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domingo, 5 de janeiro de 2014

ANÉSIA CAUAÇU, A PRIMEIRA CANGACEIRA -

Por Archimedes Marques


Conheça a história de Anésia Cauaçu. Anésia Cauaçu, mulher, mãe, guerreira.

E Anésia contou:

"Os Cauaçus eram comerciantes e lavradores. Fazendeiros, possuindo algum capital, com muitas cabeças de gado, foram sempre muito considerados em Jequié, Brejo Grande, Conquista Maracás, Amargosa e Boa Nova, negociando com as principais firmas do sertão baiano, dispondo de muito crédito e bom conceito."

Jornal ATARDE, 25.10.16, p. 1.  

Os Cauaçus fizeram lenda numa vasta região que se inicia na Chapada Diamantina e chega até a caatinga de Jequié, Maracás e vizinhanças, onde desde o século XIX se destacaram pela coragem e bravura. Em nossa região, a parte da família que aqui vivia como pacatos agricultores e criadores de bode e gado, terminou empurrada para a luta armada, quando um de seus membros foi assassinado a mando de Zezinho dos Laços, personagem que aterrorizou a região por várias décadas.



Anésia era uma Cauaçu de fibra. Alta, esguia, olhos azuis, não tinha o perfil da catingueira. Casada, mãe pelo menos de uma filha, viu-se envolvida nas lutas que se seguiram contra o bando de Zezinho dos Laços, Marcionílio e Tranqüilino Sousa, além da própria polícia. Viu morrerem pais e irmãos, bem como vários membros de seu bando; viu também sua mãe ser presa e torturada, nem assim jamais se abateu. Nas lutas em que se envolveu, logo adquiriu fama de exímia atiradora, de pontaria melhor que os homens do bando, capaz de acertar o dedo de um militar que apontava a seus comandados a direção onde estavam os Cauaçus, a mais de 300 metros de distância!  

Anésia foi presa em 1916 e solta em seguida. Por volta de 1930, ao que se sabe, vivia na região de Ilhéus. Não se tem notícia da data de sua morte nem do que teria acontecido a sua filha. 

Zezinho dos Laços foi morto numa emboscada preparada pelos Cauaçus. O banditismo na região de Jequié sofreu forte baixa a partir da Revolução de 1930, com as prisões de Marcionílio e de seu filho Tranquilizo Sousa. Capitão Silvino de Araújo, que às vezes lutava contra os homens de Marcionílio e, em outras, contra os próprios Cauaçus, por apoiar o movimento de 30, recebeu as graças do governo revolucionário. 

De seu lado, Anésia passou à história como uma figura única de mulher, mãe e guerreira. Seu vulto histórico se amplia o passar do tempo.

(PUBLICADO NO GRUPO O CANGAÇO, DO FACEBOOK

http://blogdoinhare.blogspot.com.br/2014/01/anesia-cauacu-primeira-cangaceira.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo16:19:00

    Pois é caro Mendes, a história de Anésia Cauaçu eu já conhecia. Contudo, o nobre escritor Archimedes Marques trouxe mais informações sobre aquela cangaceira das Terras de Jequié. Parabéns ao Doutor Archimedes, e que ele continue escrevendo, e você postando mais e mais matérias do nosso Delegado Sergipano.
    Abraços,
    Antonio José de Oliveira - Serrinha - Bahia

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