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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

SABINO ESTÁ CONDENADO À MORTE

Por José Mendes Pereira


No momento do ataque dos policiais ao bando de cangaceiros de Lampião, lá na fazenda de Seu Antonio da Piçarra Sabino Gomes levou a pior, pois foi atingido, sofrendo um enorme tiro no estômago, deixando-o sem condições de caminhar com os demais cangaceiros. 

Sabino sabendo que não teria a menor chance de sobreviver, pediu a Lampião que o matasse, pois não estava mais aguentando as dores que ora o incomodavam bastante. 

- Capitão Lampião, eu não consigo mais suportar tamanhas dores... Por favor, mate-me logo! 

Lampião sendo amigo de longos anos do Sabino não aceitou a sua solicitação, dizendo: 

- Eu num tenho coragi de matá um cumpanheiro meu e nem tão pouco ordeno aus meus cabras qui o mate. 

Mas Lampião viu que a situação de Sabino Gomes era irreversível, e afastando-se um pouco do local, chamou um dos cabras e disse-lhe: 

-Tire as bala do revóve e intregue a eli, para a genti vê a sua atitude. Maiz veja si num ficou arguma. 

- Sim senhor capitão. – Confirmou o cabra. 

Assim que o cabra desarmou a arma, engatilhou-a e entregou-a a Sabino Gomes. Não demorou. Sabino levou-a ao ouvido e apertou o gatilho. Mas como a arma estava descarregada, não aconteceu nada. 

Lampião vendo que ele queria mesmo morrer, perguntou aos cabras: 

- Quem di ocês teim coragi de sacrificá-lo? 

- Eu não tenho. – disse um dos cabras. 

- Eu muito pior..., disse outro cangaceiro... 

Nesse ínterim, o cangaceiro Mergulhão disse: 

- É meu amigo, mas ele não tem mais como viver... E voltando-se para Sabino perguntou-lhe... Você está ciente do que está nos pedindo? 

- Mais do que ciente... Eu não consigo mais viver.
Ajeitaram um lugarzinho seco e bem limpinho, levaram-no para lá, e cobriram-lhe os seus olhos, evitando que visse o extermínio de sua própria vida. 

Mergulhão deu o tiro de misericórdia na cabeça. E o Sabino Gomes foi embora para eternidade. 

Em seguida, Lampião recolheu-se a um canto do coito, penalizado com o fim do amigo de tantos anos, chorou sem presenciar o enterro do seu grande amigo.

Assim me contou em 10 de abril de 2011 o pesquisador do cangaço Francisco das Chagas do Nascimento. Fiz a minha história baseada na sua informação.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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