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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

TRECHO DO ARTIGO: GRAVIDEZ E MATERNIDADE NO CANGAÇO LAMPIÔNICO (1929-1938)

Material do acervo da pesquisadora do cangaço Noádia Costa

Os partos geralmente eram feitos pelas outras cangaceiras que integravam o bando e em raros casos por parteiras. Diferente do que muitos costumam afirmar, Lampião não realizava partos e o auxílio de parteiras constituía exceção, como deixa claro Antônio Amaury e Leandro Cardoso (2015:92). Dentro dos subgrupos podemos citar como exemplos: Dadá e Maria Bonita desempenhando a função de parteira.

Aglaê Lima (1970: 137) destaca a falta de higiene e as condições insalubres em que eram feitos os partos do Cangaço ao afirmar: “As bandidas tinham partos normais, sem nenhuma higiene. O umbigo do menino era cortado com unhas e não contraíam tétano”. As condições do parto variavam de acordo com a situação que em muitos casos eram difíceis como explica Daniel Lins:


"O nascimento de uma criança representava um momento grave, difícil. A mortalidade era enorme. As crianças sucumbiam quase todas logo após o nascimento. As mulheres davam à luz onde podiam: numa caverna, num leito improvisado, em meio aos cactos, debaixo de um mandacaru, sob um sol violento, ou ainda, em meio a um tiroteio e a uma cortina de balas mortíferas, assassinas."

(LINS, 1997:141)

A precariedade das condições da maioria dos partos fazia com que muitas crianças nascessem sem vida ou morressem poucos dias depois do nascimento. A rainha do Cangaço, Maria Bonita, passou por várias frustrações no que diz respeito às suas gestações. Seu primeiro parto foi complicado, doloroso e o menino nasceu sem vida, causando a tristeza dessa e de seu companheiro Lampião.


Das quatro gestações que teve, apenas a de Expedita foi bem-sucedida. A menina nasceu no dia 13 de setembro de 1932 na cidade sergipana de Porto da Folha. Sobre o alto índice de mortalidade infantil no Cangaço Ilsa Fernandes relatou:

"Se a mortalidade infantil era elevada entre os sertanejos comuns, nos bandos de cangaceiros era maior; muitas dessas crianças morriam antes de serem entregues aos cuidados de outrem, em função das longas caminhadas dos bandos sob o sol escaldante, sofrendo os rigores da sede e da fome."

(QUEIROZ, 2005:52)

Foto 1: Cangaceira Inacinha grávida. Piranhas, 1936. Foto extraída do livro: Estrelas de Couro.
Foto 2: Corisco e sua companheira Dadá grávida. Pão de Açúcar, Alagoas, 1936.
Foto: Benjamin Abrahão.

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