Publicado
em janeiro 30, 2013
Em 25 de Setembro de 1849 Lucas da Feira, o mais célebre bandido de seu tempo, foi enforcado num patíbulo erguido no campo do gado de Feira de Santana. A justiça baiana cumpria assim a pena de morte, instituição que vigorava para situações excepcionais; uma delas era a convicção de que o condenado, pela extensão e gravidade de seus crimes, não tinha mais como ser recuperado para a sociedade.
A pena de morte tinha antecedentes extrajudiciais em nossa terra, oficialmente realizada pela primeira vez em 1549 quando Thomé de Souza, num rito sumário, determinou que o índio a quem se atribuía o assassinato de um branco fosse despedaçado em praça pública. O nosso primeiro Governador não hesitou em ordenar que o baiano-tupinambá fosse amarrado à boca de um canhão para ser explodido pelos ares, cruel execução que impressionou os gentios e esse era justamente o propósito.
Lucas da Feira
Lucas da Feira foi condenado à morte, não
tanto pelos crimes a ele atribuídos, mas principalmente pelo que
representava no imaginário das elites de seu tempo: um bandido no estilo épico
que sertão adentro, durante vinte anos, brincou de gato e rato com a
justiça, rompendo cercos policiais enquanto roubava gado, assaltava
fazendas, sequestrava e estuprava moças. Uma delas, Maria Romana, estava com
ele quando o comparsa Cazumbá informou à policia seu esconderijo nas
matas à margem do Jacuipe. No interrogatório do delegado Leovegildo Filgueiras,
Lucas admitiu o rapto de inúmeras donzelas, mas garantiu nunca ter matado as
meninas.
“O Salteador” era a sua
alcunha, característica de um estilo de atacar as vítimas
de surpresa. Segundo testemunhos de época liderava um bando de
quatro facínoras e na sua longa vivência pelas matas teria cometido crimes
bárbaros. Em juízo, porém, declarou que “não se lembrava que de caso
pensado matasse alguém senão a dois indivíduos que andavam com falsidades
e fortuitamente a um moleque que acompanhava a dois homens sobre os quais com o
seu companheiro atirara; fazendo fogo outras vezes logo sobre pessoas de que
desconfiava que o perseguissem, ou em represália aos tiros disparados por
viandantes mais ousados e zelosos da bolsa”.
Lucas da Feira foi preso na mata, enviado
para Cachoeira onde teve o braço ferido amputado e em seguida removido para
Salvador. O braço espetado por espinhos de mandacaru foi exibido como troféu e
o crânio enviado ao respeitadíssimo Dr Jonatas Abott para estudos sobre o DNA
do crime a partir de análises osteológicas.
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/01/30/a-pena-de-morte-na-bahia-na-execucao-de-lucas-da-feira/
Postado
por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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