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domingo, 3 de março de 2024

MAR ABERTO

 Por Zé Salvador



Nas velas o nobre sangue,

grafando os seus ancestrais:

povo Nagô, Iorubá

foram de formas brutais

jogados no cativeiro

pra servir ao estrangeiro,

desde os avós e seus pais.

.

Estalou chicote abordo

no lombo da rebeldia,

o mar batendo na proa,

vendo aquela covardia

gemem ressacas e mastros

assistindo humanos lastros,

nessa abissal agonia.

.

Foi Soba na sua aldeia,

Régulo no seu território,

mas vencido pela guerra

teve um poder transitório,

foi feito prisioneiro

nos porões do cativeiro,

pisou no caminho inglório.

.

E nas mãos do capataz

que sofreu grandes agruras,

o chicote lhe doeu,

doeu mais foram fraturas

no seu brio, alma e orgulho,

superou dando mergulho

pra fora das amarguras.

.

Pediu aos seus orixás

resignado e bem forte,

que desse para seus filhos

uma diferente sorte,

pra viver e trabalhar

e os descendentes criar,

não sendo assim, dê-lhe a morte.

.

Ergue à luz da liberdade,

seu filho amado "liberto",

grilhões quebrados nos pulsos,

Porém com caminho incerto,

Nas águas dessa incerteza

Navegou sua nobreza

Quando singrou mar aberto.

PoiZé!

Poema e foto de Zé Salvador.

S.G.01/03/2024.

 


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