Seguidores

sábado, 8 de setembro de 2012

Para quem não o leu ainda - Os 70 anos da morte de Lampião

Por: Alcino Alves Costa
Juliana Ischiara e Alcino Alves Costa

No alvorecer daquela quinta-feira, do dia 28 de julho de 1938, naquele socavão ressequido e árido do Riacho do Angico, então jurisdição do território de Porto da Folha, e hoje após o desmembramento de suas terras em 23 de novembro de 1953, pertencendo ao município de Poço Redondo, foi morto pelas armas do 


tenente João Bezerra da Silva e sua volante, um dos maiores personagens da história nordestina e brasileira, o famoso Virgulino Ferreira da Silva, celebrizado com o nome fantástico de Lampião, ainda a sua amada companheira Maria Bonita e mais nove de seus parceiros de desdita.
               

Lá se vão 70 anos daquele fabuloso acontecimento. Num Brasil que se carrega a cultura de não se preservar a História causa admiração à chama viva e ardente que teimosamente não para de arder no sentimento do povo brasileiro que entra ano e sai ano e a saga do rei dos cangaceiros é pesquisada, esmiuçada e continua a ser escrita e comentada em verso e prosa por todo Brasil e além fronteira. 

É deveras motivo de admiração à magia desse caipira das barrancas do Riacho São Domingos, nas terras da antiga Vila Bela, hoje Serra Talhada, que com uma força portentosa continua a dominar e enfeitiçar todos os segmentos sociais e culturais de nossa nação.

O seu poder de persuasão chega às raias do inacreditável. O seu domínio sobre seus semelhantes foi e é imenso e envolvente. E assim, Lampião coloca sobre os que procuram enfadonhamente pesquisá-lo um campo recheado de intransitáveis e misteriosos labirintos que deixa todos zanzando pra lá e pra cá sem alcançar a verdade do que aconteceu em Angico.

 
Aqui foi onde Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes de seu bando foram executados e decapitados.

Em meu livro “Lampião Além da Versão”, no subtítulo “Mentiras e mistérios de Angico”, eu discorro sobre o medonho mistério que o titã da Passagem das Pedras espalhou naquela grota do riacho, e ainda, as descomunais mentiras que as mais diversas testemunhas – coiteiro, soldado, cangaceiro – fizeram chegar até as páginas dos incalculáveis livros que tem como finalidade registrar a epopéia cangaceira e em especial a chacina de Angico. 

 
Jornalista Jacques Cerqueira, e o Diretor do Foro, Juiz Federal Danilo               

Os exemplos são muitos. Jaques Cerqueira, subeditor do Viver do Jornal Diário de Pernambuco, é o autor de um artigo intitulado “A outra morte de Lampião”, que saiu no jornal Página Certa, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, afirmando com convicção de que Lampião não morreu em Angico, e sim em setembro de 1981. No livro “Lampião e Zé Saturnino – 16 anos de luta”, de autoria de José Alves Sobrinho, que era sobrinho em segundo grau de José Saturnino, o inimigo número 1 de Lampião, este respeitável senhor atesta com convicção que Lampião não morreu em Angico, e sim aos 83 anos de idade, na fazenda Ouro Preto, em Tocantinópolis, Goiás. 
               
José Alves ainda afirma: “O Capitão Virgulino tinha o olho esquerdo com pálpebra arriada, e não o olho direito fechado como o da cabeça decepada pela Polícia e mostrada no Museu”.
                                                               
Quase sempre, é certo, aparecem livros que se enveredam pelas versões e mistérios que estão fincados na Grota de Angico. Existe um boato de que ainda neste ano de 2008 serão lançados dois livros que com fundamentos poderosos desejam provar que Lampião não morreu em Angico.

Tenho certeza absoluta de que tudo que se registrou sobre o cerco e o combate de Angico não passa de uma grotesca e quase que ingênua mentira. Aliás, as mais variadas mentiras que não se deve dar por elas nenhum crédito. Todavia, mesmo acreditando que tudo pode ter acontecido naquele histórico riacho, jamais eu me arriscaria em afirmar que Lampião não morreu naquele célebre combate com as “forças” alagoanas. No entanto, o que é deveras muito estranho é a maioria dos historiadores e estudiosos do cangaço não querer nem ouvir falar no que possa ter acontecido de real e verdadeiro em Angico e que venha contrariar a versão oficial mesmo que ela comprovadamente tenha sido edificada em cima de depoimentos absolutamente mentirosos.

Todos sabem, e isto não é nenhuma novidade, que os testemunhos dos que participaram de corpo presente, inclusive João Bezerra, do dia final de Lampião, são absurdamente falsos e mentirosos.

Não consigo compreender qual a razão de muitos ainda continuar a dar crédito aos depoimentos que estão registrados sobre o dia final de Lampião e do cangaço quando os mesmos não oferecem nenhuma sustentação que se possa alcançar a mais simples fundamentação. 
              
Lampião morreu em Angico? Acredito que sim. Mas, me pergunto: por que os estudiosos, os historiadores, os pesquisadores, enfim a sociedade brasileira, não aceita sob hipótese alguma desfazer as terríveis mentiras que foram plantadas naquele pedacinho histórico de sertão? E se Lampião não morreu em Angico, como é que fica a história?

Não me surpreende o comportamento de muitos estudiosos do cangaço quando eles apresentam versões que atestam não ter Lampião sido morto em Angico. Não desdenho e nem fico fazendo chacota das mais diversas afirmações nesse sentido saídas de pessoas de gabarito, responsabilidade e respeito, mas que, dominados pela incomparável inteligência e habilidade de Lampião se vêem reféns de sua misteriosa estratégia que tem envolvido por todos os anos de sua vida e morte aqueles que nunca se cansaram de rastejá-lo.  

Nota: Este artigo é do escritor Alcino Alves Costa, e infelizmente eu não tenho a fonte. Realmente eu o adquiri em um blog, mas ao passá-lo para o World, coisa que é muito difícil acontecer, esqueci-me de pegar a fonte pesquisada.    

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário