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segunda-feira, 14 de maio de 2018

A RAINHA DO CANGAÇO


Por José Mendes Pereira
Maria Bonita e Lampião. Colorizada pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio. - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/…/fazendo-parte-da-… 

Maria Gomes de Oliveira a Maria Bonita como já é do conhecimento de todos nasceu no dia 8 de março de 1911, no município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Viveu sua infância e adolescência no sítio dos pais. 

 

Primeiro esposo de Maria Bonita José Miguel da Silva o Zé de Neném-https://tokdehistoria.com.br/2017/05/12/19165/


Aos quinze anos casou-se com o sapateiro José de Neném (segundo alguns pesquisadores ela era prima do Zé de Neném), e não estando satisfeita com o matrimônio abandonou o seu cônjuge de uma vez por toda, e decidiu acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei Lampião, para fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde permaneceu até a sua morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota do Angico, no Estado de Sergipe.

O cangaceiro Volta Seca. Antônio Alves de Souza nasceu em Saco Torto -Malhador-SE, 13 de março de 1918 e faleceu, de causas naturais, no dia 02 de fevereiro de 1997, na cidade de Pirapitinga, no Estado de Minas Gerias. - http://www.famososquepartiram.com/2017/02/volta-seca.html

Em 1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses Setembro e Outubro publicou uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca, afirmando ele que, quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas.

O encontro da futura cangaceira com Lampião se deu quando, certo dia o bando havia se hospedado na Malhada da Caiçara-BA, e lá, chegou uma senhora conhecida por Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria (a futura Maria Bonita), e foi de encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. 

D. Maria Joaquina Conceição Oliveira - Dona Déa Mãe de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira. - http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2016/03/a-homenagem-do-grupo-oficio-das.html

Lampião se sentindo orgulhoso disse-lhe que para ela o conhecer não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria Déia, perguntou-lhe:

- E onde ela mora, dona sinhora?

- Ela é casada e mora lá em Santa Brígida.

Lampião interessado para conhecê-la, disse-lhe:

- Ontonce chame a moça. Eu istou aqui cum us meus cabra inté a mâiã , e num cumunique maiz a ninguém da mina presença nessi lugar. Somente cumunique a ela, sua fia...

Dona Maria Déia querendo que a filha o conhecesse já que era um dos desejos dela, mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. E ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram palestrando.

Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranqüilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava.

Disse-lhe ainda que muitas vezes eles passavam dias sem se banharem, e não era justo uma mulher tão linda quanto ela, levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus para viverem a vida até que a morte os separassem. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto, que, certo dia, findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira.

Minhas Inquietações

O que disse Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:

O jornalista do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:

- Ela atirava também?

E ele o respondeu:

- Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito.

Guilherme Alves dos Santos (Balão II) era baiano de Paulo Afonso. Faleceu aos 82 anos, no dia 13 de Junho de 1992 na cidade de Itaquaquecetuba no estado de São Paulo, onde residia com sua família. -http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/…/balao-cabra-do…

A resposta de Volta Seca contraria o que disse o cangaceiro Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade. Veja: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”.

O cangaceiro Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a pistola mauser?

Na minha opinião, eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros, porque quem atira, está sujeito matar alguém. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.

Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa. Exceto um depoimento do pai de Maria Bonita o José Felipe, afirmando que ela era tão má quanto o próprio Lampião.


Veja neste site:


Mas o certo é que, nenhum cangaceiro que conviveu com Maria Bonita, que eu saiba, nunca afirmou que Maria Bonita era isso que o seu pai falou. Ao contrário, diziam que ela era uma pessoa excelente, e até proseava com alguns cangaceiros do seu bando. Todos a respeitavam, mesmo diante de prosas. Quando se referiam a ela, chamavam de dona Maria do Capitão. E quando falavam diretamente com ela, chamavam de dona Maria.

Mesmo eu discordando algumas respostas do cangaceiro Balão na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada. Eu acredito que o cangaceiro Volta Seca enfeitou um pouco as suas respostas ao repórter do jornal "O Pasquim".
Embora não tenha se casado oficialmente com Lampião, mas Maria Bonita é considerada a sua primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.

Fontes de Pesquisas:
Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 - Setembro/Outubro de 1973
Revista Realidade - 1973.

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