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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

A CASTRAÇÃO DE PEDRO BATATINHA!

 

Por Moustafá Veras

No ano de 1930 durante sua segunda passagem pelo município de Nossa Senhora das Dores no Estado de Sergipe, Lampião e seu bando praticaram várias atrocidades, entre elas a castração do pobre Pedro Batatinha, que teve a infelicidade de encontrar-se com o bando quando vinha da localidade conhecida como Malhada dos Negros para Nossa Senhora das Dores, com o objetivo de tratar um problema dentário que há dias o incomodava. 

Aproximando do povoado por nome Tabocas Pedro Batatinha ouve dois tiros, sem saber que naquele momento estava sendo morto um rapaz que tinha problemas mentais e que segundo contam, teria mexido com o cavalo de Lampião, o que o sentenciou imediatamente a morte. 

Seguindo sem tomar ciência do acontecido, Batatinha segue seu caminho e mais adiante, para sua infelicidade, encontra-se com o bando que nesse momento cercava o cadáver daquele que fora há pouco assassinado. 

De repente Pedro Batatinha se vê em meio ao bando de cangaceiros e começa a partir daquele momento seu suplício. Foi logo cercado e revistado, tomando-lhe a quantia de 20$000, único dinheiro que trazia. 

Obrigaram-no, em seguida, a voltar com eles, e ao chegarem ao povoado “Cachoeira do Tambory” [na verdade, Lagoa dos Tamboris]. Os dois bandidos começaram, então a surrá-lo a chicote de três pernas, ambos ao mesmo tempo, sem motivo, sem quê nem pr’a quê. 

Empolgou-se de tamanho terror que não sentiu dores. Após a sova, eis que chega um terceiro, de apelido “Cordão de Ouro”. Ordena-lhe que descesse as calças e, segurando-lhe os dois testículos, cortou-os de um só golpe, atirando-os fora, debaixo das gargalhadas e chacotas dos companheiros. 

Disse-lhe o facínora: 

- Quem lhe fez isto foi “Cordão de Ouro”, é a lei que manda e tenho feito em muitos. 

Lampião ao montar, aproximou-se dele, sacou do punhal e cortou-lhe um pedaço da orelha esquerda, acrescentando: 

- É um garoto que precisa sê marcado, p’ra eu conhecê quando encontrá. Vocês trate do rapais senão quando eu passá aqui arrazo cum vocêis todo (PRATA, Ob. cit., p. 98). 

Batatinha, enfim, fora socorrido pelo Dr. Belmiro Leite, em Aracaju.


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