Acervo do Jaozin Jaaozinn
Fotografia do
capitão Osório (ou Ozório) Cordeiro da Silva — comandante da força baiana —,
após guerrear com o grupo de Lampeão no Raso da Catarina, região baiana, no
início do mês de janeiro de 1932. Dentre os espólios, entra em destaque o
cavalo que pertenceu ao Rei Cangaceiro, agora em posse do militar. Registro
batido por repórteres do jornal Diário da Noite/RJ, em 1932.
Na reportagem
afirma que após esse confronto, o grupo cangaceiro se dirigiu para o Estado de
Sergipe, se aproximando das terras pertencentes à antiga Aquidabã/SE, tocando o
terror nos habitantes e moradores locais. Depois, no dia 6 de janeiro, invadem
a cidade de Canindé/SE (conhecida Canindé de Baixo), onde depredam e queimam
casas/comércios e são ferradas, por Zé Baiano, três mulheres (Maria Marques,
Anízia do Forno e Isaura): duas por usarem cabelos curtos (Anízia e Isaura) e
uma por ter parentesco com volante (Maria).
(Obs: questão
essa, da saída do Raso para Sergipe, que difere das informações publicadas por
outros pesquisadores, porém, no momento não vem ao caso)
Ademais, ainda
no periódico, cita a estadia do coronel João Felix de Souza, comandante das
tropas da Bahia, nos sertões com o intuito de avaliar as diligências contra os
bandidos e propor uma perseguição dura contra os coiteiros. Disse, com toda
razão, que um dos motivos da polícia não conseguir chegar "de vez" no
"Capetão", é pela forte rede de proteção e informação que este tem
através de seus coiteiros. Podemos dizer que foram a base principal do cangaceirismo;
sem eles, certamente grupos ou bandoleiros solos não iriam resistir por tanto
tempo. Em comparação, o resultado do trabalho do coronel João Félix com os
sertanejos foi maior do que as atribuladas ações do sangrento tenente Dourado
(ou Douradinho) — que defendia também uma dura retaliação contra os protetores
de cangaceiros; todavia, praticava crueldades em excesso contra os acusados e
contra sertanejos que não tinham nenhuma ligação com o cangaço —, que
torturava, matava e espancava sertanejos inocentes.
Outro fato de
suma importância e que é pouco relatado, é o êxodo de famílias sertanejas dos
sertões, em específico daquele ano, da Bahia e Sergipe. Após os abusos
praticados por ambos os lados (volantes e cangaceiros), bem como suas moradias
serem destruídas, muitos clãs decidiram sair de suas terras e migrarem para a
Capital do Estado ou então para cidades e/ou povoados que estivessem longe da
área de atuação de Virgolino. Querendo ou não, o cangaceirismo contribuiu e
muito para a fuga de inúmeros sertanejos de sua terra natal para cidades
grandes; consequentemente, aumentou-se também o número de nordestinos nas
regiões do "sudeste modernizado", boa parte deles morando na rua.
Ou seja, nem
sempre o motivo era seca e fome, mas também a exagerada violência nos
"grotões do Norte" que quase acabou com famílias inteiras,
obrigando-as a largarem tudo o que tinham para salvarem as suas vidas. De
qualquer forma, a saudade do seu rincão perdura, e agora o novo inimigo é a
xenofobia impregnada na "sociedade inovada"; e em momentos, certas
palavras dirigidas para os retirantes feriam mais que as pontas finas dos
punhais nas costas ou as bofetadas de chicote no rosto ou nas mãos.
𝐹𝑂𝑁𝑇𝐸𝑆:
𝐽𝑜𝑟𝑛𝑎𝑙
𝐷𝑖𝑎́𝑟𝑖𝑜
𝑑𝑎
𝑁𝑜𝑖𝑡𝑒/𝑅𝐽
— 𝟏𝟗𝟑𝟐;
𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎
𝑂
𝐶𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜/𝑅𝐽
— 𝟏𝟗𝟑𝟐;
𝑍𝑒́
𝐵𝑎𝑖𝑎𝑛𝑜
— 𝑅𝑜𝑏𝑒́𝑟𝑖𝑜
𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠.
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