Seguidores

quinta-feira, 19 de abril de 2018

TRIO MOSSORÓ E O SERESTEIRO COCOTA: PERSONALIDADES MARCANTES NA HISTÓRIA DA MÚSICA MOSSOROENSE ADÉLIA AZEVÊDO


Da Redação ANNA JAILMA

A família do comerciante Messias Lopes de Macedo e senhora Joana Almeida Lopes, formada por 16 irmãos, deu origem ao Trio Mossoró, que marcou época nos anos 60 cantando e encantando Mossoró e todo o País.

Entre os 16 filhos, destacaram-se Ozéas Lopes, Hermelinda e João Batista, que, juntos, formaram o Trio Mossoró, e Francisco Almeida Lopes, conhecido como Cocota, significativa presença nas noites mossoroenses como seresteiro.

O primeiro a tornar-se conhecido entre os filhos do comerciante Messias foi o Ozéas Lopes, que trabalhava na rádio Tapuyo, destacando-se como sanfoneiro.

Em 1959 surgiu a oportunidade de Ozéas criar um trio de forró. Apoiado financeiramente pelo próprio pai, partiu Ozéas para o Rio de Janeiro.

Em 1960, já trabalhando nas rádios Mayrink Veiga e Nacional, no Rio de Janeiro, Ozéas Lopes convidou os irmãos João Batista e Hermelinda para ingressarem na carreira artística, efetivando o trio forrozeiro que teria o nome de Trio Mossoró, numa referência à cidade e ao rio Mossoró.

A partir disso, os irmãos Hermelinda e João Batista viajaram ao Rio de Janeiro, dando início à formação do Trio Mossoró, com Ozéas na sanfona, Hermelinda no triângulo e João Batista no zabumba.

Em 1962, houve a gravação do primeiro disco, intitulado “Rua do Namoro”, desencadeando o sucesso do grupo.

Com a gravação do segundo disco, “Quem foi vaqueiro”, em 1965, o trio foi vencedor do troféu Elterpe, que, naquela época, era o prêmio de maior importância da Música Popular Brasileira (MPB).

A premiação ocorreu no Palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como sucesso premiado a música “Carcará”. O grupo gravou 9 discos e conseguiu marcar época levando a música nordestina e o nome de Mossoró por todo o Brasil.

Em visita à terra de Santa Luzia, o Trio Mossoró foi recebido com manifestações calorosas.

Em 1963, o Trio Mossoró voltou pela primeira vez à terra de Santa Luzia, tendo se apresentado no adro da Catedral, no pátio do antigo Clube Ipiranga e no Colégio dos Padres, onde funciona o Banco do Brasil.

O retorno à Mossoró ocorreu mais uma vez em 1972, quando o trio visitou a cidade na ocasião do bi-centenário de sua fundação.

Os artistas foram recepcionados com calorosas manifestações populares, incluindo faixas de saudações, expostas nas principais ruas mossoroenses.

Era a gratidão e admiração de Mossoró explícitas nas ruas.

Na ocasião, houve missa festiva em Ação de Graças pelo sucesso alcançado, celebrada na Catedral de Santa Luzia pelo bispo diocesano Dom Gentil Diniz Barreto e o Trio Mossoró recebeu troféu de reconhecimento pelo nome de Mossoró ter sido divulgado em todo o País no âmbito musical.

Mas justamente em 1972 houve a separação do grupo, quando cada um dos irmãos buscou carreira solo.

Recentemente, as cantoras Marinez e Margarete Menezes regravaram músicas do Trio Mossoró, comprovando o valor artístico-cultural desse grupo para a história da música no País.

HOJE, 29 ANOS DEPOIS - A partir da separação do trio, em 1972, Ozéas Lopes assumiu o nome artístico de “Carlos André” e atingiu o ápice do sucesso nacional em 1974, vendendo 1 milhão de discos.

Atualmente, Carlos André reside em Recife. “Carlos André está residindo em Recife, no Estado de Pernambuco. Não abandonou a carreira artística, continua lançando CD’s e também atua como produtor musical”, informou Marcelo Lopes, sobrinho dos artistas do Trio Mossoró.

Segundo pesquisa recente da pesquisadora e promotora da Justiça, dra. Maria da Conceição Medeiros, Hermelinda chegou a gravar 13 discos e chegou a adotar o nome artístico de Ana Paula, cantando músicas românticas.

