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domingo, 17 de novembro de 2013

APRENDER A APREENDER

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

"Se os bons professores que são muitos, não conseguirem ajudar os poucos que não prepararam os seus espíritos para enfrentarem a profissão que exercem com amor, jamais conseguirão a igualdade de todos e uma educação de boa qualidade".

José Mendes¹

O fenômeno da aprendizagem é tratado por Carl Rogers² através de dezenove princípios primitivos sobre a capacidade do homem tendo em vista sua adaptação, isto é, a capacidade e ou propensão individual que cada indivíduo tem para crescer em determinada direção de modo que venha engrandecer sua existência dentro de uma abordagem humanista. Estamos enfatizando, portanto, esse crescimento positivo pode ser dificultado, tolhido e até mesmo dirigido de maneira errada, se a noção, desenho e/ou imagem única que se tem da realidade do individuo não é congruente com a realidade, conforme enfatiza Milhollan & Forisha³ (1978).

O processo da aprendizagem via a fenomenologia é uma abordagem filosófica e assim sendo privilegia a consciência e ou saber individual de cada pessoa, onde são destacados os aspectos subjetivos dos indivíduos envolvidos e por isso são chamados de atores sociais, tendo em vista que são eles próprios que edificam e ou constroem suas próprias realidades sociais ao longo de seus envolvimentos com o tipo de atividades e ou caminhos que querem conquistar. Diante de tais atitudes, não adiante afirmar de que existe apenas uma realidade única, pronta, objetiva, independente da consciência humana, tendo em vista que existem tantas quantas realidades de aprendizagem quanto o número de pessoas e ou indivíduos assim considerados. De modo que podemos afirmar de que só existe conhecimento subjetivo, tendo em vista que o homem é quem imprime a realidade suas próprias leis. Diante daquilo que costumamos chamar de experiência pessoal e subjetiva, daí o fundamento sobre o qual é construído o conhecimento que se pretende ter e ou adquirir via o saber humano. Não existe modelo de aprendizagem pronta, predeterminada e muito menos regras facilitadoras e ou caminhos assim dirigidos, o que existe é um processo de persistência individual em permanente e continuo desenvolvimento, pois, o objetivo último que o ser humano quer atingir é aquilo que chamamos de auto-regulação e ou de o uso pleno de suas faculdades e ou suas potencialidades e capacidades intelectuais e mentais. É publico e notório de que o homem enquanto individuo racional é assim considerado como sendo uma pessoa residente/presente e por assim dizer situada no mundo que se conhece e/ou dele tem ciência própria e conhecimento. Desta forma o homem é o ser único dentre os demais animais, que em sua vida interior e em suas percepções é capaz de fazer suas próprias avaliações de si e do mundo vivenciado por ele. Deste modo, Mizukami (1986) enfatiza de que a pessoa enquanto individuo é considerada em processo permanente e ou contínuo de aprendizagem, de descoberta de seu próprio ser, inclusive ligando-se sempre a outras pessoas  e grupos.

