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sexta-feira, 15 de abril de 2022

O CAPITÃO LAMPIÃO CONDENADO À MORTE

Por José Mendes Pereira

Meu amigo leitor, é apenas uma brincadeirinha com o capitão Lampião. Não use na literatura lampiônica. É mais para quem gosta de ler atê o que está escrito em bula de medicamento.

Depois do coito pronto, que possivelmente a cangaceirada iria passar de 6 a 10 dias para descansar um pouco os seus corpos de alguns combates, que fazia a turba, lá na central administrativa o capitão Lampião arrumou as suas riquezas e disse à Maria Bonita, que precisava enterrá-las por não confiar em alguns dos seus facínoras. E apoderando-se delas, de um facão rabo de galo e de seu inseparável mosquetão, foi à procura de um lugar seguro para ocultá-las das vistas daqueles que se "os olhos vissem, as mãos pegavam". Era costume do rei sempre que chegava a um novo coito, enterrava as suas jóias e valores, pelo menos até o último dia da sua permanência naquela região.

Distante do coito, mais ou menos um quilômetro de caminho percorrido em uma mata fechada, o capitão encontrou um pé de Aroeira, e lá, abancou-se para fazer a escavação no chão com o facão. Encostou o mosquetão por trás da árvore. Cavou o buraco, e em seguida, cuidadosamente, colocou algumas jóias dentro sem cobrir com barro, porque ainda tinha uma porção de notas que ele precisava selecioná-las. Sentou-se numa pedra e pôs-se a separar uma por uma. Cédula de maior valor colocava sob o seu pé direito, e cédula de menor valor, prendia-a com seu pé esquerdo.

Despreocupado e sem perceber o perigo que estava correndo, naquele lugar, vinha se aproximando um homem, conduzindo uma espingarda de vareta em uma das mãos. O visitante ficou espiando e reconhecendo que era o capitão Lampião, por ter visto o anúncio do governo que a sua cabeça estava valendo uma boa nota, caiu no interesse de ver a possibilidade de ali mesmo assassiná-lo, com a sua espingarda, e em seguida, degolar a cabeça e fazer carreira atrás das autoridades para pagar-lhe o combinado no anúncio. Viu de cara que o capitão não dispunha de nenhuma arma de fogo, porque o seu mosquetão estava encostado por trás da árvore. Foi-se aproximando cautelosamente. E já quase em cima do capitão, perguntou-lhe:

- O senhor é o capitão Lampião?

O capitão Lampião assustou-se um pouco, mas viu que aquele homem raquítico mais parecendo um tuberculoso, não lhe fazia nenhum medo. E educadamente disse:

- De carne e osso! É ele mesmo o capitão Lampião.

O homem na ambição do dinheiro que valia a cabeça do cangaceiro, disse-lhe:

- O senhor se apronte que vai morrer!

Lampião pôs-se a imaginar um bom tempo e se perguntando: “- já fui baleado com armas de grande porte e não morri, agora estou nestas condições, talvez morrer com um tiro de uma espingarda velha e enferrujada de vareta, e além do mais, atirada por um Zé ninguém que mal sabe manusear uma carabina".

Ficou usando o tempo para ver se conseguia que aquele maluco, desistisse daquela ideia absurda, de atirar nele com a arma enferrujada. E usando a sua inteligência, disse-lhe:

- Agradeço ao senhor querer me matar, porque eu há dias que venho procurando me suicidar, mas me lembro que quem mata a si próprio, não tem salvação. Já matei tanta gente, e hoje me arrependo das crueldades que fiz com várias pessoas sertanejas, e muitas delas, estavam pagando um preço caro, e nem mereciam passar pelas minhas mãos vingativas, ou pelas mãos dos meus comandados. E antes que o senhor me mate, aqui está uma quantia em dinheiro, e lá na frente, dizia ele apontando para o buraco onde estava o ouro, naquele buraco tem ouro. Mas só pegue quando me matar. Esse seu gesto é nobre. Só preciso de um tempinho para me aprontar aqui no chão.

Como já tinha separado as notas, o capitão pegou os dois pacotes, enrolou-os no seu lenço e jogou o embrulho A intenção de Lampião era ganhar tempo para apanhar o mosquetão que estava por trás da aroeira. Em seguida, pediu que o sujeito caminhasse um pouco à frente, para quando se virasse, já atirar, arrebentando a sua cara. E assim foi feito. Enquanto o maluco caminhava de costas Lampião apanhou o seu mosquetão, e em voz alta, ordenou:

- Pronto! Pode se virar e atirar.

E assim que o homem se virou em sua direção, Lampião mirou mesmo no meio da barriga e estampou um tiro certeiro. O homem caiu dando um grito dos diabos. "-Tome, seu coronavírus!!

Homem no chão, Lampião foi-se embora para o coito. E ao chegar, já encontrou Maria Bonita feita uma jararaca, acusando-o de ter ido procurar capivaras nos arrabaldes do coito. Capivara eram mulheres da vida.

Lampião se defendia, mas as suas desculpas não serviram para amenizar o ódio da rainha. De repente, lembrou-se que tinha deixado por lá o seu ouro e as suas cédulas nas mãos do morto. E se mandou para buscá-los. E ao chegar, viu que o homem tinha fugido com o dinheiro e seu ouro.

Como assim? Se ele tinha atirado mesmo no meio do estômago, fazendo-o cair ao chão, já morto e como ele tinha fugido dali levando as suas riquezas?

Mas o rei não sabia que o último pente de balas que tinha comprado a um policial, era bala de festim. O homem caiu assustado com o tiro em sua direção. E ao tornar, viu que não tinha morrido, e se mandou com o ouro e as cédulas do capitão.

O capitão Lampião perdeu-se totalmente. Perdeu um pouco das suas riquezas. E ainda por cima, ao chegar novamente no coito, Maria Bonita não era mais uma cobra jararaca, e sim uma cobra naja.

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