Clerisvaldo B. Chagas, 21 de dezembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.438
O acauã é uma ave falconídea dos nossos sertões nordestinos, imortalizada pela cultura sertaneja e pelo intérprete Luiz Gonzaga. Ave do gênero Herpetotheres, é muito odiada pelos sertanejos não instruídos, mediante a tradição de ave agourenta. Entretanto, quem estuda os bichos, não pode deixar o acauã na marginalidade. É fato, porém, e não superstição, que o seu canto é um aviso que está sendo iniciado um período de seca. Nesse caso não é um mau augúrio, mas só um aviso profético natural para que os habitantes da região, possam se preparar para a estiagem. Um amigo que orienta e não espalha o mal. Todavia, pôr o amigo da natureza prevenir sobre a seca, é perseguido e morto pela ignorância que perdura nos sertões.
Além de ser amigo do homem (e ser mal interpretado) o acauã faz a limpeza da região caçando e devorando, roedores, cobras não venenosas e peçonhentas como as mais perigosas do sertão: coral verdadeira, cascavel e jararaca. Veja sobre a própria ave: “No acauã adulto, a cabeça é amarela pálida, variando de marrom a branco dependendo do indivíduo e do desgaste das penas. A máscara facial preta e larga estende-se em torno da parte traseira do pescoço com uma borda branca. As penas da coroa têm eixos escuros produzindo um efeito raiado. A parte superior das asas e da cauda é marrom muito escuro; o uropígio é também amarelo pálido ou branco; a cauda apresenta barras estreitas preto e branco, terminando com pontas brancas. A maioria da parte inferior é amarela pálida, salpicada de marrom escuro nas coxas, incluindo a base das penas primárias. O fim das penas primárias é barrado, com cinza mais pálido. Algumas manchas escuras sob as asas não são incomuns. Os olhos são marrons escuros. A íris é preta; os pés são cor-de-palha”. (Wikispécie).
Tudo isso faz lembrar o senhor Benedito Serra Negra com avançada idade, quando chegava à loja de meu pai em tempo de estiagem, sempre com a mesma frase, referindo-se ao canto do acauã: “Ê, meu fio...” Ê meu fio...”. Um dia nosso romance “Fazenda Lajeado” virá a lume e mostrará uma velha da fazenda aconselhando a matar os acauãs por causa da seca e a defesa de um fazendeiro patrão esclarecido dando lições de preservação. Muitos interpretam seu canto como “Deus está chamando”. “Vai mais um”, por isso e por aquilo o acauã leva pedradas e chumbo grosso.
O passarinho vem-vem (Pitiguari) quando canta, chega um parente distante; quando a rasga-mortalha passa rasgando, morte de pessoa conhecida; o canto da seriema chama a chuva; e o canto do acauã, já foi apresentado acima.
Muito temos ainda que divulgar sobre nossos costumes, crenças e tradições sobre a flora e a fauna sertaneja.
Procure ouvir a beleza da música de Gonzaga, O ACAUÃ E sinta o meu, o seu, o nosso sertão.
ACAUÃ (CRÉDITO: GILVAN MOREIRA).
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