Por Valdir José
Nogueira
Monsenhor
Afonso
Filho do
coronel Antônio Teixeira Pequeno e de dona Maria Antero Pequeno, ambos naturais
de Icó (Ceará), o Monsenhor Afonso nasceu nessa cidade no dia 24/07/1871.
Sacerdote exemplar e culto assumiu a Paróquia de Belmonte no dia 06 de janeiro
de 1903, ficando encarregado também das Paróquias de Vila Bela e
Floresta. Desde o distante ano de 1901, inaugurou-se no Cariri, sul do
Ceará, um período de inquietação política e social, que perdurou por duas
décadas. Naquele mundo de canaviais, os “coronéis” alimentados pela rapadura,
fizeram valer a força das armas, porquanto os mais fortes eleitoralmente nem
sempre tinham como evitar a sanha dos seus adversários (inimigos), quase sempre
mais fortes pelo bacamarte.
Proveniente
daquele mundo de caudilhos, mas precisamente do Crato, quando chegou à Vila
Bela e Belmonte, o Monsenhor Afonso Antero Pequeno, logo pediu as
lideranças políticas locais armas, munição e cangaceiros para ajudar ao
primo “coronel” Antônio Luiz Alves Pequeno na luta pela deposição do “coronel”
José Belém de Figueiredo, que na época ocupava o cargo de vice-presidente
(vice-governador) do Estado do Ceará. O “Coronel” Antônio Pereira,
líder na época da família Pereira, negou-se categoricamente a participar dessa
bravata.
A família
Carvalho concordou com o Monsenhor em tudo e decidiu mandar Antônio
Clementino de Carvalho (Antônio Quelé) com um grande contingente armado,
tendo à frente o próprio sacerdote.Iniciado o tiroteio, em dias do mês de junho
de 1904, só após 55 horas de combate, o “coronel” Belém recuou e fugiu. Vitorioso,
o Monsenhor Afonso volveu à Belmonte e Vila Bela, decidido a hostilizar a
família Pereira. Logo participou da eleição municipal de Vila Bela, elegendo-se
prefeito. Numa visita que lhe fizera, Antônio Quelé assassinou em praça pública
o delegado de polícia Manoel Pereira Maranhão. No júri de Quelé, além do
advogado que contratou, o Monsenhor participou pessoalmente da tribuna de
defesa. O Monsenhor renunciou ao mandato de Prefeito e retirou-se para
Garanhuns. Antes, porém, segundo alguns, o sacerdote conseguiu reacender a
fogueira de ódio entre as famílias Pereira e Carvalho.
As gestões
políticas do Monsenhor Afonso Pequeno em Vila Bela e Belmonte foram com toda
evidência, as grandes responsáveis pelo estado beligerante deflagrado na
ribeira do Pajeú, “a ribeira medonha”. Alguns historiadores afirmam que
tudo degenerou em banditismo, com a formação de grupos de cangaceiros para
defender a própria família e por fim, o de Lampião, que perturbou a vida dos
sertanejos em 07 estados da federação. Outros afiançam que foi o Monsenhor
Afonso o responsável pela fase do obscurantismo no Pajeú no período de 1904 a
1930. O Monsenhor Afonso Antero Pequeno permaneceu na Paróquia de Belmonte
até 12/03/1907, tendo falecido na cidade de Garanhuns no dia 26/03/1918. Para
homenageá-lo, uma das antigas ruas de Belmonte possui o seu nome.
Valdir José
Nogueira, pesquisador e escritor
e vem ai...
http://cariricangaco.blogspot.com/2018/08/o-monsenhor-afonso-pequeno-e-velha-rixa.html
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