Seguidores

sábado, 10 de setembro de 2016

UM LUGAR PARA LAMPIÃO...!

( *... matéria publicada há alguns anos, pretéritos)

Cabeças do lendário cangaceiro, de Maria Bonita e de outros bandoleiros do grupo foram “ despejadas “ do cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador.

O lendário cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, não tem sossego nem 64 anos depois de sua morte, da de sua mulher, Maria Bonita, e de outros nove bandoleiros no esconderijo da Grota de Anjico, em Poço Redondo (SE). As cabeças do rei do cangaço, da companheira e dos cangaceiros Azulão, Zabelê, Canjica e Maria de Azulão foram "despejadas" do cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, onde estavam enterradas desde 1969.

Depois de chuvas fortes no início do ano, os carneiros – gavetas em que são guardados cadáveres – com as cabeças foram, interditados pela Defesa Civil Estadual por risco de desabamento. Alertada pelo legista Lamartine Lima da possibilidade de que os restos mortais se perdessem, ajudando a sepultar de vez um pedaço da história do Brasil, a neta de Lampião, Vera Ferreira, foi ao cemitério e resgatou os vestígios dos avós. A mãe de Vera, Expedita, é a única filha de Lampião e Maria Bonita. "Acabei realizando um sonho. Essa historia de cabeça separada do corpo sempre me incomodou". O material foi levado para um jazigo da família em Aracaju. Com isso Lampião retornou ao Estado onde morreu, em 28 de julho de 1938, pelas mãos dos soldados do tenente pernambucano João Bezerra, que comandava uma volante alagoana.

O coiteiro Pedro de Cândido é o da esquerda

As volantes eram grupos móveis de policiais e civis contratados, os cachimbos, que perseguiam os bandidos pelo sertão. Traído pelos coiteiros (protetor de cangaceiros) Joca Bernardes e Pedro de Cândido, que revelaram seu paradeiro a polícia, o bandoleiro foi cercado e morto a tiros de fuzil. Maria Bonita foi degolada ainda viva. 

Joca Bernardes

As cabeças dele e dos nove companheiros foram cortadas pelos militares e expostas em várias capitais do País. Os corpos ficaram largados no esconderijo, às margens do Rio São Francisco. Posteriormente, as cabeças foram para o Museu Antropológico e Etnográfico de Salvador.

MÚMIAS

No fim dos anos 60, o filho de Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, o economista Sílvio Hermano Bulhões, de 67 anos, organizou uma campanha para enterrar as cabeças. O então professor da Faculdade de Medicina da Bahia Estácio de Lima, que depois deu nome ao museu, defendia a tese de que os restos mortais dos cangaceiros deveriam permanecer no centro de pesquisa, a exemplo das múmias Egípcias, maias e incas, para serem estudadas.

"Estácio lamentou muito a perda das cabeças porque elas ajudaram a refutar as teses do criminalista italiano Cesare Lombroso, segundo as quais as pessoas nasceriam predestinadas ao crime por conta do formato de seus crânios", diz Lamartine Lima, que acompanhou a retirada das caveiras. De acordo com ele, as pesquisas do colega mostraram que Lampião e os cangaceiros tinham crânios absolutamente normais. "Sempre tive muita admiração pelo professor Estácio, mas fui forçado a combatê-lo", relembra Bulhões, que vive em Maceió e se aposentou como professor de matemática.

Sérgia Gomes da Silva, a Dadá, companheira de Corisco, levou em 1977 os ossos do marido do Município de Miguel Calmon (BA) para Salvador e os enterrou em um túmulo no Cemitério Quintas dos Lázaros, junto a cabeça, também cortada pelos policiais, em 1940, no combate que lhe custou a vida e o fim do cangaço enquanto forma de banditismo organizado.

O economista aplaudiu a retirada das cabeças por Vera. "Se ela não tivesse feito isso, eu mesmo faria", disse. Agora, de acordo com a neta de Lampião, as cabeças deverão ser enterradas em um memorial que será erguido no futuro museu e espaço cultural que está para ser construído em Aracaju.

ESPAÇO CULTURAL

As caveiras dos outros cangaceiros continuarão no cemitério até aparecer alguém da família ou de uma instituição de estudos para resgatá-las. O futuro Museu do Cangaço terá exposição de armas, roupas e objetos dos bandoleiros, auditórios para palestras, biblioteca temática sobre o sertão e visitas periódicas de Expedita Ferreira. Que falará sobre o pai.
...


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=556858784516100&set=gm.524842901057992&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário