Por Nélson Gonçalves
Pedro
Popoff - Foto: Alan Schneider/G1
Estimulado pelos pais a ler livros, garoto de oito anos devorou Chico Bento, adora versos do cordel e se diz um grande fã de Luiz Gonzaga
Estimulado pelos pais a ler livros, garoto de oito anos devorou Chico Bento, adora versos do cordel e se diz um grande fã de Luiz Gonzaga
Seus roteiros
contêm emboscadas, retratam com fidelidade os perrengues do sertão entre a
volante (polícia do tempo do cangaço) e o grupo de Virgolino Lampião, tudo
regado a espontaneidade, mas sem descuido da ambientação e do figurino. O toque
pessoal na trama começa com o fim determinando o começo, onde a morte do
cangaceiro-protagonista é lançada, logo na primeira cena, para sustentar a
dinâmica de interrogação ao longo de toda a enquete. Quem quiser saber o
desfecho da cilada inicial tem de acompanhar o confronto até a última cena.
A descrição acima é de um roteiro de enquete teatral de autoria de Pedro Motta
Popoff, um menino de oito anos, filho de pais comerciantes. Para contar sua
historinha, o garoto simulou as cenas, cantarolou a sonoplastia e consumiu
vários minutos para que seus desenhos, em sequência, fossem compreendidos do
jeito que ele pensou a encenação.
O computador existe na vida de Pedro, mas para baixar músicas do baião ou para
pesquisar sobre personagens do cangaço, Anastácia, Luiz Gonzaga, Tião
Carrero... A ‘arma virtual’ que hipnotiza a molecada, para o pequeno Pedro, é
apenas ferramenta. O que realmente rouba sua atenção é o mundo do cangaço, a
literatura de cordel e uma variedade de canções de bom gosto que causa surpresa
até no mais experiente apreciador de gêneros nacionais.
Os pais, Marcelo Motta e Carla Popoff, apresentam referências da mediação que
foi feita com o filho desde seu nascimento. “O pai tem parente com fazenda,
então isso pode ter despertado o amor que ele tem por animais. Ele ama bichos
e, em especial, cavalos”, conta a mãe. Marcelo menciona que Pedro sempre foi
convidado a ler, desde menino e, ainda durante a gestação, “convidado” a ouvir
música fora do circuito comercial, sobretudo MPB, um prato sonoro recheado de
autores na casa da família. “Ele lia revistinhas do Chico Bento e a partir de
um DVD se apaixonou pelo Chico. Ele troca muito presente de brinquedo por
livro”, cita.
Pergunte a Pedro o que ele acha do sertanejo universitário e saberá se a
“receita” de apresentação de estímulos, pelos pais, ajudou: “Sertanejo
universitário não é música!”.
No ano passado, Pedro pediu de presente uma vitrola. “Fomos à feira do rolo e
compramos um aparelho que toca vinil. Ele não desgruda do aparelho”, contam. O
garoto ganhou um Xbox, mas o game perde feio para os livrinhos de cordel e os
discos na disputa pelo seu tempo para brincar.
Mais
radiola, menos Xbox - Foto: Alan Schneider/G1
O detalhe nos
estímulos culturais apresentados pelos pais ao garoto: “Colocávamos MPB para
ele ouvir ainda na minha barriga e vamos lhe oferecendo livros e autores tanto
de música como de literatura. Mas ele escolhe. É uma apresentação democrática”,
esclarece a mãe.
Pedro fica pela manhã com os pais, em uma loja na região central, quase na
esquina entre a avenida Duque de Caxias e a rua 13 de Maio. Após o almoço, vai
para a escola. Quem circula pela rua 13 já não mais se surpreende com um
garoto, por vezes, pendurado em galho de uma das árvores na frente do terreno
da loja dos pais. De chapéu do cangaço na cabeça (Pedro tem uns 20 tipos de
chapéu e quer ir a todo lugar com a indumentária), o menino recita trechos de
cordel e canta baião e xaxado. O xaxado foi difundido pelo grupo de Lampião
como uma dança de guerra e entretenimento.
“Os
cangaceiros eram corajosos e Lampião formou o bando para matar o coronel e
enfrentar a volante, que era a polícia lá do sertão. A mulher mais valente do
cangaço foi Dadá, mulher do Corisco, vingador de Lampião. Ela era corajosa
também. Já a Maria era a mais Bonita, por isso casou com Lampião. O tenente
Bezerra, da volante, é quem matou Lampião, mas foi em uma emboscada na fazenda
Angico em Sergipe. Ele foi pego pelos macacos. Macaco e volante é a mesma coisa
viu!”, descreve Pedro
Motta Popoff ao ser perguntado sobre o que é o cangaço.
A resposta é absolutamente espontânea, sem consultar livro algum. Em sua
coleção pessoal, o garoto tem “Lampião, o rei dos cangaceiros”, de Billy Jaynes
Chandler, entre outros.