Carl Rogrs (1972) apresentou dezenove proposições a respeito do comportamento humano que tratam direta e indiretamente de como o indivíduo deve aprender a apreender, conforme seguem transcritos 4:  1ª) Todo individuo é o centro de um mundo de experiências que está em permanente mudança; 2ª) O organismo reage ao campo perceptivo tal como este é experimentado e aprendido. Este campo percentual é para o individuo, a sua realidade; 3ª) O organismo reage ao campo fenomenal como um todo organizado; 4ª) O organismo tem uma tendência e um empenho básico: realizar, manter e aceitar o organismo experimentador;  5ª) O comportamento é basicamente o esforço do organismo dirigido a um fim para satisfazer as suas necessidades tais como as experimentadas no campo apreendido; 6ª) A emoção acompanha, e de modo geral facilita, a conduta dirigida a um fim; 7ª)O melhor ângulo para a compreensão da conduta é a partir do quadro de referência interno do próprio indivíduo; 8ª) Uma parte do campo total da percepção vai-se diferenciando gradualmente como “self” (é onde o individuo identifica a si mesmo); 9ª) Como resultado da interação com o ambiente e, de modo particular, como resultado da interação valorativa com os outros, forma-se a estrutura do “self”, um modelo conceitual, organizado, fluido, mas consistente, de percepções, de características e relações do “eu” ou de “mim”, juntamente com valores ligados a esses conceitos; 10ª) Os valores ligados à experiência e os valores que fazem parte da estrutura do “self” são, em alguns casos, valores experimentados diretamente pelo organismo, e em outros casos, são valores introjetados ou pedidos a outros, mas captados de uma forma distorcida, como se fossem experimentados diretamente; 11ª) A medida que vão ocorrendo experiências na vida de um individuo, estas são: a) simbolizadas, apreendidas e organizadas numa certa relação com a estrutura do “self”; b) ignoradas porque não se capta a relação com a estrutura do “self”; c) recusadas à simbolização ou simbolizadas de uma forma distorcida porque a experiência é incoerente com a estrutura do “self”; 12ª) A maior parte das formas de conduta adotadas pelo individuo são as consistentes com o conceito do “self”; 13ª) A conduta pode surgir em alguns caso de experiências orgânicas e de necessidades que não foram simbolizadas. Essa conduta pode ser incoerente com a estrutura do “self”, mas nesses casos a conduta não é “apropriada” pelo individuo; 14ª) A desadaptação psicológica existe quando o organismo rejeita da consciência experiências sensoriais e viscerais importantes que, por conseguinte, não se simbolizam nem se organizam na estrutura do “self”. Quando se verifica essa situação, há uma tensão psicológica básica ou potencial; 15ª) Existe adaptação psicológica quando o conceito do “self” é tal que todas as experiências viscerais e sensoriais do organismo são, ou podem ser, assimiladas de uma forma simbólica dentro do conceito do “self”; 16ª) Qualquer experiência que seja inconsistente com a organização ou estrutura do ego pode ser apreendida como uma ameaça e, quanto mais numerosas forem essas percepções, mais regidamente a estrutura do “self” se organiza de modo a manter-se a si mesma; 17ª) Em determinadas condições que impliquem, principalmente, a total ausência de qualquer ameaça à estrutura do “self”, podem captar-se e analisar-se experiências coerentes com essa estrutura e esta pode ser revista de maneira a assimilar e a incluir tais experiências; 18ª) Quando o individuo apreende e aceita, num sistema coerente e integrado, todas as suas experiências viscerais e sensoriais, necessariamente compreende melhor os outros e aceita-os mais como pessoas distintas; 19ª) A medida que o individuo apreende e aceita na estrutura do “self” um maior número de experiências orgânicas, descobre que está a substituir o seu atual sistema de valores, baseado em larga medida em introjeções que foram simbolizadas de uma forma distorcida, por um processo contínuo de valorização organísmica5.

O que Carl Rogers pretende com seus argumentos, em termos de princípios que ensinam a aprender a apreender na vida ajustada de cada individuo, como sendo um ser plenamente atuante naquilo que faz, se permitindo a viver de forma e/ou maneira aberta, tendo em vista as mais diversas experiências que vivencia no seu dia a dia. De modo que  o individuo deve viver em permanente mudança, ex-vi processo contínuo de incorporação e ou apropriação de novos valores familiares, sociais, culturais, históricos, geográficos, profissionais, etc, o que ele chama de movimento incessante de atualização do “self” e isso ocorre dentro e fora das organizações: Estado, Família, Escola, Igreja, etc., de modo que tais visões de si e do mundo influência positivamente no conhecimento do outro, seus valores e instituições. Cada indivíduo enquanto ser precisa viver construindo seu “self” permanentemente para poder sentir estruturado na vida em todos os sentidos, inclusive com maior autoconfiança. 

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4574743 
¹ http://sednemmendes.blogspot.com.br/2013/11/sexta-feira-15-de-novembro-de-1889.html 
² http://geoaprendizagem.blogspot.com.br 
³http://books.google.com.br/books?id=nKLSpbuW0yUC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false 
4 - Souza. Marcos Aguiar. Curso de Pós-Graduação Docência do Ensino Superior – Fundamentos Psicossociais da Educação. Rio de Janeiro:EAD/Projeto CEP-UFRJ, 2000.
5 http://es.wikipedia.org/wiki/Teor%C3%ADa_organ%C3%ADsmica



Enviado pelo o escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo21:34:00

    Pois é Mendes, o que sempre comento: As matérias postadas no blogdomendes, trazem-me excelentes lições, devido as mesmas serem diversificadas. Desta feita, o texto de autoria do educador Francisco de Paula, diz respeito a educação, que é sua área e a minha, ainda que eu não a exerça. Parabéns.
    Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha-Ba

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