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terça-feira, 12 de maio de 2015

VISITA DE D.PEDRO II A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO, EM 1859.

A família de Dom Pedro II, Imperador do Brasil – da esquerda para à direita: Conde d’Eu (marido de Isabella), Dom Pedro II, Teresa (sua esposa) e Isabella (sua filha).

Continuando a jornada, o vapor Pirajá atraca na povoação de Piranhas, onde Pedro II destaca a aparência pobre do lugarejo: “O aspecto do lugar é tristíssimo e o calor é horrível.” Dali em diante, o trajeto seria feito a cavalo, sob o comando do guia, major Manuel Calaça, proprietário de grande fazenda naquela região, que passava informações curiosas sobre a fauna e a flora do sertão, falando muito, por exemplo, sobre o xiquexique, o mandacaru e a quixabeira. O monarca ficou impressionado com a vegetação da caatinga, bem como destacou os trajes, os costumes e o desembaraço dos nativos sertanejos.



Prestes a comemorar seus 34 anos, Pedro II enfrentou muitas dificuldades durante o trajeto à cachoeira – devido à extensa distância, ao calor insuportável e à escassez de água. Por outro lado, mostrou-se afável, apesar do visível incômodo com o intenso clima do sertão. O jovem monarca traçou, no diário, relevantes esboços dos lugares por onde passava e de seus acidentes geográficos.

DESLUMBRANTE... 

Ao amanhecer do dia 20 de outubro de 1859, o imperador chegou à famosa cachoeira de Paulo Afonso. Pôs-se logo a apear e a percorrer vários pontos da cachoeira, examinando tudo o que observava na natureza que, ainda não sabia ele, futuramente seria sacrificada pelos interesses do progresso nacional.


Ao começar a descida pelos rochedos, ele se deparou com a magnífica vista. Não hesitou diante do risco das quedas e escalou trechos perigosos na ida à furna dos morcegos, inclusive “dando, contudo, três quedas nesta última exploração” – devido a essa incidência, escreveu no diário. Em suas anotações, em um misto de admiração, de espanto e de alegria, registrou: “Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito imperfeitos.” O correspondente do Jornal do Commércio evidenciou o contentamento do monarca diante daquele cenário: “Havia alguma coisa de solene na contemplação silenciosa do Imperador: a fadiga da viagem desaparecia de sua fisionomia.” Passou a noite em um barracão erguido pelo coronel Pedro Vieira, que não poupou esforços a fim de que nada faltasse à comitiva imperial.


O barão de Jequiá, o barão de Atalaia, o doutor Titara, o doutor Oiticica, o major Calaça, o tenente Joaquim Siqueira Torres (futuro barão de Água Branca) e o 2º tenente Augusto Mendonça foram alguns dos que acompanharam a visita imperial à cachoeira, além de muita gente que lá aguardava – vinda dos diversos lugares da região. Em face da educação rígida a que fora submetido, d. Pedro II se revelou nas visitas uma pessoa com inteligência orgulhosa, mas totalmente despojado da mesquinhez aristocrática.

- Davi Roberto Bandeira da Silva é organizador da coletânea 150 anos da visita imperial: D. Pedro II e a Cachoeira de Paulo Afonso.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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