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segunda-feira, 7 de maio de 2018

MÃE - SEJA UMA TV A CABO DO BEM!

Por  Ivone Boechat

Foi muito triste, sim, assistir pelos meios de comunicação, em tempo real, episódios como esses que jornais do mundo inteiro estampam, quando um jovens, com sérios transtornos de comportamento entram intempestivamente, escola adentro e matam crianças e professores, em sala de aula. É dolorida essa aula! É uma aula salpicada de sangue, banhada em lágrimas. Ninguém sai aprovado. A humanidade fica reprovada.

Repórteres ficam de plantão perguntando aos alunos sobreviventes, aos professores em estado de choque, aos pais horrorizados, que lições podia se extrair dali. Todos dizem em uníssono: ficamos mais unidos, estamos mais solidários, nossa dor é uma só.

Isso faz lembrar quando o furacão “Wilma” arrasou uma cidade americana e os repórteres faziam perguntas semelhantes. A resposta de uma senhora ficou gravada: “Com o furacão, tive o prazer de conhecer minha vizinha de muitos anos, quando ela me viu aflita e me ofereceu uma xícara de café”.

O brasileiro é solidário sempre, mas a exemplo de muitos povos ao redor do mundo, vem adotando um estilo de vida preocupante, ultimamente. Está se isolando. Será que é preciso um furacão, um terremoto, um tufão, uma chacina para as pessoas se unirem, se conhecerem, se amarem? E oferecerem uma xícara de café ao vizinho desconhecido?

Muitas atitudes contribuem para a educação equivocada. O mau uso dos meios de comunicação tem sido um terror no universo humano. É um dragão que destrói o equilíbrio emocional. A criança chega a algumas escolas ainda bebê, muitos chegam de fraldas e dão de cara com uma escola atropelando os princípios que fundamentais para ajudar a construir as emoções. A escola tem o som, todavia, não respeita o limite da capacidade auditiva humana; o som é altíssimo. A escola tem computadores e os supervaloriza, em detrimento das brincadeiras, das músicas brasileiras, das histórias, das poesias, de dramatizações, do folclore, dos jogos no recreio. Recreio? Cadê o recreio?

O Brasil é uma potência em alguns aspectos, mas tem contrastes sociais de submundo. A educação envergonha essa nação perante os olhos do mundo.

Não se têm recursos para acabar com a violência, porém, pode-se educar para reduzir o gosto por ela. Há canais de tv que estão se transformando em delegacia de polícia, ao vivo, dentro da casa daqueles que veneram a violência. Isto adoece o imaginário e produz transtornos de comportamento. Serve também de universidade do crime. Forma bandidos. Faz escola.

Andrew Oitke, professor da Universidade de Harvard, publicou o livro Mental Obsety, e denuncia que “A nossa sociedade está mais sobrecarregada de preconceitos do que de proteínas”. E afirma que “É hora de refletir sobre os nossos abusos no campo da informação e do conhecimento, que parecem estar dando origem a problemas tão ou mais sérios do que a barriga proeminente. ‘Profissionais da informação’ vendem gordura trans em excesso”.

Oitke demonstra preocupação com essa ‘alimentação intelectual’ tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção. “É possível supor que esses jovens jamais conseguirão viver uma vida saudável e regular. O homem moderno está adiposo no raciocínio, nos gostos e nos sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa, sobretudo, de uma dieta mental”.

Mãe, lute para reduzir a comunicação da desgraça dentro da sua casa. Seja uma tv a cabo do bem e não reproduza desgraça nenhuma, hora nenhuma: na hora das refeições, nas festas da família, nos encontros do shopping... Não superdimensione o crime, a hecatombe, o tsuname, não se transforme numa assombração a serviço da mídia pererê, ensinando que o mundo está no fim. Não pegue um caso isolado e o generalize.

Não fique martelando que as escolas agora não têm segurança, que o mundo está perdido. Não deixe seu filho, seu neto, ninguém aterrorizado, achando que é normal ficar o dia todo dando ibope à violência; mas, sobretudo, eduque para que se aprenda a usar a metainformação, selecionando tudo de lindo e maravilhoso que existe nessa Terra linda.

O mal não vencerá o bem. Então faça a sua parte!
                 
Seja, você, uma tv a cabo do bem.

Enviado pela autora Ivone Boechat

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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