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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

JOSÉ, FILHO DE VIRTUOSA E LUIZ MARINHO, PROCURA O CANGAÇO



Naquele tempo, tempo do cangaço, os jovens também aprontavam das suas...

Viver a sua maneira e/ou achar que o mundo é pequeno e deles é uma coisa do ser humano desse que ele habita o planeta.

Luiz Flor filho do saudoso comandante Odilon Flor, em sua tenra adolescência é enviado, pela mãe para junto do pai que vivia embrenhado na Mata Branca a caçar bandoleiros. Luiz não fora simplesmente ‘enviado’. Ele fora mandado para que, estando junto do ‘velho’, esse lhe colocasse disciplina, já que estava dando bastante trabalho em casa e colocando sua própria vida em risco.

Pois bem, na família Ferreira também ocorreu um fato parecido. Uma das irmãs de Virgolino, Virtuosa Ferreira, casada com o senhor Luiz Marinho, era uma das mais velhas ‘manas’ do “Rei do Cangaço”, moravam na cidade do ‘Meu Padim’, Juazeiro do Norte, CE, quando seu filho José Ferreira dos Santos Marinha, começa a dar bastante trabalho aos pais. 


Não conseguindo colocar ‘cabresto’ no jovem, os pais o enviam para a casa de um dos irmãos, João Ferreira, único irmão de Lampião a não fazer parte do bando de cangaceiros, na cidade de Propriá no Estado sergipano.

Depois de algum tempo morando na casa do irmão de sua mãe em Propriá, seu tio, João Ferreira, percebe que não há solução fácil para que o jovem Ferreira siga um caminho bom, do bem, como o que ele levava. Então resolve encaminhá-lo para o bando de cangaceiros em que seu irmão, Virgolino Ferreira, o Lampião, comandava. João sabia do modo que seu irmão tratava e comandava uma caterva com pulso firme, fazendo com que verdadeiras feras humanas o acatassem e respeitassem suas ordens.

Infelizmente não há relatos explícitos nas literaturas sobre o que o jovem José Ferreira andou fazendo, aprontando, tanto na cidade cearense quanto em Propriá. 


João Ferreira entra em contato com um dos coiteiros de confiança de Lampião, o barqueiro Messias Caduda, e lhe dá a missão de levar seu sobrinho até o bando. Messias, já informado do paradeiro de seu chefe, segue por sobre as águas do Velho Chico até a altura onde localiza-se a fazenda Forquilha, por todos chamada de “Angico”, e após conversar com as pessoas na casa de dona Guilhermina, mãe de Pedro de Cândido e Durval Rosa, se certificando de onde realmente ficava o coito, segue para o local da grota em que estavam acampados os cangaceiros.


Essa parada e conversa na casa de dona Guilhermina vem mostrar que era rotina Lampião está por aquelas bandas se escondendo. Ao mesmo tempo derruba o que disse Durval Rosa ao referir que só conheceu Lampião no dia 21 de julho de 1938, na sexta-feira antes do ataque a grota do Riacho Angico pela tropa comandada pelo tenente João Bezerra.

“...Durval já conhecia Lampião de outras datas, e não o havia conhecido somente na sexta-feira anterior (dia 21) como declarou a diversas pessoas. Aliás, nosso amigo, o senhor Vicente Nascimento, nos contou que Lampião já havia estado na casa de D. Guilhermina algumas vezes e que Durval já o conhecia.” (BASSETTI, pg 87, 2015)


Chegaram ao acampamento no dia 26 de julho de 1938, uma terça-feira, e José Ferreira foi logo levados à presença do chefe mor do cangaço, seu tio Virgolino Ferreira. Segundo o próprio José Ferreira, seu tio lhe fez várias perguntas, querendo saber como estavam seus familiares, suas irmãs, seu irmão, primos, sobrinhos, sobrinhas e etc., por fim vieram as perguntas do porque querer se cangaceiro. Vejam bem, depois de ter levado várias cadeias e ter sofrido bastante debaixo das ordens e das bordoadas dos militares, cacete brabo no lombo, João, junto com um amigo, viajam quase que por uma noite inteira a cavalo até onde estava acampado seu irmão Lampião. Lá chegando diz ao mano que veio dessa vez para juntar-se a ele no cangaço. Virgolino não aceita que ele faça parte e diz que a responsabilidade dele é cuidar do restante dos familiares. Por essa notamos que não era só chegar e Lampião aceitar um parente entrar no cangaço. Sabedor das dificuldades, sofrimentos e sempre o risco de matar ou morrer diariamente ele tinha que entender o ou os motivos para aquela adesão. Tendo sido José Ferreira aceito em uma só conversa, subentende-se de que seu tio já estava a par das suas arruaças por onde andou, e lhe doa um rifle de presente.

Dois anos antes dessa viagem do barqueiro, Messias de Caduda, de Propriá ao coito, ele fez uma inversa, do coito, não o da grota do Riacho Angico, mas o do Poço dos Porcos, de onde levou a “Rainha do Cangaço”, Maria de Déa, para que fizesse um tratamento médico naquela cidade. (COSTA, pg 129, 2011)


Maria ao ficar ciente das estripulias causadas pelo jovem José Ferreira, com certeza relatado pelo ‘cunhado’, João Ferreira, leva o pedido da adesão do sobrinho para seu companheiro.

Na quarta-feira, 27 de julho de 1938, chega ao coito uma máquina de costura de mão para que fosse feito a vestimenta, ‘padronizada’, de cangaceiro para José Ferreira. Assim, durante todo aquele dia, 27 de julho daquele ano, apesar do esforço e empenho de Maria Bonita e outras cangaceiras que no acampamento estavam não deu tempo de aprontarem a toda a roupa.

Ao clarear do dia seguinte, quinta-feira, 28 e julho de 1938, o mundo se fecha com um tiroteio desenfreado e abrasador. José Ferreira, ao escutar o som dos primeiros tiros, de onde estava, dana-se de caatinga adentro mesmo sem conhecer onde estava. Na frente encontra-se com alguns cangaceiros que haviam fugidos e esses o leva para a casa do senhor Júlio Félix cunhado de Pedro de Cândido e Durval Rosa, na fazenda Logradouro. Entre os meses de julho e dezembro daquele ano, o jovem José Ferreira tenta se ‘arremediar’ com alguns bicos para sobreviver naquela região.


Na noite de Natal de 1938, encontrava-se na cidade de Canindé de São Francisco, SE, quando de longe o cangaceiro Balão o reconhece. Guilherme Alves, o cangaceiro Balão, que tinha feito parte do subgrupo comandado pelo cangaceiro Zé Sereno, usa de toda covardia e malícia que usara seu chefe. Estando, já naqueles dias, fazendo parte da volante do sargento Antônio Recruta, chama seu comandante atual e prendem o jovem José Ferreira. Levam o jovem para o xilindró da cidade de Jeremoabo, no Estado baiano, de lá, dias depois é transferido por ordem do capitão Aníbal para a capital, Salvador.

José não fica muito tempo preso mesmo porque ele não chegou, realmente, a ser um cangaceiro. Após ganhar a liberdade, notícias de que seguiu para o sul daquele Estado, Bahia, e depois não há referência alguma sobre o jovem sobrinho de lampião que queria ser cangaceiro.

Fonte Obs. Cts.
Foto Ob. Ct.
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