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segunda-feira, 18 de julho de 2022

NÃO PRECISA LER. É SÓ COMO ARQUIVO NO NOSSO BLOG - SEU LEODORO AO ANOITECER, FOI ATÉ À CASA DO COMPADRE GALDINO, PARA JUNTOS, RELEMBRAREM VELHAS HISTÓRIAS SOBRE ONÇAS.

Por José Mendes Pereira

https://www.todamateria.com.br/onca-pintada/

Mesmo com dúvidas, se verdade ou não, seu Leodoro Gusmão era um apreciador das histórias sobre onças, todas contadas pelo seu compadre seu Galdino. Dúvidas, tinha, mas não podia dizer que, “aquelas suas histórias eram cabeludas”. Não senhor! Nas viagens que sempre fez com ele, procurando os seus animais de curral, nunca viram uma onça sequer. Mas, seu Galdino garantia que naquela região era infestada de onças perigosas, e de várias cores.  E algumas delas, ele calculava um peso de 20 arroubas mais ou menos. O tamanho seria de 2,30 a 2,50. Para que desmentir o seu compadre e amigo de longos anos? De forma alguma.

Seu Leodoro trouxe do berço, uma educação para homem nenhum botar defeito. Nunca fora crítico, e não tinha coragem de decepcionar ninguém, muito menos um amigo e compadre de fé. Uma verdade ou uma mentira a mais, não seria por isso, que iria duvidar, somente para decepcioná-lo. Não senhor! Isto não estava no seu humilde e leigo dicionário "matuto".

http://www.diocesedemossoro.com/2017/02/catedral-divulga-missas-no-carnaval-e.html

Foi numa quarta-feira de cinzas, em uma manhã nublada, que se tornaram compadres, lá na Catedral de Santa Luzia. O vigário que oficializou o batizado do filho do seu Leodoro, foi o famoso e querido Padre Humberto Bruening, que durante a recepção, vez por outra, chamava a atenção dos padrinhos, que abençoassem de coração as famílias, conservassem as amizades, e dispensassem alguns problemas que surgissem entre eles.

Monsenhor Huberto Bruening

Assim que o batizado terminou, seu Galdino foi incumbido para cuidar da formação daquele filho do seu Leodoro que havia apadrinhado. E de imediato, olhando para ele, disse-lhe:

- Aí, está teu filho, meu compadre Galdino! Cuida dele. Ser padrinho de uma criança é tomar todos os cuidados, e se responsabilizar por ela, principalmente da sua formação.

- Sim senhor! Fez seu Galdino cheio de timidez.

Seu Galdino ficou meio admirado com a advertência do seu Leodoro. O contador de histórias de onças, ficou como se estivesse hipnotizado. Nenhuma palavra saía da sua boca, para confirmar ou contrariar um pouco o que dizia seu Leodoro. E ali, permaneceu se perguntando: “Será que meu compadre sabe dos meus desejos pela Gertrudes, sua esposa?" Ou será que ele acha que o filho é meu?

Não, seu galdino! O velho fazendeiro Leodoro nunca imaginou tal coisa contra a sua honrada esposa. 

Seu Galdino nunca havia feito o que muitos homens fazem, mudar de mulher. Tinha aquele desejo irresistível pela mulher do agora compadre, mas nunca tocara nela nem com uma flor de jasmim, porque, a dona Gertrudes não era qualquer uma que se entregava fácil. E jamais, ela teve pensamentos ridículos com ele, e nem com homem nenhum, somente estava para o seu marido e mais ninguém.

Quando ainda jovem, e nem conhecia seu Leodoro, seu Galdino tivera um namorico passageiro com a Gertrudes, e   em um passeio na praia de Tibau, ali pelas dunas, e numa delas, meio declinada, Gertrudes pediu ao seu Galdino que pegasse para ela uma flor, que viçosamente, nascera entre as areias coloridas do abismo. Seu Galdino partiu para apanhar a flor. Mas, infelizmente, ao tentar apanhá-la, seu ele caiu de barreira abaixo. Quando ela viu que o jovem paquerador iria se arrebentar ali mesmo, virou-se para o outro lado e gritou:

- Não precisa mais Galdino, eu já peguei uma aqui.

Depois, lá se vinha seu Galdino subindo a duna todo quebrado.

Mas nessa noite, depois de algumas histórias de onças contada por seu Galdino, seu Leodoro pretendeu criar uma historinha para ele ouvir. E de repente, surgiu com a sua história meio cabeluda.

- Eu acredito plenamente nas histórias que o senhor conta sobre onças compadre, porque tudo é possível. A que eu tenho para lhe contar não é sobre onças, mas muito interessante. A última vez que a Gertrudes, minha esposa, foi visitar os seus familiares lá nas Minhas Gerais, fez um passeio nas águas de uma lagoa, isto sobre o lombo de uma cobra sucuri, com mais de 20 metros de comprimentos, e da espessura de um tonel. 

https://www.portaldoholanda.com.br/sucuri

Ela ainda me adiantou que - continuava seu Leodoro - a sucuri já era treinada para este fim, servindo de prancha para os turistas que ali apareciam e queriam surfar sobre as águas da lagoa. O que ela me contou, fiquei de boca aberta, compadre! O início do passeio foi na beira da lagoa, a sucuri deu partida, com a Gertrudes em cima dela, em pé, de braços abertos, como se fosse uma sufista, ou a estátua do Cristo Redentor, e saiu rodeando a lagoa, com toda velocidade. 

https://ingressos.paineirascorcovado.com.br/home

E quando chegaram ao lugar de onde haviam saído, a sucuri deu um freio tão grande, mas foi tão grande, que a jogou longe da lagoa, saindo feito uma roda, passando sobre pedras, matos rasteiros, rodando sobre o solo, embolada como se fosse um tatu bola.

- Meu Deus! – Fez seu Galdino.

E quando ela caiu na real, isto é, há tempo tinha saído de cima do lombo da sucuri, já estava no terreiro dos seus familiares, porque havia esbarrado em um rio que passava em frente à casa da família. E ao cair nele, a água corrente a levou até lá".

- Minha nossa Senhora! Que coisa, hein! – admirou-se seu Galdino.

Já satisfeito com o troco que havia dado ao seu Galdino, sobre uma história que ele tinha contado, seu Leodoro disse:

- Eu já estou indo, compadre Galdino. Eu preciso ir ao campo. 

Despedindo-se, montou-se na égua e foi-se embora.

- Mas que compadrinho mentiroso! Que sucuri que nada! Nesses dias ela irá surfar em outra cobra, mas desta vez surfará é na minha anaconda. -Dizia seu Galdino balançando a cabeça e se desmanchando em risos, pela grande mentira que o Leodoro soltara naquele momento.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

 

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