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domingo, 16 de novembro de 2014

A fuga de Vicente Venâncio do bando de Lampião - Parte II

Por Antonio Morais

Venâncio olhou para o sol e exclamou: São seis horas da manha. Mal fechou a boca, ouviu um tropelar a distância. Assustado, falou para os companheiros. Seu Mario. Seu Pedro, aí vem ou força de Pernambuco ou cangaceiros.

Sob uma onda de poeira, à frente a figura aterradora do capitão Virgulino Ferreira, o bando riscou em frente aos indefesos criadores. Incontinente, ouviram a voz de Lampião ao perguntar: 

- Quem é Pedro Vieira? 

- Sou eu, responde estarrecido e trêmulo o velho sertanejo. 

A seguir, travou-se o seguinte diálogo entre Sabino, cangaceiro famoso e perverso, e Pedro Vieira:

O cangaceiro Sabino

- Vocês estão presos pelo grupo de Lampião. Só serão soltos depois que Pedro Vieira der cinco contos de reis. 

- Nós somos pobres, o senhor deixe por dois contos... 

- Não quero conversa. Pode providenciar logo... 

- Somos pobres seu Sabino, insistiu Vieira, deixa por três contos... 

- Já disse que não quero conversa. Caso repita lasco este fuzil na sua cara, velho safado e atrevido.

Um silêncio enorme dominou a todos nós - afirma Venâncio, para acrescentar - Nisso chega o gado para beber. Ao avistar os animais, Lampião começou a atirar indiscrinadamente, matando vacas e até animais de pequeno porte. Foi um estrago miserável.

Diante do cruciante problema dos cinco contos de reis, Mario ofereceu-se para ir a Jardim tentar conseguir o dinheiro da exigência de Sabino, a mando de Lampião. Montando um dos cavalos pertencentes aos companheiros, exatamente o mais gordo e ardego, Mario, depois de ouvir de Sabino a admoestação no sentido de que negasse para polícia a presença do grupo nas Cacimbas, seguiu apavorado para Jardim, temendo pela sorte dos amigos que ali ficavam em situação tão difícil e perigosa.

Conta Vicente, ter ficado certo que Mario de São, logo fossem conseguidos os cinco contos de reis e deveria encontrar-se com o grupo em Caririzinho, hoje distrito do município pernambucano de Sítios do Moreiras. Lampião ia com destino a Ipueiras dos Xavier, onde se deu o cerco do grupo e a sua celebre e precipitada retirada, por encontrar forte reação da família Xavier. Foi aí que Virgulino Ferreira perdeu um de seus mais valorosos cabras. Tempero, morto por Dezinho Xavier.

Tempos depois, em conversa com Venâncio, disse Mario que, ao ouvir o grito de Sabino prevenindo-o para que nada dissesse a polícia, teve vontade de correr, mas temeu um tiro nas costas. O grito de Sabino foi, de início, interpretado como uma ordem para voltar. Venâncio fala da existência, no grupo, de um cangaceiro chamado Criança, que tinha 14 anos de idade, e usava rifle de seis tiros.

Fonte - Andanças e Lembranças.

Continua amanhã...

Fonte: facebook
Página: Antonio Morais

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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