Herbet Frota
https://www.youtube.com/watch?v=lABbRiJy-I8&ab_channel=HerbetFrota
Conheça a triste
história do ilustre Padre Mororó, que foi condenado a morte e executado em
praça pública em Fortaleza-CE.
Conheça a triste
história do ilustre Padre Mororó, que foi condenado a morte e executado em
praça pública em Fortaleza-CE.
https://www.youtube.com/watch?v=lABbRiJy-I8&ab_channel=HerbetFrota
XXX
EXECUÇÃO DE PE. MORORÓ
(Escrita pelo Diário de Frotaleza e publicada em 03 de Maio de 2008. Regional)
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/execucao-de-pe-mororo-ocorreu-ha-183-anos-1.729976
Padre Mororó
Filho
ilustre do município de Groaíras, Padre Mororó foi um dos mártires da
Confederação do Equador
Fortaleza. Há 183 anos morria Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo, que se
consagrou na história do Brasil como Padre Mororó, um dos expoentes do
movimento político que ficou conhecido como a Confederação do Equador. Padre
Mororó foi morto a tiros de arcabuz no dia 30 de abril de 1825, numa execução
ocorrida no Passeio Público, em Fortaleza, após ter sido preso e acusado de
praticar três crimes: proclamação da República de Quixeramobim; secretariado o
governo revolucionário de Tristão Gonçalves e redigido o “Diário do Governo”, o
primeiro jornal do Estado do Ceará.
A condenação determinava o seu enforcamento porém, por não haver quem quisesse
servir de algoz, a pena comutada para fuzilamento, ou melhor, tiros de arcabuz,
uma antiga arma de fogo portátil, espécie de bacamarte. A crônica de Viriato
Correia descreve com perfeição os últimos minutos de Padre Mororó: “Naquele dia
30 de abril de 1825 havia em Fortaleza um grande rumor de multidão emocionada.
Ia ser executado pelas tropas imperiais o Padre Mororó. Na praça em que vai
haver a execução, a multidão é tanta que, a custo, as tropas conseguem abrir
passagem. Mororó é colocado na coluna da morte. Um soldado traz a venda para
lhe por nos olhos, ´Não´, responde ele, ´eu quero ver como isto é´. Vem outro
soldado para colocar-lhe sobre o coração a pequena roda de papel vermelho que
vai servir de alvo. Detém a mão do soldado: ´Não é necessário. Eu farei o alvo´
e, cruzando as duas mãos sobre o peito, grita arrogantemente para os praças:
´Camaradas, o alvo é este´. E num tom de riso, como se aquilo fosse brincadeira
diz: ´e vejam lá! Tiro certeiro que não me deixem sofrer muito´”.
Segue Viriato, em seu relato: “Houve na multidão um instante cruel de
ansiedade... A descarga estrondou. O Padre Mororó tombou sem vida. A seus pés
tinham caído três dedos da mão que as balas deceparam”.
O seu nome, como de muitos outros mártires brasileiros, encontra-se na gaveta
empoeirada do esquecimento, inclusive na sua cidade natal, Groaíras, pouca
atenção tem sido dispensada àquele que foi seu filho mais ilustre. Nas décadas
de 60 e 70, o então prefeito Cezário Feijó de Melo, um de seus descendentes,
colocou o seu nome numa rua e numa praça. Na década de 80, quando governava o
município, Joaquim Guimarães Neto, foi feita a divisão da cidade em bairros, o
local onde ele nasceu, conhecido como Mato Grosso, passou a chamar-se bairro
Padre Mororó, porém, pouca gente hoje tem conhecimento disso e, por tal razão,
continua a ser conhecido pela antiga denominação.
Falta de atenção
Naquela mesma década, por sugestão de um grupo de groairenses que criaram a
Associação dos filhos de Groaíras residentes em Fortaleza, e por influência do
desembargador José Maria Melo, foi construído um memorial: prédio moderno,
bonito, porém, abandonado, infelizmente.
