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quarta-feira, 20 de junho de 2018

O ROMÂNTICO REPOUSO DE LAMPIÃO...


Por Verluce Ferraz


“Lampião encontrava-se nas pias da Maranduba com a sua cabroeira provavelmente no descanso do almoço” Cf. Roteiro Histórico e Anotações, de Manoel Belarmino R. Alves Costa.

O cangaceiro Lampião encontrava-se no solo de Poço Redondo, terra de Alcino Alves Costa, em princípio de janeiro de 1932, “in pausare omnipotentis” (em repouso da sua onipotência). A Terra citada, é berço de trinta e quatro cangaceiros, todos servis de Lampião, aos quais ensinou o ofício do cangaceirismo. É de se acreditar que a terra seja boa mãe para com seus filhos. Sendo mãe gentil há de proteger a própria prole. Acolhedora que era, recebeu o mais bastardo dos pernambucanos, deu-lhe abrigo e a paz que provém do coração materno. Lugar de catingueira, suas terras bebem água do Rio São Francisco, nas margens. Mais distante do rio, as suas terras sofrem da seca escaldante. Euclides da Cunhas já disse ‘o sertanejo é, antes de tudo, um forte’. Lampião foi para aquelas cercanias fugindo do Estado e para escapar das leis. 


Vivendo arribado precisava de olhos que cuidassem dele; pagava pelo favor. E de pobre Lampião entendia: qualquer moeda compra os seus serviços. Moeda fazia milagre entre a população carente sertaneja. E Lampião abria o embornal cheio das moedas roubadas para conquistar o povo carente. E gente carente e pobre, por um tostão faz herói e santifica qualquer pessoa. Aconteceu em Poço Redondo, o Antônio Conselheiro virou santo; Lampião tornou-se herói. Será que Lampião, na sua vivacidade, despertara para o fenômeno? No Juazeiro Lampião foi reverenciar o Padre Cícero, é que o cangaceiro era mesmo supersticioso contava com boa inteligencia e pode ter escutado coisas da beata Mocinha, - a moça cuspiu sangue quando recebeu uma hóstia sagrada. Podia até ter dente mole, uma garganta inflamada, uma tuberculose,que a fez cuspir o tal sangue - isso até pode ter levado a jovem beata ao altar? A beata ficou conhecida até em Roma. 


Em Poço Redondo o cangaceiro Lampião estava cercado de olhos amigos - comprados com moedinhas que eram milagreiras, fez amigos e compadres. Muitas bocas e amigos bons. Quando lhe chegam às polícias dos Estados de Pernambuco e Bahia o cangaceiro já sabia até quantos policiais faziam o cerco para lhe prender. O contingente de soldados superior ao número de cangaceiros. Cangaceiros bons de rifle, pelo costume de combates. Andar com Lampião era dormir com um olho fechado e outro aberto; ouvir e escutar bem para distinguir o quebrar de um galho de mato, o canto de uma coruja argorenta. Naquele lugar Lampião tinha em seu favor o povo amigo. Eram muitos. Ainda dispunha de uma ‘luneta que via e enxergava quilômetros, mais que um olho humano’. E as polícias contavam com jovens inexperientes; sequer os jovens soldados conheciam o lugar de Poço Redondo, onde Lampião podia se refestelar-se à vontade. Uma casinha aqui, outra acolá guardavam amigos de Lampião. 


Não tenha dúvidas, as Forças Volantes jamais iriam se sair bem na refrega. O Estado perdeu soldados e Lampião ficou sorrindo mais uma vez. Lampião migrou para outras paragens próximas, arrumou uma companheira que já conhecia da fama do matador – tal qual o mouro shakespeariano, jogou o lenço e conquistou a Maria de Déia – Maria Bonita Rainha do cangaço.

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