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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

'À FAMÍLIA BULHÕES'

Por Sálvio Siqueira

A perda de um ente querido é a prova mais dolorosa que o Espírito enfrenta em sua breve passagem pela Terra. Como entender um fato que parece fechar todas as portas à esperança? Conviver sem a presença física de quem tanto estimamos?

Controlar a saudade dos mínimos gestos? Saudade essa que ao contrário do que dizem, parece aumentar com o tempo.

Como suportar a voz que se calou trazendo um terrível silêncio? E o que fazer para conter as lágrimas diante das fotografias de um passado que não retorna?

Manter a confiança torna-se tarefa complicada quando o futuro nos parece tão incerto.

Tudo a nossa volta parece sem sentido e penoso, falta coragem para os mínimos atos. Emoções se misturam, num instante a revolta, a descrença, a vontade de gritar sem parar e em outro momento, reina a melancolia, o pranto, a vontade de desistir.

Desesperados queremos nos apoiar em algo, mas parece não haver remédio para nossa dor!

Como almejamos por notícias, por provas de que a vida prossegue, de que um dia o reencontro realmente ocorrerá, mas nossos apelos parecem em vão.


Por que tamanha dor que dilacera nossas almas e ceifou nossos sonhos? São as perguntas que continuamos a buscar.

E a cada manhã, travamos uma intensa luta para levantarmos e principalmente nos mantermos de pé.

O sofrimento é imenso, que fica complicado até para compartilhar, faltam palavras para expressá-lo.

Daríamos tudo por apenas um minuto na presença do ente querido, pela chance de encontrarmos o mesmo olhar, de acariciarmos a face e sentir novamente o seu calor.

De termos a certeza de que a vida continua, mas a nossa frente só escuridão… Onde está a piedade divina?

Aqui, sempre! Porque são nessas horas que devemos buscar a presença de Jesus em nossas vidas e novamente ouvir a sua voz amorosa a nos confortar: Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.

Sim, será Jesus que segurará nossas mãos nesse momento tão complicado, que com sua infinita bondade, enxugará nossas lágrimas, permitindo que nossos olhos enxerguem outros horizontes. Com sua misericórdia, aliviará nosso íntimo, acalmando a tempestade de sensações conflitantes em que nos encontramos mergulhados. É Jesus que nos devolverá a alegria de viver, comprovando-nos que a morte não existe, é apenas uma passagem.

Que o Espírito prossegue em sua evolução e ainda encontra-se em sintonia com nosso amor, sentimento que rompe qualquer fronteira.

Assim, quando a saudade parecer chegar ao seu limite, sufocando-nos, transformemos nossas vibrações amorosas no carinho que gostaríamos de fazer.

Se a face não pode mais ser tocada, o Espírito sempre poderá.

Se palavras não podem ser pronunciadas, a linguagem do amor permanece em qualquer tempo e local.

As lembranças vividas jamais se apagam, todavia, não façamos dessas motivo de eterna tristeza. É a tristeza quando se prolonga que aumenta a distância, tornando-nos mais suscetíveis às influencias negativas que impedem o auxílio divino de nos amparar e fortalecer.

Tristes e cabisbaixos rompemos com a fé, físico e espírito se abatem e por mais que ouçamos falar da esperança, fica a sensação de que recomeçar é impossível.

Claro que lágrimas serão derramadas, jamais nos será pedido por Jesus que sufoquemos nossos sentimentos, porém, Ele nos estende suas mãos disposto a enxugar cada uma dessas lágrimas. A aliviar a tensão que carregamos no coração e tudo faz para que percebamos que a vida continua a se renovar, assim, permanece a nos convidar a vivê-la.

E é vivendo que amadurecemos, evoluímos espiritualmente e passamos a compreender tantas coisas e a descobrir novos valores.

É vivendo que vamos dia a dia encurtando a distância e nos preparando para o reencontro que um dia ocorrerá.

Assim, quando a melancolia bater a nossa porta e não tivermos forças para combatê-la novamente busquemos Jesus e Ele nos orientará.

Se for necessário nos carregará no colo, quantas vezes forem necessárias, nos envolverá com seu carinho e estará a velar nosso sonho.

Quantas noites mal dormidas… E quando buscamos abrir o coração e através de uma singela prece nos ligar ao alto, parece que nos acalmamos e nem que seja por minutos, a serenidade se apresenta ao nosso lado.

De fato, a oração sincera nos eleva acima das tempestades que desabam em nossa vida e elevados espiritualmente vamos ao encontro da espiritualidade maior que nos aguarda de braços abertos.

Companheiros espirituais que sempre nos protegem e aproveitam o repouso físico, para se aproximarem e conosco dialogar, cooperando para o restabelecimento de nossas forças. Incentivam-nos a prosseguir, mostrando que conosco caminharão.

Ao acordarmos, sentimos uma nova atmosfera nos envolver, não sabemos como explicar, mas a paz adentra nosso ser.

É a paz de Jesus que sempre nos é oferecida!

E como mantê-la? Trazendo Jesus para a nossa vida!

Jesus é o consolo, o porto seguro, não foi em vão que declarou ser o Caminho, a Verdade e a Vida. E não há forma melhor de Jesus estar vivo em nossa existência, do que compartilhar o seu amor. O amor cobre a multidão de pecados já nos disse o apóstolo. E podemos completar que o amor aquece, liberta, alegra, conforta, renova e alimenta a Vida. Amor, que se encontra nos gestos de fraternidade que realizamos.

Que cresce cada vez que somos capazes de sair do nosso sofrimento e enxergar a dor alheia.

Enxergar e também auxiliar.

Ah, quanto amor se derrama sobre nós num simples gesto… E os olhos físicos ainda não conseguem enxergar, mas quando praticamos a caridade, o amor, fica o sorriso estampado no local daquele que tanto estimamos.

Porque como já dito, o amor rompe toda e qualquer fronteira. E como diz a oração: amando somos amados, consolando somos consolados.

Toda vez que fizermos um gesto de amor em prol de um necessitado, estaremos beijando a face dos que nos antecederam nessa grande viagem.

O cultivo do amor será sempre o melhor tributo que podemos prestar aos que não mais se encontram fisicamente entre nós.

Compartilhemos o amor!

O amor nos erguerá das trevas, aproximando-nos de Jesus.

E com Jesus novamente ouviremos o exército de benfeitores espirituais a proclamar: Não existe perda, não existe morte, o que chamais de destruição, não passa de transformação.

E fortalecidos seguiremos nossa jornada, conscientes de que Jesus prossegue a nos guiar e a nos mostrar que a morte significa chegar ao fim e descobrir que o fim, em verdade, é apenas um novo recomeço.

E recomeço com Jesus!

A esperança sobrevive!

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