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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A VIOLÊNCIA NÃO FOI PRODUTO DO CANGAÇO


Por Analucia Gomes

A violência não foi um produto do cangaço. Desde os primórdios aos tempos atuais, a violência se pauta de forma assustadora. Após 80 anos da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaço ainda desperta curiosidade, admiração e ódio. Para a psicanalise, essa ambivalência se deve ao comportamento de hierarquização conferida por Lampião que vai muito além da ordem tática e planejada das ações do cangaço. Remete, de sobremaneira, aos valores em comunidade, impondo um sistema de disciplina cuja quebra gerava punições severas. 


Para Sigmund Freud em “A Psicanálise da guerra” (1941), “Não há lei que ordene ao homem que coma e beba ou que o proíba de introduzir as mãos no fogo”. Lampião, como em tudo que fazia era bem feito, foi também um perfeito apreciador das artes, possuidor de uma subjetividade carregada de sentimentos, valores, atitudes e crenças. No entanto, isso não significa classificar sua orientação sexual. Gostar das artes não é coisa só de mulher, como valentia na mulher não significa sinonímia de masculinidade. 


Para Paulo Moura, poeta, escritor, pesquisador e membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, surgem Lampiões, vão-se Lampiões, o mundo continua com seus bandidos vários, uns de arma em punho, outros de gravata, alguns de farda, extorquindo cidadãos e fabricando novos bandidos. Aplausos então para o lado feminino de Lampião que nos brinda com suas artes e com o lado masculino de Maria Bonita, uma das precursoras do feminismo no Brasil. 

*Analucia Gomes/ graduação em psicologia FACID/especialização em psicanalise UNIDA/ formação Corpo Freudiano de Teresina.

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