humana, motivo pelo qual a poetisa Martha Cristina não pode e nem deve definir-se por qual lugar deve guinar sua identificação enquanto produtora de cultura.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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