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domingo, 21 de abril de 2024

O FIM DE CORISCO

Por Beto Rueda

Naquele 25 de maio de 1940, o combate entre a volante de Zé Rufino e Corisco não foi necessariamente um fogo, como nominavam os tiroteios entre as volantes e os cangaceiros. Corisco não estava mais a frente de seu grupo principal.

Na oportunidade viajavam Corisco, Dadá, Rio Branco, Florência e a menina Zefinha. Não estavam mais atuando como cangaceiros, já não usavam mais sua característica indumentária. Vestidos como civis e carregando o que restara dos espólios do cangaço, viajavam em fuga, rumo a uma vida clandestina e distante das caatingas que dominaram por anos.

O pequeno grupo seguia viagem e, à altura da cidade de Barra do Mendes, Bahia, pediram pouso na fazenda Pacheco. Passavam-se por romeiros em direção a Bom Jesus da Lapa. Possivelmente o destino final seria o Estado de Minas Gerais.

Na época Corisco já não lembrava nem de longe o estereótipo de guerreiro que havia adquirido nos anos de combate. Deficiente de ambos os braços em decorrência de ferimentos a bala, já sem a sua famosa cabeleira alourada, era alcoólatra e tinha dificuldades em atirar.

Em Patrocínio do Coité (Parapiranga), o tenente Zé Rufino buscava rastrear o último grupo de cangaceiros que ainda perambulavam em liberdade. Perspicaz e incansável, ele conseguiu pistas do possível paradeiro de Corisco.

O grupo de soldados chega a fazenda Pacheco onde estavam os retirantes. Dadá é a primeira a perceber a chegada da volante e alerta Corisco que prontamente começa a atirar contra os policiais. Rio Branco e Florência estavam afastados e fugiram ao escutar os primeiros disparos. Corisco e Dadá enfrentaram sozinhos o grupo volante enquanto a menina Zefinha se escondia embaixo da cama.

Em poucos minutos de ação efetiva, Dadá é baleada e cai no chão, gritando para que Corisco fuja, mas não houve tempo. Alvejado por uma rajada de metralhadora disparada pelo soldado Mulungu, cai com as vísceras à mostra. Estava mortalmente ferido mas ainda respirava.

O cangaceiro Corisco, valente e afamado, morre horas depois. Dadá é operada, tem a perna amputada, mas sobrevive.

Acaba-se assim os dias de cangaço no Nordeste brasileiro.

Fonte:

AMARAL, Moisés Santos Reis. Liberino Vicente e o cangaço. Cangaço em Revista, Salvador, v.2, p. 1-115, 2023.

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