Os estudos
sobre o cangaço estão presentes nas diversas áreas da pesquisa histórica, uma
vez que essa temática foi e continua sendo um ponto de discussão sobre o
qual emergem diversos questionamentos que contribuem para a produção de
pesquisas acadêmicas e profissionais.
Do ponto de
vista da historiografia, muitos estudos referentes ao cangaço já foram
produzidos, o que corrobora a importância de tal assunto para a história
regional e nacional. A maioria dos estudos realizados se debruça sobre o
movimento em questão, bem como o resultado material de suas ações pelos sertões
do nordeste brasileiro. Porém, cabe salientar que a presença o cangaço tem sua
importância reconhecida não apenas devido às proporções que o movimento tomou
ao longo de décadas. Uma das marcas deixadas pelo cangaço foi a forte
influência nas formas de representação cultural.
O movimento do
cangaço tem uma presença
marcante em diversos segmentos da cultura popular do
Nordeste brasileiro. As influências podem ser facilmente percebidas, merecendo
destaque a literatura pela vasta produção sobre o assunto. Mas essas
influências não estão restritas ao campo da literatura, elas também aparecem
com bastante solidez no teatro, na música, nos grupos de bacamarteiros, na
culinária, no artesanato, no cinema, enfim, numa série de manifestações que
retratam o cotidiano popular.
O artesanato
regional é um forte repositório dos elementos figurativos e representativos do
movimento. Em qualquer ponto turístico da Bahia ao Ceará é possível encontrar
diversas lembrancinhas que remetem a figura dos cangaceiros. Outro repositório
são as feiras livres, que vendem a céu aberto vários utensílios típicos da
época e que remonta ao período do banditismo social e a ação dos cangaceiros
nos sertões como os típicos chapéus e sandálias em couro, armas brancas como
facas e facões, lamparinas, esteiras, chapéus de palha, enfim, uma série de
elementos que eram utilizados no dia-a-dia por Lampião e seu bando.
Uma das
maiores formas de representação e difusão do cotidiano do cangaço são as
quadrilhas juninas, desde aquelas que apresentam o casal de cangaceiros Lampião
e Maria Bonita, até as que trazem no nome a referência ao cangaço. Um dos
refrões mais conhecidos do grande público: “Acorda Maria Bonita! Levanta vem
fazer o café, que o dia já vem raiando e a polícia já ta de pé.” é presença
garantida na maioria das quadrilhas juninas, e mostra como era o dia-a-dia de
um grupo de cangaceiros: acordar cedo, preparar algo para comer e logo em
seguida sair em fuga para escapar das forças volantes.
A existência
dos elementos representativos do cangaço na cultura popular como observamos, é
uma realidade que a todo tempo se mostra presente no nosso dia-a-dia. Por
vezes, é comum que esses detalhes passem despercebidos aos nossos olhos, mas basta
observar ao nosso redor e veremos que ainda se mantém viva as tradições e as
memórias de Lampião e seus cabras em na região, e cabe a pesquisa histórica e
principalmente as futuras gerações preservar esse patrimônio tão rico e
memorável que são as tradições, as representações, enfim, a cultura popular,
maior marca da identidade de um povo.
Caio César
Santos Gomes - Graduado em História pela Universidade Tiradentes (UNIT);
Pós-graduando em Ensino de História pela Faculdade São Luís de França (FSLF)
Publicado por:
Caio César Santos Gomes
O texto
publicado foi encaminhado por um usuário do Brasil Escola, através do canal
colaborativo Meu Artigo. Para acessar os textos produzidos pelo site,
acesse: http://www.brasilescola.com.
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