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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

NA QUIXABEIRA ONDE O CANGACEIRO JURITI FOI QUEIMADO VIVO

 Por Rangel Alves da Costa


O ano era 1941. O cangaço já havia encontrado seu desfecho na Chacina de Angico de 38. Após as entregas do pós-cangaço, o afamado cangaceiro Juriti (o baiano Manoel Pereira de Azevedo), um dos mais perversos do bando de Lampião, acabou encontrando a morte pelas mãos do cruel e sanguinário Sargento Deluz (Amâncio Ferreira da Silva), terrível caçador de cangaceiros que se negava a dar trégua aos deserdados bandoleiros das caatingas, cuja base de atuação era nos sertões sergipanos de Canindé de São Francisco.

Mas Juriti teve seu destino selado por uma saudade sentida de sua ex-companheira dos tempos cangaceiros: Maria de Juriti. Assim, como a ex-cangaceira havia retornado para o lar familiar na região da Fazenda Pedra D’água (nas proximidades da famosa Fazenda Cuiabá), e após vaguear pelo mundo como ser comum e trabalhando pela sobrevivência, em 1941 resolveu retornar ao sertão sergipano, e certamente com vontade de rever Maria e alguns conhecidos. Contudo, a notícia da chegada do cangaceiro logo chegou aos ouvidos do Sargento Deluz.

Não demorou para que o feroz militar providenciasse o cerco da residência de Rosalvo Marinho, onde Juriti se arranchava. Preso, foi logo amarrado e conduzido em direção a Canindé. Mas na estrada, a solução encontrada foi outra. Deluz mandou que seus soldados preparassem uma fogueira grande, com toco de pau e mato seco, logo abaixo de uma quixabeira, e nas chamas lançou o indefeso cangaceiro. E pelos sertões, os versos ainda ecoam: “A fogueira de Deluz, deu luz de gemido e dor. Entre as chamas da fogueira, Juriti não mais voou. O cangaceiro perverso, pelas mãos da perversidade em cinzas se transformou...”.

Rangel Alves da Costa, pesquisador, poeta e escritor

Conselheiro Cariri Cangaço, Poço Redondo-SE

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