Gonçalo de Souza Lima,
popularmente conhecido por Padre Lima, nasceu em Porto da Folha aos 27 de julho
de 1900, filho de Pedro de Souza Rito e Josefa Maria dos Prazeres. Nessa época
Porto da Folha passava por significativa mudança no que se refere ao fim da
escravidão à cerca de 20 anos, algo que havia deixado por lá a ferrenha marca
do preconceito racial.
A primeira missa celebrada pelo Padre Lima aconteceu dia 01 de Dezembro de 1929
na terra natal. No ano seguinte foi designado a substituir o Padre Arthur
Passos em Porto da Folha, permanecendo até 1931, quando foi transferido para a
paróquia de Pacatuba, onde ficou até 1937, ocasião em que passou a ser o pároco
de Aquidabã.
O Padre Lima esteve por diversas vezes a celebrar missas, casamentos e
batizados em Porto da Folha, embora sendo o pároco oficial de Aquidabã. Este
compromisso espontâneo se deu pelo fato de sua terra natal haver ficado longo
período sem Padre.
Após a chacina de Angico, em 28 de Julho de 1938, quando morreram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, chegou a Porto da Folha um grupo de 17 cangaceiros para se entregar, três deles foram à casa do Pe. Lima a procura dos sacramentos.
João Alves da Silva "o Criança" e Dulce Menezes pediram para se casar
e Guilherme Alves dos Santos "o Balão", para ser batizado. O Padre,
então vigário de Aquidabã, encontrando-se na terra natal não se opôs ao pedido
de Criança. Quanto ao pedido de Balão, disse com seu vozeirão:
“Eu não acredito que um homem na sua idade seja pagão!”
E o cangaceiro respondeu: “Eu sou”. A minha família é crente. O Capitão só me
aceitou porque prometi que tão logo encontrasse um Padre, pediria pra me
batizar.”
O Padre Lima retrucou: “Lampião já morreu!”
Balão justificou: “Mas eu estou devendo e quero pagar.”
O Padre achando bonito o gesto do cangaceiro, lhe disse: “Então vá
procurar um padrinho”.
Ele foi direto a “seu” Manezinho Delegado, mas este recusou o convite.
O cangaceiro voltou triste e o Padre Lima perguntou: “Já tem padrinho?”
Balão: “Eu convidei seu irmão e ele não aceitou”.
O Padre mandou chamar o irmão e disse: “Aceite, que é para fazer dele um
cristão”.
O casamento e o batizado foram realizados perto do meio dia, na presença de
muitos curiosos, principalmente meninos, tendo por padrinhos o Sr. Manoel de
Souza Lima, "Manezinho delegado" e sua esposa Dona Estefânia Poderoso
a Dona Ester.
A partir deste e de outros acontecimentos marcantes, o Padre Lima foi se
tornando cada vez mais conhecido no sertão de Sergipe. O religioso faleceu no
dia 28/01/1980, em sua residência na capital sergipana.
Trecho da biografia composta por Joaquim Santana Neto, de acordo com
informações da família em conjunto com os dados contidos no livro “Porto DA
Folha, fragmentos da história e esboços biográficos” de Manoel Alves de Souza.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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