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quinta-feira, 3 de março de 2022

À MARGEM DO ABISMO

Por José Cícero

À beira do imenso abismo uma vez o poeta decidiu ficar. Embevecido de muitas verdades ficou horas a fio ali de modo impassível a contemplar os perigos da vida; buscando encontrar uma nova maneira de se convencer a continuar. Pensou na vida diante da morte e na sua capacidade de acreditar, ainda que o mundo o contrariasse. Enfim, se despira de todo o tédio como do medo que até então o habitara. Logo o seu espírito ficou leve e suave. Enquanto a sua alma se vestiu de anil e de verdades.

Imaginou coisas novas como razão absoluta para sonhar como dantes em sua infinita e alada mocidade. Refletiu um pouco mais sobre à eternidade. Como ainda, sobre a finitude ante o imponderável das coisas intangíveis com os seus desejos loucos e impossíveis. Viu como quem olha para dentro de si mesmo todo o fenômeno contido no encantamento e no momento formidável. Renasceu das próprias cinzas: Hércules Quasimodo, Ícaro, Teseu, Sisifo e Prometeu...

Assim se sentiu como que voasse entre anjos e entre pássaros pelos céus. Quando a partir daquele ponto coberto de estranhamento imaginou puder recomeçar. Criou coragem. Desejou pular por sua conta e risco o seu abismo pessoal; sem ao menos notar; nem o perigo, nem o mistério. E assim, à margem do abissal perigo de si mesmo o poeta, finalmente descobriu milhões de quimeras e outras possibilidades. Como igualmente, que nenhum abismo existe de verdade, senão aquele que sempre existiu e que fora construído aos poucos por ele e pela vida inteira dentro de si.

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