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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

ARQUITETURA DO CANGAÇO: AS CASAS DECORADAS PELA BISNETA DE LAMPIÃO

Gleuse Ferreira e sua avó, Expedita Ferreira, numa casa decorada com referências ao cangaço.

Nas veias da arquiteta Gleuse Ferreira, corre o sangue de Lampião e Maria Bonita – em sua arquitetura, também estão traços dos cangaceiros.


A arquiteta Gleuse Ferreira cresceu rodeada por repórteres, fotógrafos e turistas na casa de sua avó, uma velha residência de alvenaria na capital do Sergipe, Aracaju. Eram profissionais e curiosos em busca das memórias de seus bisavós, o casal mais famoso do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva e Maria Bonita. Gleuse não chegou a conhecer os responsáveis pelo alvoroço em sua casa (Lampião morreu quando sua avó, Expedita Ferreira, tinha apenas cinco anos, em 1938), mas a proximidade com roupas, armas e até fios de cabelo do casal criou uma intimidade entre eles.

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Casa da Filha de Lampião. Gleuse Ferreira foi a arquitetura responsável por reformar a casa de sua avó, Expedita Ferreira, a filha de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Na decoração dos ambientes, a profissional primou colocar à mostra homenagens ao mais conhecido cangaceiro que o Brasil já conheceu. São quadros, xilogravuras, porcelanas etc. espalhados pela casa.


Quando se formou em Arquitetura, Gleuse pegou o diploma e, da noite para o dia, resolveu vender o carro e comprar uma passagem para conhecer outros países. “Como diria minha mãe, calcei as ‘percatas do seu bisavô’ e fui, de cidade em cidade, conhecer gente e tentar me encontrar”, afirma. Morou em São Paulo, Barcelona, Salamanca, Madri, Sevilha e Berlim. Voltou à sua cidade natal e abriu um escritório de Arquitetura, o Gleuse Arquitetura. “Minhas andanças pelo mundo me colocaram em contato com pessoas de diferentes nacionalidades, costumes e crenças. Isso se reflete no meu próprio trabalho já que sempre busco, em primeiro lugar, ouvir o que meu cliente deseja e não projetar uma casa baseada no que eu quero”, conta.

Um dos primeiros trabalhos no novo escritório foi reformar a casa onde sua avó, filha de Lampião, morava com o yorkshire Virgulino. “Sempre tento preservar a identidade do morador. Foi exatamente o que fiz na casa de minha avó ao decorá-la com porcelanas, fotografias, xilogravuras e quadros que têm referência ao cangaço. São todos os presentes que ela ganhou dos fãs do meu bisavô, as memórias que colecionou ao longo da vida”, diz a profissional. Se os presentes estão expostos, longe do público ainda está a herança dos cangaceiros, a qual inclui armas, vestimentas, livros e um cacho do cabelo de Maria Bonita. A família tenta, junto a um museu de Salvador, um espaço adequado para expor permanentemente o material.

Perfil profissional de Gleuse Ferreira

As referências de Gleuse Ferreira estão longe de serem apenas personagens do cangaço brasileiro. Tendo viajado por diferentes países, seus mestres são de diferentes nacionalidades. Entre os brasileiros, estão Isay Weinfeld, Dado Castelo Branco e Marcio Kogan. Ela conta que revistas, feiras de decoração como o Salão de Móvel de Milão e aplicativos como o Pinterest também lhe ajudam na hora de pensar novos projetos.

A frente do escritório Gleuse Arquitetura, a arquiteta assina projetos em Sergipe e em estados da região Sudeste. Conhece bem o cliente de cada região. O sergipano, por exemplo, é muito vaidoso e, em sua casa, não pode faltar a associação entre beleza, conforto e funcionalidade. “Os homens também costumam solicitar uma casa com rede, uma exigência que não agrada muitas mulheres, já que a casa perde um espaço”, ela conta. Entre os materiais, informa que sempre opta por pisos frios, como o porcelanato, devido ao clima quente; devido à forte maresia, Gleuse evita usar espelhos porque sabe suas bordas oxidam com o tempo, ficando pretas. Varanda e climatização são dois pedidos sempre presentes nos projetos sergipanos.


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