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quinta-feira, 9 de julho de 2020

MÁRTIR DO PRECONCEITO



Negra, pobre e injustiçada
Sofreu discriminação
O escárnio dos incrédulos 
Sem dó e sem compaixão
Por ser causa do milagre
Que abalou todo o sertão

Torturada, hostilizada
Vítima da exclusão
Também “palmatorizada”
Pelo Clero, sem razão
Assim viveu a beata
Padecendo humilhação...

Chamada de mentirosa
Sem o mínimo de respeito
Tachada de embusteira
Sem defesa, sem direito...
Maria do Araújo
Foi “mártir do preconceito”

A Igreja equivocada
Como na inquisição
Proclamou-a demoníaca
Fraudadora sem perdão
Subestimou sua fé
Dando-lhe a condenação.

Seus despojos esquecidos
A memória desprezada
Hoje, respeitosamente
Merece ser relembrada
Como vulto da história
Desta cidade Sagrada

(Wellington Costa – Livro Maria de Araújo, Antologia, 2014)


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