Esta falta de atenção já foi percebida, em 1975, pelo ilustre historiador
sobralense, padre João Mendes Lira, que assim se manifestou: “O Padre Mororó
foi tão elevado em seus ideais cívicos, religiosos e sociais quanto o General
Sampaio. Por que, então, não deixar em Groaíras uma lembrança que perpetue a
bravura, o destemor, o heroísmo de um homem que soube dar sua vida pelos nobres
ideais que professava?”. Embora padre Lira não tenha dito expressamente, ao
citar a cidade de General Sampaio, outro grande cearense, nascido na localidade
que hoje tem o seu nome como homenagem, quis o ilustre professor sugerir a
mudança do nome de Groaíras para “Padre Mororó”, idéia com a qual concordo e
aproveito para conclamar os groairenses a apoiá-la.
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
Religioso destacou-se na luta republicana
Fortaleza. Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo foi o nome de batismo de
Padre Mororó, que nasceu no dia 24 de julho de 1778, no Riacho dos Guimarães,
atual Groaíras. Ele iniciou os estudos no Interior do Ceará. Ainda moço foi
mandado para o Seminário de Olinda, onde se ordenou. Como padre, foi capelão
nas Vilas de Boa-Viagem, Tamboril e Quixeramobim.
Ele foi professor de língua latina em Aracati e jornalista, redator do primeiro
jornal do Ceará — lançado em 1º de abril de 1824. Foi também político e
secretário do governo revolucionário de Tristão Gonçalves, quando teve
participação ativa no movimento da Confederação do Equador.
Pe. Mororó destacou-se como idealizador e signatário da histórica sessão de 9
de janeiro de 1824 da Câmara de Quixeramobim. Neste dia, reunidos clero,
nobreza e o povo, proclamou-se a primeira República do Brasil, rompendo assim
com a monarquia absolutista de D. Pedro I.
O motivo daquela histórica sessão foi a grande traição cometida pelo imperador,
que dissolveu, em novembro de 1823, a Assembléia Geral Legislativa e
Constituinte que ele mesmo houvera instalado para escrever a primeira
Constituição do Brasil, em maio do ano de 1823. Tudo isso aconteceu em 1824, 65
anos antes da proclamação da República, em 1889, sete meses antes da
Confederação do Equador, iniciada em 26 de agosto de 1824.
Movimento autonomista
A Confederação do Equador, o mais significativo movimento autonomista e
republicano acontecido no Brasil, no início do século XIX, foi causado pelo
descontentamento que a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, e a
outorga da Constituição de 1824, por D. Pedro I. Isto provocou, no Nordeste,
uma insatisfação geral.
Pernambuco foi o centro irradiador deste descontentamento. No entanto, no
Ceará, ao receber a notícia, vinda pelas mãos do diácono José Martiniano de
Alencar, que à época estudava no seminário de Olinda, a Câmara da Vila de Campo
Maior de Quixeramobim, numa memorável e heróica sessão, acontecida no dia 9 de
janeiro de 1824, proclamou a primeira República do Brasil, quebrando, então,
todos os laços que havia com a realeza, acusando, inclusive, o imperador de
traidor da Pátria e declarando-o e toda a sua descendência decaídos dos
direitos ao trono.
Determinou também que de imediato se organizasse um governo republicano para, o
quanto antes, substituir o Governo Provisório existente na Capital e que ainda
fora nomeado pelo usurpador deposto. Essa histórica sessão deu início ao
movimento libertário que tantos sacrifícios custaram aos nossos conterrâneos.
Heróico movimento
Comandadas pelo groairense Padre Mororó — que, além de liderar, participar e
subscrever aquela memorável ata, determinou que fossem enviadas deputações a
outras Vilas para comunicar e conseguir adesão, como de fato sucedeu — as
Câmaras das Vilas de Icó, Aracati e São Bernardo das Éguas Russas aderiram de
imediato à causa, reproduzindo e fortalecendo o movimento que daí se espalhou
por toda a província do Nordeste.
O heróico movimento teve figuras ilustres dos cratenses: Bárbara de Alencar e
seus filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves, do groairense, Mororó, do
sergipano de Santo Amaro da Brotas, Pereira Filgueiras e tantos outros heróicos
e valentes conterrâneos. Todos escondidos por trás de alcunhas como Alecrim,
Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-flor, Bolão, Carapinima, Crueira,
Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupiras, Oiticica. E, mesmo
cientes de que a luta poderia lhes trazer serias conseqüências, foram adiante.
De fato, muitos pagaram com a vida.
Domingos Pascoal
Especial para o Regional
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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