Talvez do gosto do pai, o menino também adora música raiz, em específico os
ponteados na viola de Tião Carrero, e também Raul Seixas. “Eu assisti ao filme
‘De Pai para filho’, que fala da história do rei do baião, o Luiz Gonzaga. Mas
o Gonzaguinha no filme parece mais com o Raul do que com o filho do rei do
baião”, opina o menino.
É
disco que ele gosta - Foto: Alan Schneider/G1Menino
Pedro, do Cordel e do Baião
Quando bati
palmas na chegada à sua casa, do portão era possível ouvir o pequeno cantando
baião rasgado enquanto tomava banho.
“É todo dia assim. Tomar banho é uma cantoria. E ele vai cantando e algumas
vezes parte para inventar letras ou canções. Um dia percebi que ele cantava
algo triste e me aproximei sem ele perceber.
Anotei o que ele cantava e era uma música que falava da tristeza pelo fim da
infância. Anotei o que entendi à mão.
Mas interrompi porque ele passou a chorar muito e não me aguentei e o abracei
embaixo do chuveiro”, lembra Carla Motta.
Brincar de baião
Brincar de baião
Pedro não desgruda de uma costureira (ele mesmo explica que é o nome que o
cangaceiro dava à metralhadora) feita em papel machê e, ao criar seus roteiros
do mundo de Lampião, nunca deixa de usar botina, camisa xadrez, o porta
cartucho de couro feito pela mãe enfeitando o peito e, claro, o chapéu do
sertão.
Foi um pouco mais de uma hora, ao lado da vitrola, para conhecer apenas as 10
canções que Pedro Motta Popoff mais gosta. A lista ia crescendo, com
apontamentos de autores também de fora do mundo do baião. E ele, com um dó
danado, tentou insistir em não ter de cortar nenhuma das “melhores” de sua
coleção (veja a lista acima).
Ele não só conhece as letras, como tenta interpretar o estilo típico do
sertanejo cantar. Pedro também arrisca passos do xaxado. Ao final de cada
canção lança comentários sobre o que ouviu.
Pedro
e sua fã nº 1 a mamãe Carla Motta - Foto:
Alan Schneider/G1
No início, a
mãe teve preocupação com sua convivência na escola. “Fiquei preocupada com
algum tipo de discriminação, porque ele quer ir de chapéu na aula e não gosta
de brincar de jogo eletrônico com os meninos. Mas ele é bem resolvido com isso.
Nós sempre dissemos a ele que contasse aos amigos que é isso que ele gosta, de
chapéu e botina. Ele fala para os meninos que eles precisam conhecer a cultura
do nosso País”, sorri a mãe.
Na TV e no computador, Pedro usa seu tempo para assistir a documentários. “Ele
ama a Inesita Barroso e insistiu tanto que eu tive de levá-lo para assistir à
gravação do Viola Minha Viola na TV Cultura em São Paulo”, acrescenta a mãe.
Uma particularidade: Pedro não odeia, mas não liga para o mestre dos causos
Rolando Boldrin. “Eu gosto de ponteio de viola do Tião Carrero”, finaliza.
Pesquei no JC Net, no sentido de enriquecer a matéria que não trazia ilustrações ripei
fotos do Site
G1 que também produziu uma matéria sobre o menino Pedro. Confira
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Caro Mendes, não sei se por ter feito a leitura com rapidez, não deu para entender de qual cidade é o Menino Pedro. Mas, sem menosprezar as demais regiões, confio muito no desenvolvimento da inteligência do povo nordestino. Basta você lembrar dos grandes humoristas nascidos nas terras nordestinas, sem esquecermos dos artistas da música, como é o caso do renomado Luis LUA Gonzaga.
ResponderExcluirPARA O PEDRO, OS MEUS PARABÉNS. COMEÇOU CEDO E IRÁ LONGE.
Antonio José de Oliveira - Serrinha - Bahia
http://pedromottapopoff.blogspot.com/2014/04/assista-agora-pedro-popoff-8-anos.html?spref=fb
Excluir|Será uma honra ter vcs com a gente!!
Olá meu nome é Carla, sou mãe do Pedro, somos da cidade de Bauru ,interior de São Paulo. Ele desde bem pequeno ama coisas da vida do campo.
ResponderExcluirAcredito que este interesse venha com ele.
Dona Carla Motta:
ExcluirObrigado pela sua visita ao nosso blog, e temos a desejar ao menino Pedro que seja bem feliz na sua vida artística. O Brasil precisa de criança assim, que toma seu rumo certo.
Para nós que organizamos este site, sentimos muito honrado com a sua visita.
Visite-nos sempre, e estamos a disposição para piblicarmos matérias sobre o pequeno Pedro.
José Mendes Pereira
Mossoró, terra de Santa Luzia
Rio Grande do Norte.