(*) Magali Nogueira Halamadh é professora.
Quando altas figuras da República são execradas pela opinião pública, por conta da Operação Lava Jato, oportuno é recordar como Dom Pedro II foi alijado do Poder, sem nenhuma culpa, sem nenhuma ação feita para ser castigado.
Madrugada de 15 de Novembro de 1889.
Paço de São Cristóvão ao longe se escutava o choro desesperador da Imperatriz Teresa Cristina e de sua filha Isabel, a princesa imperial, que gritava:
"Sem meus filhos não parto do país!" (as crianças encontravam-se em Petrópolis).
O único que se mantinha calmo e tranquilo era Sua majestade Dom Pedro, que parecia esperar por este desfecho há muito tempo! Falava a todo instante:
"Isso não é nada, tudo passará!"
Mas em seu íntimo sabia que ali repousava o final de seu martírio, sua carta de alforria, seria livre finalmente!
O Conde D'EU mais centrado, já sabe o que os espera; o EXÍLIO! Não haverá acordo, terá que deixar o país; tentará então um acordo com os militares; acordo esse que conseguirá, mas será veementemente rejeitado pelo imperador. Não irá aceitar uma moeda do solo brasileiro.
Na madrugada chuvosa, deixam o Paço, nesse momento Dom Pedro parece dar-se conta da gravidade da situação:
"NÃO SOU UM CRIMNOSO FUJÃO PARA SAIR AS ESCONDIDAS!!!"
São acompanhados por poucos amigos... A esse degredo que durará até 1921, com a anistia do Banimento à Família Imperial.
No navio a tristeza é profunda, mas o assunto política nunca é abordado, apenas os literário, grandes serões à noite liderados por Sua Majestade. No entanto, a aflição se instala quando Pedro Augusto, neto mais velho do imperador (filho de sua caçula, a princesa Leopoldina), começa a surtar e delirar ao ponto de tentar assassinar o comandante do navio; trancam na cabine, só o avô o acalma, senta-se ao chão com o neto ao colo, e com ele chora... Sente-se culpado, alimentar a expectativas várias nesse rapaz de que ele ocuparia o trono brasileiro!! Uma cena extremamente triste, como relata a Baronesa de Loreto em suas memórias.
Na primeira parada em Portugal são ovacionados!!!Palácios e dinheiro são colocados à disposição da família, o imperador agradece, mas recusa gentilmente. A Imperatriz adoece, morre de tristeza... Suas últimas palavras...:
"Brasil terra abençoada!!!"
A família parte para a França, Dom Pedro passa a viver em um hotel três estrelas e a fazer o que sempre sonhou; LECIONAR!!!! Na Biblioteca de Paris; História; Geografia, Mineralogia; universitários se aglomeram para escutá-lo, aquele doce erudito de fala pausada e mansa, que tanto tem a oferecer a eles.
Seus companheiros, além dos universitários, são seus livros e nada mais; queixa-se do abandono... Adoece, pneumonia e em 5 de dezembro fecha para sempre seus lindos olhos azuis como os de sua mãe, Leopoldina. Findando-se assim uma vida doada à uma nação desde sua infância, foi-se com sua missão cumprida e alforriado dos grilhões que por meio século o prenderam à responsabilidade de tornar O Brasil uma das nações mais prósperas de sua época e vendo que esta mesma não agora estava amarrada a grilhões de uma REPUBLIQUETA FEITA às avessas em uma noite úmida com seu povo a dormir passivamente...
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