Em 1989, a cantora Ana Paula voltou a gravar com seu nome original de Hermelinda e gravou “Meu jeitinho de ser” (1989), “Buli com tu” (1990), “É mole ou quer mais?” (1991) e, finalmente, em 1999, uma valiosa coletânea com todos os sucessos da artista em carreira solo, intitulada “O melhor de Hermelinda”. Artistas nacionalmente conhecidos como Elba Ramalho, Dominguinhos, Trio Nordestino, Três do Nordeste e Eliane gravaram composições de Hermelinda, destacando-se “Toque do Fole”, gravado por Elba; “Moça do Recife”, gravado pelo grupo Três do Nordeste e as composições “Beijo Molhado” e “Meu Doce”, gravadas por Eliane.

Atualmente, Hermelinda encerrou a carreira artística e reside em João Pessoa, casada com o músico Bastinho Calixto.

João Batista, que tocava no zabumba do Trio Mossoró, continuou no Rio de Janeiro, dedicado a representações de equipamentos de som e à realização de shows fechados em restaurantes e hotéis cinco estrelas, sendo conhecido como “João Mossoró”. “João Batista permanece na carreira artística, inclusive, lançou 2 CD’s ultimamente no Rio de Janeiro e, segundo ele, não tem o sucesso de antes, mas dá para viver da arte”, disse Marcelo Lopes.

Cocota seresteiro - Foto gentilmente cedida a mim pelo poeta Kydelmir Dantas

Cocota: seresteiro que dá saudade

Nas décadas de 50 e 60, as noites mossoroenses eram embaladas pela voz marcante do seresteiro Cocota, que pelas ruas de Mossoró interpretava músicas românticas, satisfazendo os boêmios da noite e pessoas que, mesmo em casa, ouviam com prazer seu canto.

Com talento nato para a música, Cocota era frequentador do Bar Pinguim, e com voz e violão abrilhantava as noites da Mossoró de outrora, por ser amante das músicas românticas, sobretudo das canções de Lupicínio Rodrigues como “Nervos de Aço” e “Esses Moços”, famosas na década de 40 e gravadas nos anos 50 por cantores como Emilinha Borba, Ângela Maria e Cauby Peixoto.

Segundo informações de José Messias Lopes, irmão de Cocota, fornecidas ao pesquisador Raimundo Soares de Brito, em 1979, Cocota é definido como “pessoa bastante relacionada nos meios boêmios como afamado seresteiro”. “Ele nunca gravou discos, era funcionário da Petrobras e cantava pelo prazer de cantar”, definiu o pesquisador Raimundo Soares de Brito, que tem preservada em acervo a história do povo desta terra de Santa Luzia.

Um fato marcante ocorrido na história de Cocota foi durante a visita do cantor Vicente Celestino, famoso nos anos 50.

Na ocasião o cantor refugiou-se no Grande Hotel, recusando o assédio dos fãs, mas não resistiu ao canto de Cocota e curvou-se na janela, contemplando a expressão do seresteiro mossoroense.

Em 12 de fevereiro de 1961, Cocota foi assassinado a tesouradas, aos 26 anos de idade, em Mossoró, por motivos até hoje mal definidos.

Como forma de preservar na memória do povo mossoroense a personalidade marcante do seresteiro, familiares de Cocota, unidos a amigos e populares, tiveram a iniciativa de homenageá-lo com a criação da Praça dos Seresteiros, às margens do Rio Mossoró.

O irmão Ozéas Lopes, do Trio Mossoró, homenageou Cocota na composição Praça dos Seresteiros, destacando “Mossoró ainda chora / Com saudade do seu cantador / Quantas noites de seresta, quantas festas ele animou /Sua voz, que beleza! / Era como bem-te-vi / cantava para todos nós / Dava gosto a gente ouvir...” Hoje, 40 anos depois, Cocota está eternizado na memória do povo de Mossoró, como seresteiro de timbre inesquecível, mas a Praça dos Seresteiros ainda deixa muito a desejar.

Até hoje, início do novo milênio, infelizmente não foi edificado estátua de Cocota, como forma de eternizar essa personalidade marcante da década de 50 em Mossoró.

Fica nesta reportagem a indignação pelo descaso à memória de Cocota e à Praça dos Seresteiros.

Publicado pelo jornal O Mossoroense em 2001
http://www2.uol.com.br/omossoroense/2101/cultura.htm

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário