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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Lampião conquista a Bahia - 0 mais novo livro do escritor Antonio Ruben


Por: Antonio Ruben

INTRODUÇÃO
Sou pesquisador do tema Cangaço desde 2002 e tenho me dedicado principalmente a pesquisa de documentos. Em 2006, resolvi verificar o que a imprensa baiana registrou na época em que Lampião agia na Bahia e me vi com um calhamaço de material. Folheei aproximadamente 150 mil páginas dos jornais: A Tarde, Diário da Bahia, Diário de Notícias, Era Nova, O Imparcial, do período de 1928 a 1940, complementando a pesquisa de campo que já fazia pelas caatingas afora.
Este livro tem no seu início, o Jornal O Povo, de Fortaleza no Ceará, apresentando uma reportagem datada de 4 de junho de 1928, setenta e oito dias antes da decisão de Lampião entrar na Bahia. Esta matéria dá uma visão da situação de Lampião e de seu exíguo grupo ao fugir para o nordeste baiano, por isso achei importante iniciar com a transcrição da entrevista com o rei dos cangaceiros.
Transcrevo os textos dos jornais, mas com a ortografia atualizada. As palavras escritas em inglês foram aportuguesadas ou traduzidas, para melhor compreensão. No final das matérias do ano 1928 e no final do livro mostro foto das páginas dos jornais e de algumas matérias.
As notícias que a imprensa publicava sobre Lampião tinham seu nome sempre grafado Lampeão, como mostram as fotos que apresento, também os jornais grafavam Virgulino, embora o registro de batismo e nascimento estejam grafados com (o) Virgolino. Preferi colocar a ortografia dos documentos.
As localidades que tiveram seu nome mudado ao longo dos anos nominei com seu nome atual. Sugiro ao leitor que tome como referências as cidades de Juazeiro e Jeremoabo e a Estrada de Ferro Este Brasileiro, para melhor localizar as andanças de Lampião e os seus subgrupos em território baiano.
Chamo a atenção do leitor que o termo nordeste, usado nos artigos dos jornais refere-se a região nordeste da Bahia (por exemplo as cidades de Jeremoabo, Paripiranga e Santo Antônio da Glória) e não a região nordestina formada pelos nove estados, que também era denominada de norte. Lembro ainda que o título de coronel era comumente usado para identificar um fazendeiro ou um chefe político, diferentemente da função que tinha a patente de coronel do comandante da força pública.
As matérias publicadas sobre Lampião pelos diferentes jornais, com o mesmo assunto é uma prova do interesse que o público baiano começou a despertar quando da chegada de Lampião na Bahia.
Em 21 de agosto de 1928, proveniente de Pernambuco, Lampião atravessa o rio São Francisco na altura do que é hoje a cidade de Rodelas em direção à Bahia, pela fazenda Zurubabé (assim pronunciada pelos habitantes), acompanhado por mais cinco cangaceiros, seu irmão Ezequiel, seu cunhado Virgínio, Luiz Pedro, Mariano e Mergulhão.
As notícias sobre a chegada de Lampião na Bahia abrangem o período de 23 de agosto de 1928 até 28 de dezembro de 1929. A primeira notícia de Lampião na Bahia foi divulgada pelo Jornal A Tarde em 23 de agosto de 1928 com a seguinte manchete “Quem é Vivo... O grupo de Lampião ruma para a Bahia”.
Em fins de setembro de 1928 a imprensa baiana já divulgava o número de sete cangaceiros, provavelmente foi com a entrada de Corisco, mas, Arvoredo já estava no grupo.
Em 21 de dezembro de 1928 um jornal publica a chegada de Lampião em Pombal, hoje Ribeira do Pombal e é fotografado junto com seu bando composto pelos seguintes cangaceiros: Lampião, Ezequiel, Virgínio, Luiz Pedro, Mariano, Corisco, Mergulhão e Arvoredo, (ordem da foto publicada na capa deste livro).
Lampião, com apenas uma baixa, a morte de Mergulhão, conquistou o nordeste da Bahia no final do ano de 1929 com os seguintes cangaceiros: Ezequiel (Ponto Fino), Virgínio (Moderno), Luiz Pedro (Salamanta), Mariano, Corisco, Arvoredo, Zé Baiano, Revoltoso, Antonio de Ingrácia, Gato, Gavião, Antônio de Naro, Zabelê, Azulão, Fortaleza, Ângelo Roque (Labareda) e Mourão.
Vemos que o secretário de segurança pública, senhor Madureira de Pinho, acusa o jornal Diário de Notícias de ser seu inimigo, dando assim uma cobertura das tropelias de Lampião, desfavorável ao seu governo, mas os fatos noticiados mostravam a ação de Lampião.
Não existia na época um jornalismo investigativo sobre a presença de Lampião na Bahia, as matérias publicadas nem sempre eram assinadas pelos jornalistas, os periódicos da capital não focavam apenas notícias, mas também opiniões, comentários e editoriais. As informações sobre a presença de Lampião e seu bando na Bahia, eram obtidas através das agências de notícias, da abordagem de viajantes na estação ferroviária da Calçada em Salvador, no trecho ferroviário Salvador a Juazeiro, na Secretaria de Segurança Pública no bairro da Piedade, moradores do sertão se dirigiam às redações em Salvador, também eram enviadas do interior, telegramas e cartas assinadas, a respeito das façanhas de Lampião e seus famigerados comparsas, correspondências estas que representavam, sem dúvida, um grande serviço prestado à imprensa pelos seus remetentes, por que não fossem elas a capital baiana ficaria a ignorar os horrores, sofrimentos e as misérias da ação nefasta dos cangaceiros ou submetida a informações puramente oficiais.
Assim, na pressa de divulgar e não havendo verificação para se distinguir o que era fato do que era rumor ou temor, algumas notícias publicadas podem ter sido apresentadas pelos jornais com distorções ou enganos, como é o caso da primeira matéria apresentada onde Lampião entrevistado, convenientemente não diz a verdade sobre a morte de seu irmão Antonio Ferreira e do cangaceiro Sabino, ao afirmar que estavam vivos.
Considero, entretanto, de suma importância para os pesquisadores que estudam hoje o cangaço, ter o conhecimento de como foram apresentados os fatos, na época em que aconteceu, o que dá subsídios para que, cruzando, combinando ou confrontando com outras fontes de pesquisa, possam confirmar, descobrir ou mesmo desmentir alguns acontecimentos.
Tive a honra mais uma vez de ter como apresentador deste trabalho o ilustre pesquisador Antonio Amaury, mestre e orientador de grande parte dos pesquisadores, escritores, cineastas e estudantes deste país.
Cidade de Paulo Afonso – 2011
Luiz Ruben F. de A. Bonfim


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