Por João da Mata Costa
Na véspera do
dia de finados, dia de Todos os Santos, faleceu um grande estudioso do cangaço
e da cultura sertaneja. Alcino Alves Costa – sobrinho do cangaceiro- poeta
Manoel Marques da Sila, o Zabelê- , nasceu em Poço Redondo – SE, e ai viveu
intensamente a sua história como ativo protagonista e guardião de sua história
contada numa dezena de livros.
Filho de
Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino foi um politico
que amava sua terra e costumes. Foi prefeito por três vezes do município de
Poço Branco, deixou a politica para se dedicar ao estudo do cangaço e das ricas
tradições culturais de sua terra natal amada. Grande contador de causos, um
caipira como gosta de ser chamado, é referencia obrigatória em se tradando de
cangaço. Mesmo sendo um profundo conhecedor da saga lampiônica, não tinha a
presunção daqueles que se consideram dono da verdade. Gostava de dizer, essa é
a minha versão. O seu primeiro livro sobre o cangaço, já em terceira edição,
teve o prefácio da professora antropóloga Luitgarde Barros, que escreve: “este
livro não é de ficção”, pelo contrário, o livro tem como objetivo a
desmistificação de alguns detalhes envolvendo um dos fenômenos social mais
estudado do Brasil, o cangaço.
Um homem
simples apaixonado pela vida e pelas mulheres. A paixão pelo cangaço e Sergipe,
só perdia para elas. Casou muitas vezes e deixou muitas viúvas. Além dos livros
que conseguiu publicar, deixou outros inéditos. No inicio de 2012 estivemos
visitando o Alcino em sua casa em Poço Redondo. Ele se queixava de gota e
andava com dificuldade, mesmo assim nos atendeu e tivemos uma bela proza
coletiva onde bebíamos a largos goles tanta sabedoria feita de um longo e
laborioso viver cantando e glosando as coisas do cinzento sergipano, palco da
morte de Lampião na grota de Angicos. Na ocasião da nossa visita ele me
autografou vários livros de sua autoria. “Lampião além da versão – mentiras e
mistérios de Angico” ( 3ª edição 2011) , “O Sertão de Lampião” ( 2ª edição
2008); e “Poço Redondo, a saga de um povo” ( 2009).
No prefácio ao
livro lampião Além da Versão, ele repte: Estimado João da Mata, nas paginas
deste livro a história de Lampião além da versão. Do amigo e autor Alcino Costa
25/01/2012.
Na dedicatória
ao livro O sertão de Lampião “, ele escreve: Na história brasileira a saga de
Lampião tem lugar de destaque e o nosso sertão “O sertão de Lampião” o seu principal
e social cenário.
Alcino Alves
Costa viveu toda a sua vida num dos principais cenários, palco da saga de
Lampião. Ouvindo pessoas e pesquisando os lugares e refúgios onde foram
travadas as batalhas ele pode reunir muitas histórias e versões contadas dos
embates entre coroneis, volantes, coiteiros e beatos.
Pode não ser a
versão verdadeira, mas é uma versão que precisa ser ouvida e lida. Seus livros
ficam e são imprescindíveis para quem estuda o cangaço e os costumes e cultura
dos nordestinos.
O autor ainda
escreveu um livro que ele considerava o seu melhor trabalho. “Maria do Sertão”,
seu primeiro romance ficcional. ficcional. História e Lendas do Sertão, entre
outros livros escritos por Alcino Costa, enriquece a etnografia nordestina.
Vai em paz meu
querido amigo
Saudades
João da Mata Costa
http://substantivoplural.com.br/adeus-a-alcino-alves-costa-17061940-a-01112012/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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