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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

POR CHARLES GARRIDO


Prezados, Saudações.

É sempre uma grande alegria estar ao lado de todos vocês, colocando em voga esse amor que nos arrebata o peito, fazendo com que, a cada dia, fiquemos ainda mais orgulhosos de nossas raízes.

E hoje, vamos pôr às claras, uma das maiores polêmicas do tema.

O estupro, era um ato contínuo por parte dos cangaceiros?

Vamos acompanhar o que o ex-cangaceiro "Vinte e Cinco", nos revelou no ano de 2006, em sua residência, na cidade de Maceió.

- Estávamos na Bahia, como sempre, com fome e muita sede. Não se via nada, caatinga fechada, nem bicho tinha no mato.

Avistamos uma fazenda. Lampião mandou um de nós, saber quem era o dono e quantas pessoas tinham lá. Logo vimos que só havia uma senhora e duas crianças. Ela era viúva e cuidava dos filhos.

Chegamos de surpresa e percebemos que não havia perigo. A senhora se assustou e pediu pelo amor de Deus que não fizéssemos nada com seus filhos, pois não tinha marido e vivia apenas para eles.

Lampião tomou a frente e disse:

- NÃO TENHA MEDO, SÓ QUEREMOS COMIDA, ÁGUA E MANTIMENTOS. O QUE A SENHORA TIVER AÍ DE CRIAÇÃO, MATE PRA GENTE COMER... E RÁPIDO, TEMOS PRESSA!.

A mulher foi pro terreiro, matou galinha, capote e, enquanto fazia a comida, ficamos longe da casa, montando campana. 

Pouco depois, ela mandou um dos filhos nos avisar que o "rancho" tava pronto. Não podíamos ir todos de uma vez, sempre ficava um ou dois de sentinela, enquanto os outros comiam.

Depois de matarmos a fome, o capitão disse:

- AGORA, CADA UM PEGA UM VALOR EM DINHEIRO E VAMOS PAGAR A MULHER QUE NOS DEU COMIDA.

Assim fizemos, cada um de nós deu um valor, que no final das contas, superava em muito tudo aquilo que havíamos consumido. Mas isso era um costume nosso, fazíamos questão.

A viúva, trêmula, nem queria saber do dinheiro, pedia apenas para que fôssemos embora, mas o capitão tratou de acalmá-la e disse que, daquele dia em diante, ela seria uma pessoa amiga do grupo.

Partimos em retirada, sempre com muito cuidado para não deixar rastro.

Com pouco tempo de caminhada; Vulcão chamou o capitão e disse:

- VÃO NA FRENTE, POIS EU TÔ PASSANDO MAL, A COMIDA NÃO ME CAIU BEM, DEPOIS ACOMPANHO VOCÊS.

Lampião disse:

"- NÃO DEMORE, QUANDO TIVER RETORNANDO, ATIRE PRA CIMA COM O PARABÉLUM, QUE IREMOS ESPERAR.

Só que, na verdade, Vulcão, não estava doente coisa nenhuma, ele voltou até à fazenda e violentou sexualmente a viúva. 

O bando no mato, já preocupado com a demora, e nada dele aparecer. Depois de muito tempo, foi que Vulcão voltou e atirou dando o sinal.

Seguimos nossa viagem.

Depois de quatro ou cinco meses, coincidentemente, retornamos à mesma propriedade. Ao chegarmos, logo o capitão foi cumprimentar a viúva, mas ela não se conteve, caiu no choro.

Lampião perguntou:

- O QUE FOI? JÁ DISSE PRA SENHORA NÃO TER MEDO DA GENTE, NÃO IREMOS FAZER MAL.

A viúva disse:

- EU QUERO FALAR COM DONA MARIA (MARIA BONITA)

As duas ficaram numa sala fechada e, a dona da casa contou tudo o que tinha acontecido, sempre aos prantos.

Maria chama o companheiro e o repassa todo o episódio. Porém, Lampião, não tomou nenhuma atitude de imediato, apenas apressou o passo de mais um almoço e mandou que saíssemos em seguida.

Mais uma vez, caímos no mato, todos em silêncio, ninguém dava uma palavra, até que, mais ou menos uma légua depois, o capitão disse:

- VULCÃO, LEMBRA DO QUE EU TE AVISEI, NO DIA EM QUE VOCÊ ENTROU PRO MEU GRUPO? EU DISSE QUE NÃO ACEITARIA SAFADEZA, MUITO MENOS COM MULHER E CRIANÇA... VENHA CÁ.

Vulcão já sabendo o que o esperava, começou a chorar, implorando para não morrer, mas não teve jeito. O capitão pegou um facão, entregou a ele e disse:

PEGUE UM GALHO DESSA ÁRVORE, CORTE E CAVE A SUA COVA.

Assim ele fez, cavava e pedia para não morrer, mas não teve perdão, Lampião pegou o parabélum e atirou na cabeça dele, dentro da cova rasa. Nunca esqueci desse dia".

Após o fim desse relato, eu, ingenuamente, perguntei a ele:

- Vulcão, também estava muito bem armado. E sabendo que ia morrer, porque não tentou reagir contra Lampião?

O velho cangaceiro me respondeu, com um sorriso irônico e sagaz:

- Você acha que dava tempo, meu jovem?

Vamos à análise das imagens, por gentileza:

1 - Na foto em preto e branco, Vinte e Cinco é o segundo, da esquerda para a direita.

2 - Ele e eu, em 2006, em sua residência.

Meus amigos, creiam, vocês são a razão maior do nosso trabalho.

Um grande abraço e até a próxima.


Charles Garrido.
Pesquisador.
Fortaleza-CE.

https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/

http:/blogdomendesemendes.blogspot.com

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